Por Equipe CPT Regional Pará
Entre os dias 18 a 20 de outubro, a coordenação regional da CPT Pará esteve presente junto à equipe em Xinguara, na região sudeste do Estado. Na oportunidade, houve reuniões entre a equipe e a coordenação regional, além de uma reunião com a presença do Coletivo Veredas, um grupo formado por advogados populares na região e que vem dialogando com a CPT, para o fortalecimento de parcerias e iniciativas conjuntas que possam atender as populações do campo na região.
Reunião com CPT e coletivo Veredas em Xinguara/PA
O acompanhamento junto à equipe teve também o objetivo de visitar e reunir com famílias nas áreas acompanhadas pela equipe local. Durante os dias, visitamos as comunidades do Projeto de Assentamento (PA) Jane Julia, em Pau D´Arco.
Reunião com famílias no PA Jane Júlia em Pau D’Arco
"Lá foi possível reunir com algumas das famílias para saber como estavam e compartilhar informações acerca do acompanhamento jurídico feito na área, além da visita ao memorial onde se realiza anualmente o Ato em memória das vitimas assassinadas de Pau D´Arco", afirma Francisco Alan Santos, que integra a coordenação regional.
Visita ao memorial das vítimas do massacre de Pau D'arco
No domingo, visitamos a comunidade Dina Teixeira, na oportunidade foram feitas a distribuição de mudas de açaÍ, buriti e outras plantas frutíferas, a serem plantadas em áreas próximas a nascentes garantindo a preservação das mesmas, além de orientações técnicas sobre tratos culturais (poda e adubação) no cultivo de cacau realizados pelas famílias acompanhadas.
Entregas de mudas para as famílias da comunidade Dina Teixeira
“A gente vem aprendendo muito com a CPT. Antes eu não sabia como fazer o serviço com a plantação. Ai a gente vem participando desses encontros e troca de informação. Foi depois desse encontro que eu venho aprendendo mais”, relatava um dos trabalhadores durante a visita feita em sua residência, após encontro de intercâmbio que ele participou.
Orientação técnica junto a trabalhadores na comunidade Dina Teixeira
Entre os dias 22 e 24, CCVC estará em diferentes territórios para realizar atividades junto às comunidades
A Campanha Contra a Violência no Campo vai realizar, nesta semana, uma Missão no Território no estado de Pernambuco. Entre os dias 22 e 24, a CCVC vai estar presente em diferentes comunidades realizando atividades de incidências junto à população.
No dia 22, a Campanha estará no município de Tamandaré (PE) para uma oficina de autoproteção na Comunidade Canoinhas, região Mata Sul. A CCVC lembra a todas e todos que essa é uma região de conflitos agrários. Recentemente, uma agente da CPT foi atacada e ameaçada no local. Já no dia 23, vamos realizar um encontro de articulação da Campanha no Estado, das 08h às 13h, no município de Palmares (PE).
Pernambuco registrou 59 conflitos no campo ao longo de 2023, incluindo disputas por terra, água e batalhas trabalhistas, segundo o caderno de Conflitos no Campo 2023 da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Mais de 18 mil camponeses e camponesas foram impactados pelos conflitos em 2023, conforme o documento.
Dos 5.568 municípios brasileiros, a CPT registrou violência contra pessoa em conflito no campo em 492 deles nos últimos 10 anos. A região nordeste é a que mais apresenta ocorrências de conflito, com um total de 1.146.
No Brasil, ao todo, foram notificados 973 conflitos no campo em 2023, representando aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2022, quando ocorreram 900 conflitos. Em 2020, ocorreram 1.007 conflitos. Nos últimos dez anos, 2015 teve o primeiro semestre com o menor número de conflitos: 551.
Lideranças ameaçadas
Um dos casos mais emblemáticos de violência no campo, em Pernambuco, neste ano foi contra a agente pastoral Edina Maria da Silva, da CPT. No dia 18 de setembro, ela foi espancada e ameaçada de morte no interior do estado. Edina voltava da faculdade, no município de Palmares (PE), para a comunidade de Canoinha, em Tamandaré, na Mata Sul do estado, região marcada por muitos conflitos de terra e violência.
Ao descer do ônibus escolar, ela e dois outros jovens estudantes foram abordados por um homem armado e encapuzado. Após roubar os celulares das vítimas, o criminoso dispensou os dois jovens e sequestrou Edina. O homem, com uma pistola em mãos, conduziu a agente pastoral por quilômetros de distância da comunidade, onde começou a espancá-la e praticar uma série de violências.
Edina foi informada de que seria morta, momento em que entrou em luta corporal com o agressor para salvar a própria vida. Após muito esforço, ela conseguiu se soltar e escapar do local ao pular uma cerca de arame farpado. Depois de caminhar por cerca de 10 km, chegou à comunidade mais próxima, onde foi socorrida. Durante as agressões, o criminoso repetiu várias vezes: "Quem me pagou mandou lhe matar".
