Comunidade São Francisco da Volta Grande - Foto: Redes Sociais
Do portal Tapajós de Fato
Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Na manhã da última quarta-feira (12 de junho), alunos e funcionários da Escola Municipal Vitalina Mota, localizada na comunidade São Francisco da Volta Grande, km 37 da BR 163, município de Belterra, Oeste do Pará, viveram mais uma vez momentos de agonia com irritações, coceiras nos corpos e dor nos olhos que podem ter sido ocasionadas pelo borrifamento de veneno nos campos de plantações de soja da região.
Servidores da escola, alunas e alunos precisaram ser levados à Unidade Básica de Saúde para atendimento médico, devido aos sintomas, e também para evitar o agravamento dos problemas de saúde. De acordo com informações apuradas pelo Tapajós de Fato, na UBS foram realizados 23 receituários médicos para tratamento de cefaleia (dor de cabeça), para alergias, náuseas e dor nos olhos. Foram feitas também, pelo menos, 14 notificações de contaminação por agrotóxicos, entregues pela UBS para a escola.
Durante a manhã do dia 12, não foi vista nenhuma atividade de borrifamento de agrotóxicos no entorno da comunidade, no entanto, alguns moradores desconfiam que o despejo dos agrotóxicos tenha sido realizado no período da madrugada (por volta das 4h da manhã), na região das comunidades São Francisco da Volta Grande e Amapá, que ficam entre os km 34 e 37 da BR 163, e, por isso, as crianças e as professoras da escola apresentaram os sintomas de contaminação. A desconfiança se reforça também porque várias pessoas (entre contaminadas e não contaminadas) sentiram um mau cheiro na região das duas comunidades mencionadas, que pode ser de agrotóxicos utilizados naquele perímetro.
Essa não é a primeira vez que a escola Vitalina Mota interrompe as atividades escolares em decorrência de problemas de saúde devido à contaminação por agrotóxicos. No dia 27 de janeiro e no dia 6 de fevereiro de 2023, pelo menos 33 pessoas, entre alunos e professores, apresentaram os mesmos sintomas em decorrência do uso de agrotóxicos em uma área ao lado do terreno da escola. As aulas foram suspensas e as vítimas precisaram de atendimento médico.
Ainda em 2023, o Ministério Público do Pará emitiu uma Recomendação para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Secretaria Municipal de Gestão de Turismo e Meio Ambiente de Belterra (SEMAT) e para a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ) que fiscalizassem o problema, verificassem se os agrotóxicos estavam sendo utilizados conforme a legislação brasileira e que advertissem com medidas cabíveis o responsável pelos danos causados.
Após tomar conhecimento da situação, constatar práticas nocivas para a saúde das pessoas e enviar, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023, 38 notificações para o produtor de soja responsável pelos crimes ambientais, o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou uma multa de 1 milhão de reais ao produtor e proibiu o uso de agrotóxicos até que as determinações do órgão fossem cumpridas.
Com a desconfiança de um novo episódio de contaminação coletiva pelo uso de agrotóxicos, ainda pela manhã dia 12 de junho de 2024, o MPPA foi acionado. Segundo informações obtidas pela equipe do Tapajós de Fato, o MP acionou órgãos de fiscalização, secretarias e polícias para averiguar a situação. O delegado de Polícia Civil, o Secretário de Meio Ambiente de Belterra, o delegado da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários e a Vigilância Sanitária foram até a escola.
Diante do fato de mais de 20 pessoas, entre adultos e crianças, apresentarem problemas de contaminação, parte do corpo docente da escola Vitalina Mota foi notificado para prestar depoimento sobre o caso na Delegacia Especializada em Conflitos Agrários, que fica em Santarém.
Heloise Rocha é professora há nove anos da escola Vitalina Mota e vivenciou todos os episódios de contaminação por agrotóxicos da escola. “Infelizmente, é a terceira vez que isso ocorre na escola. Infelizmente a soja cerca a escola e as comunidades”, relata. A professora pontua que o agronegócio está fazendo as pessoas morrerem aos poucos devido aos agrotóxicos utilizados na região. “O fato é que a soja está matando aquela população”.
Na escola, os danos vão aumentando cada dia mais. Além da contaminação dos agrotóxicos, o rendimento escolar está prejudicado: “essa questão do agrotóxico ela vem causando um baixo rendimento escolar, porque, no dia 12 de junho, estava marcado as avaliações”, afirma a professora. No período da manhã os alunos tiveram as aulas interrompidas, e as aulas do período da tarde foram suspensas, “por causa da borrifação”.