Na ocasião, a CPT acionou a polícia, o Ministério Público, a Comissão de Conflitos do Governo Estadual, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e os demais órgãos de proteção a defensores de direitos humanos.
Por Cláudia Pereira | Articulação das Pastorais do Campo
Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Comunidades acamparam nesta segunda (21) na Sede do INCRA no MA. Foto: Rony Codó
O Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM) intensifica a pressão sobre o INCRA para agilizar a regularização fundiária de mais de 400 comunidades. Em manifestação realizada nesta segunda-feira (21), quilombolas e camponeses que estão acampados na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA – MA), cobraram a conclusão dos processos que tramitam há anos no órgão federal.
"Depois de muita pressão, o superintendente regional do Incra aceitou ouvir os/as quilombolas e camponesas que ali estavam, e diante da fala dele, de que não tem autonomia sobre determinadas demandas das comunidades, as comunidades pressionaram para que houvesse a presença de representantes de Brasília para atender estas demandas", afirma Márcia Palhano, da coordenação da CPT Regional Maranhão.
Ficou, então, agendada uma reunião para amanhã (quarta-feira) às 14 horas, com a presença da diretora do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Dra. Cláudia Dadico, a coordenadora nacional do setor quilombola e outros departamentos (nacional e regionais) que lidam com estas demandas. Enquanto isto, os/as representantes das comunidades quilombolas e tradicionais seguirão acampados no Incra, aguardando os encaminhamentos desta reunião.
A morosidade na regularização fundiária tem gerado conflitos no campo, onde o avanço do agronegócio e a especulação imobiliária pressionam as comunidades tradicionais. Desde 2014, apenas três processos de titulação foram concluídos, enquanto mais de mil comunidades aguardam seus direitos. A violência contra os povos tradicionais tem se intensificado nos últimos meses, com comunidades sofrendo ameaças e despejos.
Embora o governo federal assegurou direitos para algumas comunidades tradicionais quilombolas, no estado do Maranhão, no mês de setembro, outras enfrentavam ordem de despejo em seus territórios no mesmo período. Em nota, o MOQUIBOM denuncia a ineficiência do INCRA e exige celeridade nos processos.
“Embora haja 424 processos administrativos de titulação quilombola tramitando no INCRA MA, até outubro de 2024 apenas três quilombos foram titulados pela União no Estado, o que corresponde a 0,2% da demanda atual. Assim, após 21 anos desde a edição do decreto federal 4.887/2003 há uma média de 01 quilombo titulado no MA a cada sete anos”, expõe a nota que denuncia o Estado como corresponsável pela violência contra os povos quilombolas.
ACESSE AQUI a Nota Denúncia, que conta com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Maranhão.
MOVIMENTO QUILOMBOLA DO MARANHÃO DENUNCIA O ESTADO BRASILEIRO COMO CORRESPONSÁVEL PELA VIOLÊNCIA CONTRA QUILOMBOLAS
Nós, comunidades quilombolas do Maranhão articuladas no MOQUIBOM e as comunidades tradicionais Campestre (Timbiras-MA) e Vila Bela (Igarapé do Meio-MA) chegamos à sede do INCRA Maranhão na manhã dessa segunda (21/10/2024) reivindicando a conclusão dos processos administrativos em tramitação na autarquia.
O atendimento pelo Superintendente do INCRA, o ex-deputado federal José Carlos Nunes Jr (Zé Carlos da Caixa - PT) foi condicionado à formação de uma comissão com oito pessoas para reunião no gabinete do superintendente, o que não foi aceito por nós, em plenária realizada no auditório do INCRA ainda durante a manhã.
As comunidades quilombolas visitadas pela Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo no primeiro semestre de 2024 denunciaram que o INCRA está tentando nos estimular a abandonarmos a reivindicação por titulação territorial quilombola e optarmos pela reivindicação de assentamentos com lotes individuais que podem em poucos anos voltar ao mercado de terras, o que destruirá nossa existência e a continuidade das futuras gerações.
Embora haja 424 processos administrativos de titulação quilombola tramitando no INCRA MA, até outubro de 2024 apenas três quilombos foram titulados pela União no Estado, o que corresponde a 0,2% da demanda atual. Assim, após 21 anos desde a edição do decreto federal 4.887/2003 há uma média de 01 quilombo titulado no MA a cada sete anos.
O Maranhão é o estado em que mais se assassina quilombolas no Brasil. De 2005 a 2024, os dados da Comissão Pastoral da Terra demonstram que 50 quilombolas foram assassinados no país em razão de conflitos socioambientais e territoriais. Desses, 20 de nós foram assassinados no Maranhão e 16 na Bahia, sendo que 10 quilombolas foram mortos de 2020 a 2023 no Maranhão.
Apesar de o MA ter 20% da população quilombola brasileira e a Bahia 30% (IBGE, 2022), no MA foram mortos 40% e na BA 32% dos 50 quilombolas assassinados nos últimos 19 anos. Não existe proporcionalidade dos assassinatos de quilombolas no MA com a população quilombola maranhense. Mas o MA (com 424 processos) tem demanda quilombola no INCRA superior à da Bahia (371 processos). Se há relação de proporcionalidade, ela se dá na luta por titulação. Reivindicar o direito constitucional aos territórios significa colocar nossas vidas em risco.