A saída de algumas famílias da comunidade também tem diminuído o número de alunos. “A escola diminuiu duas turmas. Nós temos uma sala vazia pela manhã e uma sala vazia pela tarde”. Segundo a professora, cerca de 34 alunos não renovaram matrícula para o ano de 2024.
A situação envolvendo a escola Vitalina Mota evidencia um problema muito maior causado pelo agronegócio na região do Planalto Santareno (Santarém, Mojuí e Belterra), além da destruição das florestas, o agronegócio, por meio do uso irresponsável de agrotóxicos, envenena as águas e contamina as pessoas.
Belterra é um município em situação crítica: o número de doenças neurológicas causadas pelo uso de agrotóxicos cresceu 600%, como aponta estudo da Universidade Federal do Oeste do Pará. A professora Caroline Braga, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação Em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento da UFOPA desenvolve a pesquisa “Contaminantes ambientais e riscos de exposição múltipla na Amazônia Oriental”, que tem coordenação tripla com a Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Amapá. Ao Tapajós de Fato, ela explicou que a pesquisa está “investigando a exposição por agrotóxicos e metais na saúde ambiental e humana”. Caroline Braga trabalha com a “exposição por agrotóxicos na saúde humana, na região metropolitana de Santarém (incluindo Mojuí dos Campos e Belterra)”.
Com o estudo, Caroline Braga explica que a realidade do Planalto Santareno é uma realidade comum como outras áreas de expansão do monocultivo: “infelizmente, em todo o mundo, áreas de expansão de fronteira agrícola, via monoculturas, possuem seus passivos pela intensa pulverização de agrotóxicos que chegam aos organismos não alvo, como populações que residem no entorno e outros componentes do meio ambiente”, explica.
A pesquisa pode ser utilizada para dar novos rumos para a realidade do Planalto Santareno. “O objetivo é entregar evidências científicas para versar sobre o risco deste tipo de exposição cruzada na região, por isso a escolha das comunidades, já que é sabido que a região tem despontado na produção de grãos como a soja, significativamente utilizadoras de compostos químicos para o plantio e desenvolvimento do grão”.
A destruição do município para a implantação de milhares de hectares de descampados utilizados pelo setor do agro gera profundos danos na vida das pessoas. Há aqueles que preferem largar suas terras em busca de tranquilidade para seguir a vida. A diminuição de alunos na escola coloca em risco também os empregos dos educadores que, em algum momento, podem não ter para quem dar aulas porque aquela escola está deixando de ser um local seguro para ensinar e para aprender devido o uso intensivo de agrotóxicos.
Por CPT-RS
Na manhã da última terça-feira (11), Maurício Queiroz e Oldi Helena Jantsch, coordenadores da CPT Diocese de Santa Cruz do Sul-RS, receberam, no Secretariado Diocesano de Pastoral, os agricultores Celírio da Silva e Valderi de Moura, ambos do município gaúcho de Sinimbu. Eles são acadêmicos do curso de bacharel em Agroecologia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e a visita fez parte de uma rotina de estudos da Disciplina de Vivências Agroecológicas 6.
Os agricultores puderam conhecer o trabalho da CPT RS na promoção da agroecologia a partir dos anos 90, com destaque para as ações com as sementes crioulas, que é o foco de seus estudos. Na oportunidade, foi apresentada a abrangência e a importância da atuação da CPT na região, como uma das entidades pioneiras das práticas agroecológicas e também do trabalho realizado com os jovens do campo por meio da Escola de Jovens Rurais (EJR), que completou 30 anos.
A Pastoral, junto de outras entidades que compõem a Articulação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo, deu forças para a criação do curso de bacharel em Agroecologia pela UERGS. “Para CPT, é muito significativa a existência de um curso como esse, que possibilita que jovens da roça e também pequenos agricultores, como o Valderi, de 58 anos, e o Celírio, de 51, cursarem o ensino superior”, explica Maurício.
“Sou muito feliz de poder entrar na faculdade, de fazer agroecologia em casa e na universidade, de ser colega de aula de minha filha, Leila”, destaca Valderi. “Faz tempo que gostaríamos de falar com a CPT, de conhecer mais sobre o trabalho, pois sabemos da importância e da atuação fundamental que ela tem em toda a região”, salienta Celírio.