Numa relação matemática, a cada sete quilombolas maranhenses assassinados, o Estado brasileiro titula um território quilombola no Maranhão.
O INCRA concluiu 28 RTIDs no Maranhão até 2024. Em 2022, a autarquia apresentou uma planilha de conclusão de outros 27 RTIDs de quilombos maranhenses com decisões judiciais em ações civis públicas na Justiça Federal. No planejamento, o INCRA distribuiu dois RTIDs por ano, entre 2023 e 2034 e três RTIDs em 2035. A essa taxa média de dois RTIDs por ano, serão necessários 197 anos para conclusão da fase administrativa da titulação quilombola.
Mas se levarmos em consideração a data da promulgação da Constituição de 1988, em 36 anos o INCRA/União titulou um quilombo a cada 12 anos no Estado. A essa média, o Maranhão terá concluída a titulação da demanda atual de 421 quilombos sem titulação no ano de 7076.
Os dados demonstram que a política pública de proteção territorial quilombola instituída pela Constituição (art. 68 do ADCT) não existe na prática, o que é expressão de um racismo institucional do Estado brasileiro que considera descartáveis nossos corpos/territórios.
Não é simples coincidência o Maranhão possuir a maior taxa de demanda de titulação de quilombos no país e o maior número de quilombolas assassinados. Nossos corpos são violentados porque nossos territórios tradicionais não são protegidos.
Parem de nos matar! Titulem nossos territórios!
São Luís-MA, 21 de outubro de 2024.
MOQUIBOM
Apoio: CPT MA
Da organização do evento, com contribuição da CPT Rondônia
A 12ª Romaria da Terra, das Águas e Florestas está em sua fase final de preparação, pretendendo reunir no próximo domingo (20) aproximadamente 2.500 pessoas, de diversas regiões de Rondônia. Será um momento que une a espiritualidade com a ecologia, trazendo os clamores dos povos e da Mãe Natureza, refletindo a conexão profunda entre a natureza e a fé. Durante o momento da romaria, será feito momento de caminhada retomando a caminhada do povo Deus que no deserto andava em busca da Terra Prometida.
“E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceram sobre vós as vossas vestes,
e nem se envelheceu o vosso sapato no vosso pé.” Deuteronômio 29:5
Edilaine, da Comunidade Forte Principe da Beira: “A Romaria da Terra das águas e das Florestas é um momento de grande importância espiritual e comunitária. Espera-se que essa celebração reforce a fé dos participantes, promovendo um sentimento de união e renovação entre as comunidades. A expectativa é que a romaria sirva como um espaço para reflexão, gratidão e pedidos de proteção e bênçãos. As comunidades muitas vezes veem essa ocasião como uma oportunidade para fortalecer laços, partilhar tradições e expressar a devoção.
Além disso, muitos esperam que a romaria nos inspire ações de solidariedade e amor ao próximo, refletindo os valores do Evangelho. Essa experiência coletiva pode trazer não apenas uma revitalização da fé, mas também um fortalecimento das relações interpessoais, contribuindo para um sentido de pertença e identidade comunitária.
A Romaria da Terra, das águas e das Florestas, portanto, é vista como um tempo sagrado que transcende o individual, unindo as comunidades em torno de um propósito comum de espiritualidade e solidariedade.” – .
Senhora Geza: “Eu sou do Quilombo de Santa Fé, pela primeira vez vou participar de uma Romaria da Terra, mas eu, pra mim, eu me sinto muito honrada de participar dessa Romaria e da Romaria das Águas, que pela primeira vez também vou participar. Isso pra mim é muito importante, porque a água é vida pra nós, nós temos que cuidar da água, da natureza, porque tudo é vida, é dela que tiramos nosso sustento, temos que cuidar da nossa terra, cuidar dos nossos territórios, do nosso território. Porque isso é muito importante para nós e sempre temos que lutar por nossos direitos e a preservação da natureza de água.”
Senhora Mafalda – Matriarca da Com. Quilombola de Santa Fé: “Sou da comunidade quilombola de Santa Fé, e para mim é uma grande alegria pela primeira vez participar do encontro da pastoral da terra e das águas. Estou com meu coração transbordando de uma grande alegria por esse encontro de pessoas, de irmãos, que vamos estar juntos. E ao mesmo tempo, juntos podemos fazer a reflexão de quanto é importante esse momento, quando fala da terra, porque a terra é uma coisa que é muito importante na nossa vida, é da terra que nós tiramos para sobreviver, e por isso nós temos que valorizar muito. Temos que cuidar da natureza também da água, a pastoral das águas. A água para mim significa uma coisa muito importante, porque a água é vida, a água é vida para nós, e por isso eu acredito que temos que fazer esse momento para que todos compreendam, juntos, todos fazendo essa reflexão sobre a água, que é vida para todos, seres humanos.”
E assim seguimos na expectativa de fazer deste momento da 12ª Romaria da Terra das águas e das florestas de Rondônia, um momento de fortalecimento da luta dos povos, sob o tema "Ouvir e comprometer-se com as dores e lutas dos povos e da mãe Natureza" e o lema "Deus viu a aflição, ouviu o clamor e desceu para libertar o povo de seus sofrimentos" (Cf. Ex. 3, 7 -8). O encontro busca refletir a Mensagem do Papa Francisco sobre os cuidados com a casa Comum. Caravanas de diversas Regiões se dirigem à Basílica Menor do Divino Espírito Santo, Diocese de Guajará Mirim em Costa Marques - RO, onde a comunidade anfitriã acolherá os romeiros, enfatizando a espiritualidade e o compromisso com as causas.
A concentração acontecerá às 8h na Praça às Margens do Rio Guaporé, onde haverá o acolhimento e preparação espiritual dos participantes. Esse momento será marcado por reflexões à beira do Rio Guaporé, conectando os romeiros com a natureza e destacando a importância da preservação ambiental para a vida.
A Romaria começará oficialmente às 9h, com um momento celebrativo seguido de uma caminhada. Os participantes sairão das margens do Rio Guaporé, em Costa Marques, em direção à Basílica Menor do Divino Espírito Santo, percorrendo aproximadamente 2 km.
Durante a caminhada, haverá paradas em locais simbólicos, trazendo os clamores dos povos:
Chegando no salão paroquial, haverá momento de partilha do almoço, exposição dos produtos artesanal da biodiversidade amazônica, produzidos pelas comunidades tradicionais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas romeiros presentes no encontro, buscando dar visibilidade e valorização da produção local.
E para fechar este momento tão especial, será realizada a Celebração da Santa Missa, com a presença de nossos Pastores, Dom Benedito e Dom Norberto, além de padres, religiosas, diáconos e líderes da Região Noroeste da CNBB. Esta celebração não apenas reforçará a espiritualidade do evento, mas também servirá como um momento de união e reflexão sobre o papel da comunidade na proteção da terra e na luta por justiça social. Seremos todos convidados a renovar nosso compromisso com a Mãe Natureza e com as causas que tocam o coração dos povos que habitam esta região, fortalecendo laços de solidariedade e fé.
Cada romeiro e romeira deve levar:
Cada comunidade também deve levar:
Baixe aqui este Roteiro da Romaria.
Com informações do portal Belém Trânsito Amazônia, Alma Preta Jornalismo e Revista Cenarium
Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Comunidades tradicionais protestam em frente à Semas, em Belém, contra Hydro e Governo do Pará (Fabyo Cruz/CENARIUM)
Nesta última quarta-feira (16), uma decisão do Tribunal de Justiça do Pará derrubou a liminar anteriormente concedida à Mineração Paragominas S.A, do grupo multinacional Norsk Hydro, que vinha promovendo a obra de um mineroduto entre as cidades de Barcarena e Paragominas, na região do Alto Acará, no Pará.
Comunidades da Associação de Moradores e Agricultores Remanescentes Quilombolas do Alto Acará (Amarqualta), com o auxílio da Defensoria Pública do Pará, conseguiram reverter a decisão, além de transferir o caso da Vara do Acará para a Vara de Castanhal, após denunciar violações a direitos humanos e prejuízos à qualidade de vida das famílias, entre outros problemas.
Na região, vivem quilombolas e agricultores da Associação Amarqualta, que já vinham denunciando a violação de direitos humanos por parte do empreendimento, com licenças ambientais irregulares, poluindo recursos hídricos naturais que são fundamentais para a subsistência das famílias, bem como é feito sem ouvir os povos e comunidades tradicionais.
A decisão menciona que o pedido inicial feito pela Mineração Paragominas S.A à Vara do Acará seria para obter autorização para entrar no território das comunidades tradicionais para realizar manutenção periódica nas instalações, e que a Amarqualta estaria “criando empecilhos para isso”.
Por sua parte, com o auxílio da Defensoria Pública do Pará, a Amarqualta se manifestou à Justiça afirmando que a autorização anteriormente concedida à Mineração Paragominas era incompetente de forma absoluta, uma vez que a empresa teria omitido que a área que pretendia realizar a “manutenção periódica das instalações do mineroduto”, trata-se de um território quilombola titulado.
Conforme a sentença, “o território quilombola compreende uma área de 22.493,8503 hectares, dos quais 12.409,4000 hectares foram titulados pelo Estado do Pará e a outra parcela é parte do processo administrativo nº 54100.002024/2013-27, do ano de 2013, que tramita no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Portanto, a área em questão, na verdade, trata-se de área de propriedade coletiva quilombola, por isso a competência é da Vara Agraria”, afirma a decisão da desembargadora. A obra de ampliação vem sendo realizada pela empresa sem estudo prévio dos impactos na comunidade.