Além da trajetória dos agricultores junto às atividades organizadas pela CPT, como as romarias da terra, eles conversaram ainda sobre a campanha "Sementes de Solidariedade". A ação, realizada junto a diversas instituições, está arrecadando doações para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. É possível contribuir pelo PIX 33654419/0010-07 (CNPJ da Cáritas Brasileira).
Por Movimento Munduruku Ipereg Ayu,
com edição de Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Representantes do povo indígena Munduruku, no Pará, se manifestam através da carta de reivindicações para que o Poder Público cumpra as decisões de desintrusão (retirada de garimpeiros intrusos das terras indígenas), diante do desmatamento, do avanço do garimpo ilegal e dos projetos de créditos de carbono, e muitos outros danos à vivência segura em seu território. Os Munduruku também reivindicam pela demarcação das terras indígenas no médio Tapajós, Sawre Muybu e Sawre Ba’pim, que estão com processos parados na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério da Justiça.
Crédito: Acervo Movimento Munduruku
O território Munduruku foi um dos mais invadidos em 2023 para a exploração ilegal de ouro, com cooptação de indígenas, desestruturação das aldeias, intensificação de doenças como malária e contaminação por mercúrio, causando também insegurança alimentar e ameaças às lideranças de resistência, com reflexo direto na saúde de crianças, jovens e adultos.
Mesmo com a decisão, em março, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, homologando novos planos de desintrusão no Pará, o governo federal somente realizou ações pontuais de fiscalização e destruição da logística de garimpo, sem fiscalização permanente, ações dos órgãos federais continuam sendo insuficientes e ineficazes para garantia de proteção territorial e aos direitos do povo indígena Munduruku no alto e médio Tapajós.
Garimpo ilegal nas proximidades da aldeia Katõ, na Terra Indígena Munduruku, no Pará - Foto: Lalo de Almeida/Folhapress
Confira a carta:
QUEREMOS A DESINTRUSÃO DO NOSSO TERRITÓRIO LOGO E DE NOSSO MODO!
Exigimos respeito às nossas organizações, nossos caciques e nossas lideranças!
Nós, das organizações da resistência do povo Munduruku, lideranças, mulheres, caciques e professores, estivemos reunidos na aldeia Praia do Índio para discutir nossa política e nossa resistência. É impossível discutir qualquer outra demanda sem lutar pelo nosso território que continua sendo invadido. Hoje em dia, nós Munduruku, devemos realmente defender o território. Não devemos apoiar e trazer projetos de destruição. Não devemos trazer pessoas estranhas para o território. A Constituição Federal de 1988, garante para nós, indígenas, o usufruto do território. Não podemos admitir que invasões e destruições continuem acontecendo.
Hoje temos uma ameaça disfarçada de benefício que é a promessa do crédito de carbono. Estes projetos e contratos tiram a autonomia do povo Munduruku. Temos notícias de que empresas de pariwat* entraram no território com esses projetos. Sabemos que as empresas são as únicas que se beneficiam com o crédito de carbono. Elas só trazem conflito interno e atrapalham nosso modo de vida. Queremos providências para cancelar qualquer contrato de crédito de carbono com nosso povo. Esses projetos estão assinados por uma única associação. Nós não aceitamos que apenas uma associação ligada ao garimpo ilegal assine contrato que autoriza toda a destruição que os pariwat estão fazendo. Essa organização não fala por todo o povo Munduruku. Nosso protocolo de consulta não foi respeitado. Não queremos projeto de crédito de carbono em nosso território!
A invasão garimpeira não tem parado. Ela está sendo apoiada por parentes que foram enfeitiçados pela ganância. Temos entrada de balsa garimpeira no Rio das Tropas e no Rio Kabitutu (Alto Tapajós). Os garimpeiros não respeitam os caciques. Continuam com ameaças contra lideranças da região, que ficam mudos com medo, e não se manifestam. A maioria das pessoas não querem a presença dos pariwat e suas máquinas, porque eles não deixam nada. Não tem mais peixe, caça, nem comida, nem internet, só destruição. Essas entradas novas têm gerado conflito interno e doença nas comunidades. Mas uma vez, não aceitamos!