A Mineração Paragominas realiza obras de manutenção do mineroduto, tubo subterrâneo usado para o transporte de bauxita, matéria-prima do alumínio, em uma extensão de 246 km, entre os municípios de Paragominas e Barcarena, no Pará. Em Barcarena, o minério é refinado pela empresa Alunorte. O mineroduto e a linha de transmissão percorrem os municípios de Paragominas, Ipixuna do Pará, Tomé-Açu, Acará, Moju, Abaetetuba e Barcarena, impactando cerca de 26 comunidades indígenas e quilombolas.
Imagem: Hydro Paragominas/ reprodução Hydro
“No caminho por onde passa o mineroduto, a empresa vai fazendo escavação, desmatamento e invasão dos territórios para enterrar os dutos. Tudo isso foi feito sem respeitar o protocolo de consulta às comunidades. Nós tentamos resistir, mas a Hydro sempre consegue uma decisão na justiça e passam por cima da gente com a força policial”, denuncia a liderança quilombola Josias Dias, presidente da Amarqualta.
16 de setembro: Seis associações indígenas e quilombolas que compõem o Movimento Indígena, Ribeirinho e Quilombola do Vale do Acará (IRQ), divulgaram um manifesto apontando que mais de 600 famílias estão sendo diretamente afetadas pela expansão da rede de minerodutos da empresa, que devasta rios e florestas em uma extensão de 300 quilômetros. A carta denuncia que, além de desmatar e poluir, a empresa viola direitos constitucionais dos povos tradicionais e descumpre prazos para consultas e estudos de impacto ambiental.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT – Regional Pará) e outras organizações que atuam na Amazônia, como o Comitê Chico Mendes, Instituto Zé Cláudio e Maria (IZM), Associação Indígena Pariri, Coletivo Varadouro e Conselho Munduruku do Planalto, também apoiaram o documento, que pode ser baixado neste link.
17 de setembro: Durante mais de uma semana, uma mobilização de cerca de 100 indígenas das etnias Turiwara e Tembé impediu as forças policiais de imporem obras da multinacional norueguesa Norsk Hydro em seus territórios. O bloqueio foi de um trecho da estrada de acesso à empresa, impedindo a passagem de funcionários. Nos dias 17 e 19, viaturas do Batalhão de Choque e do Batalhão de Rondas Ostensivas Motorizadas (Rotam) da Polícia Militar do Estado do Pará (PMPA) tentaram furar o bloqueio dos indígenas.
24 de setembro: Cerca de 450 famílias indígenas, quilombolas e ribeirinhas do Vale do Acará ocuparam a sede da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), em Belém, como forma de protesto contra a multinacional norueguesa Norsk Hydro e o governo do Estado. Os grupos denunciaram irregularidades no licenciamento ambiental concedido pelo governo, que, segundo eles, permite que a mineradora realize obras que impactam diretamente seus territórios sem a devida consulta e estudos de impacto socioambiental.
Cacica Mirian Tembé (Fabyo Cruz/CENARIUM)
As comunidades afetadas afirmam que o mineroduto da Hydro passa por mais de 30 quilômetros de suas terras, com obras de manutenção que incluem a substituição de tubulações e a instalação de novas infraestruturas. A líder indígena cacica Mirian Tembé destacou o que ela diz ser um descaso da empresa e do governo estadual com os direitos dos povos tradicionais.
“A nossa principal reivindicação é que nossos direitos sejam respeitados. A mineradora entrou no nosso território sem consulta prévia e está destruindo nossas terras. Estamos aqui exigindo que essas licenças irregulares sejam revistas e que o governo nos dê uma resposta”, afirmou Mirian.
Eliete Santos, representante das mulheres quilombolas (Fabyo Cruz/CENARIUM)
Além das comunidades indígenas Tembé e Turiwara, quilombolas da Amarqualta e ribeirinhos também participam da ocupação. Eliete Santos, representante das mulheres quilombolas, também expressou indignação com a situação, afirmando que, além de enfrentar o impacto ambiental, as comunidades sofrem com a ausência de serviços essenciais, como transporte escolar para seus filhos.
“Estamos pedindo nossos direitos. Viemos para conversar com a Semas, mas fomos vetados na entrada. Eles estão liberando licenças para a mineradora sem consultar as comunidades, e isso está adoecendo nosso povo. Não vamos sair daqui até termos uma resposta”, afirmou.
As iniciativas do regional do Mato Grosso buscam fortalecer os povos do campo na luta pela Reforma Agrária
Por: José Carlos Correia Paz 'Frei Zeca', Gloria María Grández Muñoz e Luana Bianchin (CPT-MT)
Edição: Comunicação CPT Nacional
Com o objetivo de fortalecer os 27 grupos acampados e pré-assentados e as comunidades camponesas, a CPT/MT realizou, no mês de setembro, três importantes atividades: a 7ª Romaria do Cerrado, o 5º Intercâmbio Estadual de Mulheres Camponesas e a 10ª Festa da Troca de Sementes Crioulas.
As experiências realizadas no último mês garantem o fortalecimento dos territórios, promovem a troca de saberes e, diante deste processo formativo, contribuem para o reconhecimento e avanço da organização coletiva. Além de criarem um ambiente de interação e de comprometimento entre as comunidades, as atividades ressaltam também a importância da tomada de consciência dos camponeses e camponesas no compromisso de cuidado com os biomas Cerrado e Pantanal, por meio da valorização do seu próprio modo de vida, cultura e tradição, do resgate das sementes crioulas e do protagonismo das mulheres no campo.
7ª ROMARIA DO CERRADO E DO PANTANAL
Foto: 7ª Romaria do Cerrado e do Pantanal. Crédito: CPT-MT
O despertar da CPT/MT para o cuidado com o Cerrado teve início na região sul a partir de 2011, com a Campanha da Fraternidade, que tinha como tema “Fraternidade e a vida no planeta” e o lema “A criação geme como em dores de parto”. As comunidades acompanhadas pela CPT que vivenciam a realidade da escassez de água e a seca dos rios começaram um trabalho de diagnóstico de nascentes para recuperação na região.
Atualmente, por meio de mutirões, projetos, o apoio da prefeitura do município de Rondonópolis e iniciativas privadas, já são mais de 150 nascentes protegidas na região, contribuindo para alimentar os cursos d’água que correm por toda a região do Cerrado e alimentam o Pantanal, como mostra o mapa abaixo.
Mapa: Cerrado e Pantanal Interligados pelas Águas. Crédito: Lucas Ngulube
Somado a essas ações, em 2011 aconteceram várias reuniões da grande região Centro-Oeste da CPT (MS, MT e GO), que fomentaram ações sobre a proteção do bioma Cerrado e deram início à Articulação das CPTs do Cerrado, responsável por diversas ações em todos os estados que compõem o bioma, em busca da valorização e proteção do berço das águas.
No Mato Grosso, as atividades começaram na cidade de Rondonópolis e, a partir de 2014, as articulações cresceram e impulsionaram a 1ª Romaria do Cerrado, com reflexões em defesa do bioma, das águas e o plantio de árvores. A partir disso, as romarias entraram no calendário anual das comunidades da região sul, onde já se realizava o trabalho de proteção e recuperação de nascentes.
Em 2023, a 6ª Romaria do Cerrado ocorreu na cidade de Nossa Senhora do Livramento/MT, organizada pela CPT/MT — em parceria com as comunidades rurais, lideranças da Paróquia N. Sra. do Livramento, FASE, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de N. Sra. do Livramento e a Articulação das CPTs do Cerrado. Para fortalecer a temática na região da baixada cuiabana, o tema escolhido foi “Nossa Senhora do Livramento em Romaria na Defesa do Cerrado e Pantanal” e o lema “Cerrado, berço das águas”.
Neste ano de 2024, a 7ª Romaria do Cerrado e do Pantanal aconteceu no dia 22 de setembro em Poconé (MT), com objetivo de alertar que “Sem Cerrado, não há Pantanal”, ou seja, que os biomas estão interligados e, por isso, é importante o olhar coletivo para o cuidado com as águas. A Romaria foi organizada pela CPT/MT — em parceria com as lideranças da Paróquia N. Sra. do Rosário, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e comunidades de Poconé.
Com o tema “Cerrado e Pantanal precisam de água, não de fogo!” e o lema “Em procissão as comunidades rezam pela chuva”, o regional mato-grossense propôs reflexões sobre como o Cerrado e o Pantanal ainda são a casa de povos e comunidades tradicionais, que sofrem com a realidade devastadora do desmatamento, das queimadas e incêndios criminosos, garimpos e demais agressões à Mãe Terra, o que compromete a biodiversidade e afeta diretamente a humanidade. Para Baltazar Ferreira, agente voluntário da CPT-MT na Região Sul presente na Romaria, “é urgente a necessidade de proteger as águas do Cerrado e a valorização de toda a sociobiodiversidade que conectam os dois biomas, pois a preservação do Cerrado é fundamental para a saúde e o equilíbrio do Pantanal.
O evento contou com momentos de grande espiritualidade e união, além da celebração da fé e o fortalecimento dos laços comunitários. Houve também as tradicionais rezas cantadas, pedidos de graça da chuva e reflexões acerca da consciência de cuidado com a Casa Comum. Por fim, o encerramento da Romaria contou com apresentações culturais da dança do Siriri, realizada por jovens das comunidades de Poconé.
V INTERCÂMBIO ESTADUAL DE MULHERES CAMPONESAS
Foto: V Intercâmbio Estadual de Mulheres Camponesas. Crédito: CPT-MT
Na caminhada da CPT-MT, a presença das mulheres camponesas sempre foi determinante para a prevalência à frente dos processos de luta, organização política e produtiva. A realização destes Intercâmbios anima e desafia a dar resposta concreta diante de situações diversas que colocam as mulheres em condições de ameaça à existência e organização. Foi de encontro em encontro de mulheres, nas regiões acompanhadas pela CPT-MT, que cresceu a urgência e vontade de se ampliar um evento de maior alcance, a cada dois anos, para o intercâmbio e a celebração de conquistas, a projeção de estratégias conjuntas que contribuem para a superação dos desafios impostos pelas realidades de vulnerabilidade econômica e social e o enfrentamento de violências.