Não aceitamos a retirada de madeira dentro da concessão florestal da Floresta Nacional (Flona) Crepori, parte do território tradicional Munduruku, pois nunca fomos consultados sobre o que está acontecendo na divisa do nosso território demarcado com a FLONA. Somos contra a retirada de madeira!
Exigimos que o estado se responsabilize pela crise de saúde e insegurança alimentar do nosso povo. Queremos um plano, construído efetivamente por nossas organizações e nossos sábios, de saúde pública, por conta da contaminação de mercúrio, aumento de malária, gripes, e inexistência de água potável. Nossos parentes estão bebendo água de igarapés sujos pelo garimpo.
Exigimos demarcação das terras indígenas Sawre Muybu e Sawre Ba’pim do médio Tapajós que o processo está vergonhosamente PARADO na FUNAI e no Ministério da Justiça!
Estamos cansados de esperar mais um ano para cumprir suas promessas e a decisão do STF de retirada de invasores das nossas terras. Nós não esquecemos do que os políticos pariwat falam.A defesa do nosso território na ADPF 709 nunca aconteceu! O governo Lula está lento! Não tá cumprindo a ordem judicial. Queremos que fique claro:
Exigimos a desintrusão de nosso território URGENTEMENTE, o fim dos contratos de carbono, o fim do garimpo ilegal em nossos territórios e não haja mais a destruição da floresta no território Munduruku e na Flona Crepori, que também pertence ao povo Munduruku. O nosso rio, a nossa floresta e as nossas futuras gerações estão em risco.
*Pariwat é uma palavra usada pelos índios Munduruku para se referir aos brancos, estrangeiros ou não-indígenas, pessoas que não pertencem à sua linhagem.
Leia em Inglês (Read in English)
Ação reúne diversas entidades em defesa da liberdade de Sônia Maria De Jesus e na luta pelo fim do trabalho escravo
Por CPT Nacional
“Após 134 anos do regime legal de escravidão no Brasil ser encerrado, nós nos vemos obrigados, em 2024, a levantar nossas vozes para libertar Sônia Maria de Jesus”, lamenta Mylene Seidl, presidente do Insituto de Estudos Avançados de Magistratura e Ministério Público do Trabalho (Ipeatra), durante o lançamento da Campanha Global Sônia Livre, cujo objetivo é recorrer da decisão tomada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) sobre o retorno de Sônia à família da qual havia sido resgatada de trabalho escravo em ambiente doméstico.
O evento ocorreu na manhã da última quinta-feira (06) pelo canal do YouTube do Ipeatra e reuniu organizações e autoridades engajadas na luta por direitos humanos. Participaram da iniciativa Marcelo Zig, criador do Quilombo PCD; a Secretária nacional dos direitos da pessoa com deficiência, do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Ana Paula Feminella; e Luciano Aragão, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT). Também esteve presente no lançamento o frei Xavier Plassat, da coordenação da campanha nacional da CPT ‘De Olho Aberto para Não Virar Escravo'.
Ao longo da transmissão, foram exibidos vídeos de lançamento da campanha, que contaram com a participação pessoas do Brasil e de vários países (Estados Unidos, Peru, Eslovênia, Alemanha), além de artistas de renome A iniciativa convida a sociedade para a cobrar do Estado brasileiro, gravando vídeos com os dizeres ‘Sônia Livre’, acompanhados das hashtags #SoniaLivre #SoniaLivreGlobal e #SoniaLivreOficial.
O Procurador do Trabalho explicou que o processo de fiscalização do caso ocorreu “dentro da mais estrita legalidade, observando a Portaria do Fluxo nacional de atendimento a vítimas de trabalho escravo”. Ele ainda completou: “Foi uma fiscalização que seguiu todos os requisitos legais, inclusive com autorização judicial prévia para fiscalização. Algo que nos preocupou foi que uma das autoridades que participou da fiscalização [o auditor fiscal que coordenava a operação] começou a sofrer fortes retaliações do poder constituído, por conta daquela fiscalização e por supostamente ter vazado informações sigilosas que, entendemos, já estava na mídia”.
Na sua interveção, frei Xavier reforçou que é preciso reconhecer que a permanência do trabalho escravo até hoje se relaciona com a persistência da cultura escravocrata impregnada na sociedade ao longo de séculos de tráfico negreiro e de prática de uma escravidão, legalizada até 1888. “Quando vemos uma narrativa trazendo a abjeta naturalização de um vínculo de exploração cinicamente reconfigurado em ‘relação de família’ – em total contraste com a situação comprovada pelos agentes públicos – só podemos sentir indignação”, concluiu.