Em 2012, surge a proposta do Intercâmbio de Mulheres da CPT/MT, incentivada pela irmã Vera Maria Lobo, que — juntamente com outras integrantes da Comissão — aceitou o convite-desafio das Camponesas para essa experiência. Vera Maria fez sua Páscoa definitiva em 03 de maio de 2023 e deixou um legado de amor e ternura pela vida, bem como o trabalho cotidiano para o fortalecimento do protagonismo feminino na caminhada para a emancipação.
O I Intercâmbio Estadual de Mulheres da CPT-MT aconteceu em 2013, no município de Várzea Grande; já a segunda edição do evento, na cidade de Porto Alegre do Norte, no ano de 2015. O terceiro encontro reuniu as mulheres em Nova Canaã do Norte e a penúltima edição ocorreu no município de Juscimeira, com o tema “Mulheres Sementes de Fé, Luta e Resistência” e o lema: “Organizadas abrimos Novos Caminhos”. Cada Intercâmbio trouxe momentos de reflexão, celebração, comercialização dos produtos elaborados pelas trabalhadoras rurais, por meio de Feiras de Economia Solidária e, ainda, foram redigidas Cartas abertas à sociedade, para levar a reflexão, denúncias, anúncios e compromissos das camponesas com a construção do bem viver.
Após um período de 5 anos sem possibilidades de realização do Intercâmbio Estadual de Mulheres Camponesas, devido à pandemia de Covid-19 e suas consequências, o regional mato-grossense organizou outro momento de escuta das diversas vozes e experiências de luta, resistência e esperanças, além das dificuldades e sofrimentos vivenciados pelas mulheres do campo, de modo a construir uma nova sociedade.
O V Intercâmbio aconteceu nos dias 26 e 27 de setembro de 2024, no município de Várzea Grande, com objetivo de ser um espaço de partilha, aprendizado e fortalecimento das lutas. A quinta edição também contou com momentos de estudo das mulheres da Bíblia e as contribuições das Irmã Mara Buttini e as Irmãs da Divina Providência, que — por meio do relato de suas histórias — inspiraram as jornadas das demais irmãs.
Além disso, houve a exibição do filme-documentário “Chumbo” (2022), com direção de Severino Neto, que conta a história da comunidade Quilombola do Chumbo, localizada no município de Poconé, a cerca de 120 quilômetros da capital Cuiabá (MT). Mais que contar uma história sobre a mão de obra escravizada, o filme também traz à tona assuntos como preconceito racial, ausência de oportunidades de trabalho e exploração sexual infanto-juvenil. Após a exibição do filme, houve um espaço para debate com a participação de Maria Conceição e Jusiane, mulheres da Comunidade Quilombola do Chumbo e que fazem parte do grupo de mulheres entrevistadas no documentário.
Outro momento importante da programação foi o espaço dedicado à saúde da mulher, voltado ao aspecto da saúde mental, com assessoria da psicóloga Camiéle Benedita, que buscou trazer um olhar para as comunidades e as realidades vivenciadas pelas camponesas. A psicóloga comenta: “parte dessa realidade é de muita violência, conflitos e condições de vulnerabilidade, o que impossibilita as mulheres de praticarem o autocuidado. O espaço foi importante para refletir a necessidade e urgência de políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres, como a concretização dos assentamentos de reforma agrária e incentivo à produção e geração de renda, e assim, as mulheres camponesas podem, minimamente, pensar e se dedicar ao bem-estar do corpo, da mente e do espírito”.
Por fim, houve o espaço para refletir os próximos passos a partir das realidades presentes, com encaminhamentos e planejamento de ações que contribuam para a organização das mulheres nas comunidades e fortaleçam os grupos já existentes. Como parte do encontro, as camponesas participaram da X Festa da Troca de Sementes Crioulas e puderam ressaltar a importância do papel das mulheres no trabalho de resgatar e cuidar das sementes crioulas para a continuidade da produção de alimentos saudáveis e a manutenção da cultura e dos modos de vida.
X FESTA DA TROCA DE SEMENTES CRIOULAS
Foto: X Festa da Troca de Sementes Crioulas. Crédito: CPT-MT
A Festa da Troca de Sementes Crioulas tem uma longa história na Baixada Cuiabana, em Mato Grosso. A 1ª Festa das Sementes ocorreu em setembro de 2003, na comunidade de Barra do Buriti, município de Jangada, e desencadeou um processo dinâmico de resgatar e cuidar da própria semente tradicional e crioula, e a partir disso, acontece, anualmente, a Festa da Semente nos municípios de Jangada, Nossa Senhora do Livramento e Acorizal, com a participação dos camponeses e camponesas da região da Baixada Cuiabana, além de representantes das demais regiões do estado, o que garantiu uma grande diversidade de sementes e mudas e troca de experiências.
Em encerramento das atividades do último mês, no dia 28 de setembro de 2024, foi realizada a X Festa da Troca de Sementes Crioulas, na Comunidade Buriti Grande, em Nossa Senhora do Livramento (MT), com o tema "Semente, memória e resistência popular" e o lema "Viola na mão, semente no chão em defesa da nossa tradição!".
A festa foi realizada pela CPT-MT e as comunidades Buriti Grande, Buriti do Atalho, São Manoel do Pari, Brumado, Cachoeirinha, Chico Leite e Paratudal, além do apoio do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de N. S. Livramento, a União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) do Mato Grosso (MT), o Projeto Maria Terra (IFMT/CONAB), Coopernossasenhora, o Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (NEAST/UFMT), FASE, a Articulação das CPTs do Cerrado e o Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (GIAS).
A programação contou com apresentações culturais de siriri e cururu, reza cantada da chuva, e debates em plenária com as seguintes temáticas: “Agroecologia para a vida”, com a contribuição de Márcia Montanari do NEAST/UFMT e Cidinha Moura da FASE/MT; “Cerrado: plantar água e colher vida” com a contribuição de Miguelina Campos e Palmiro Campos, camponeses da Comunidade São Manoel do Pari, e de Fabiana de Barros, da Cooperativa de Agricultores e Agricultoras Familiares de Nossa Senhora do Livramento (Coopernossasenhora); a reflexão sobre “Saberes tradicionais – plantas medicinais”, facilitada por Maria do Carmo, da Comunidade Buriti do Atalho, Maria Lina, da Comunidade São Manoel do Pari, e dona Zilda, da Comunidade Buriti Grande; e, por fim, a temática “Juventude e sucessão rural”, com o grupo Muxirum Jovem, que compartilhou experiências desenvolvidas nos assentamentos e comunidades da região sudoeste do estado, no município de Cáceres.
Além disso, foi realizado o lançamento do documentário “Sementes: início da vida”, disponível em: Sementes: início da vida (youtube.com). A produção audiovisual é uma realização da CPT e da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, com filmagens e edição de Thomas Bauer e roteiro de Aline Mialho, Elvis Marques e Thomas Bauer. Como descreve a sinopse, essa produção audiovisual tem por objetivo rememorar o início e a trajetória das Festas de Trocas de Sementes, a partir do relato de camponeses e camponesas, agentes da Pastoral da Terra e de organizações parceiras, assim como retratar a importância do saber popular na conservação das sementes tradicionais, cultivadas ancestralmente.
Ao todo, foram registradas 117 variedades de sementes e mudas, representando mais de 21 comunidades e abrangendo 7 municípios, sendo estes: N. Sra. do Livramento, Poconé, Várzea Grande, Cáceres, Colniza, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia.
PRESENÇA SOLIDÁRIA
Os momentos de encontros e reencontros são essenciais para o fortalecimento das comunidades, assentamentos e acampamentos que a CPT-MT acompanha, e é também, por meio dessas ações, que a pastoral reforça seu compromisso e missão com a justiça, a dignidade humana e preservação da vida.
As romarias revelam a força da caminhada do povo, que se reúne para fortalecer e celebrar a luta pelo Cerrado e Pantanal, em defesa da terra, dos territórios e da vida. Nesse sentido, os romeiros e romeiras também trouxeram os gritos de denúncia contra o agronegócio e a mineração — responsáveis pela violência que atinge as comunidades camponesas em Mato Grosso. As comunidades ainda denunciaram as consequências das mudanças climáticas que são cada vez mais próximas e que atingem os grupos humanos mais vulneráveis.
Os intercâmbios de mulheres buscaram refletir sobre a vida e realidade das camponesas, iluminada à luz do evangelho, a fim de fortalecer a luta e a resistência feminina. Também foram celebradas as caminhadas comunitárias e a valorização das formas de organização que abrem novos caminhos, possibilitam o cuidado da vida, as melhorias na geração de renda e a resistência aos ataques do sistema patriarcal.
Já a celebração da troca de sementes crioulas permitiu preservar a diversidade genética das plantas e suas variedades locais e tradicionais, o que contribui para a segurança e soberania alimentar das comunidades e evidencia a resiliência de camponeses e camponesas, além de valorizar a cultura local e fortalecer os conhecimentos das comunidades tradicionais associados às práticas agroecológicas.
O regional do Mato Grosso segue na busca de estratégias que fomentam o fortalecimento dos camponeses na luta pela reforma agrária, a resistência e permanência nos territórios, a organização coletiva e a potencialização do protagonismo feminino no campo.
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Massacres no campo
#TelesPiresResiste | O capital francês está diretamente ligado ao desrespeito ao meio ambiente e à vida dos povos na Amazônia. A Bacia do Rio Teles Pires agoniza por conta da construção e do funcionamento de uma série de Hidrelétricas que passam por cima de leis ambientais brasileiras e dos direitos e da dignidade das comunidades locais.