O caso
A mobilização desta quinta faz parte de uma série de ações que marcam um ano desde o início do resgate de Sônia Maria de Jesus – mulher negra, hoje com 50 anos, surda e analfabeta –, mantida por quatro décadas em condições análogas às de escrava, no trabalho doméstico. Retirada da sua família biológica desde seus 12 anos, a vítima foi mantida confinada na residência da família de Jorge Luiz de Borba, desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), em Florianópolis.
Em junho do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou o Grupo Móvel de Fiscalização - em composição coordenada por um Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho e integrada pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF), a adentrar a residência dos Borba para apurar denúncia de trabalho escravo. No dia 9 daquele mesmo mês, Sônia Maria de Jesus foi resgatada e, desde então, recebia atendimento multidisciplinar (tratamento médico, psicológico e apoio educacional).
Em agosto de 2023, uma decisão do ministro Campbell Marques do STJ – onde o investigado goza de foro privilegiado – autorizou o encontro da família do desembargador com Sônia no local do seu atendimento, e seu possível regresso à sua residência. A Defensoria Pública recorreu ao STF contra essa decisão por meio de Habeas Corpus, o qual, no entanto, foi indeferido liminarmente pelo ministro André Mendonça, sem julgamento do mérito até o momento.
Conforme destacado durante a transmissão da campanha Sônia Livre, todas as ações envolvendo o caso ostentam surpreendente morosidade, senão paralisia. Atuando sob o manto do segredo, o sistema de Justiça está concentrado na defesa patética - e corporativa - da narrativa oportunista criada de última hora pelos investigados (na forma de uma Ação Cível para adoção ‘psico-afetiva’ da Sônia, a qual repentinamente passou a ser apresentada ‘como se da família fosse’) e visando afastar qualquer incriminação penal.
Por meio de ampla mobilização dos movimentos sociais, da sociedade civil, instituições e outras instâncias do âmbito jurídico, o caso foi levado - inclusive pela CPT e o Cejil – ao conhecimento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, dos Relatores especializados da ONU, além da Conatrae, do CNJ e do CNDH.
Além da violação gravíssima - e continuada - do direito da vítima de não ser escravizada e de não voltar ao ambiente do crime, a situação criada é um afronto brutal à autonomia da política de combate ao trabalho escravo adotada pelo Brasil e um ataque sem precedente ao livre exercício da missão dos agentes públicos encarregados de sua execução.
Já foram inúmeras manifestações em prol da liberdade de Sônia Maria de Jesus.
#Sonialivre!
Por CPT CE
A Comissão Pastoral da Terra regional Ceará esteve presente, nos dias 3, 4 e 5 de junho, no Conselho Episcopal Regional (Conser), onde realizou-se no seminário São José em Fortaleza. Na ocasião, estiveram reunidos representantes de todas as dioceses, bispos, coordenadores de pastoral, agentes das diversas pastorais, leigos e assessores.
As discussões, debates e reflexões foram a partir do tema "A Igreja no Ceará: caminhando na esperança" e
lema "Ensina-nos a rezar (LC,11-1)". Bem como apresentação dos planos e projetos dos pilares pão, palavra, missão, caridade. Neste sentido, a Pastoral da Terra do Ceará, reafirma sua presença solidária, profética, ecumênica e sócio transformadora na Igreja e fora dela, à luz do evangelho subversivo, do Cristo libertador, servidor e justo, para com os pobres da terra e a terra dos pobres.
Para Francisco "Chiquinho" de Sousa, um dos coordenadores da regional, a presença da CPT foi importante para estreitar os laços de diálogos pastorais, aproximação e busca de apoio dos bispos do regional Ceará. "Foi um encontro onde pudemos apresentar as questões voltadas para a defesa da vida e direitos dos povos do campo, das águas, das Florestas".
Por CPT NE2
Fotos: Plácido Junior
No último domingo, 2, foi dia de mutirão para celebrar a semana do Meio Ambiente na comunidade Padre Tiago, situada no Engenho Una, Moreno-PE. Agricultores e agricultoras da comunidade se reuniram para fazer a colheita de 200 quilos de batata doce biofortificada. O alimento foi plantado e colhido numa área coletiva destinada pela comunidade ao plantio em sistema agroflorestal. O local funciona como uma verdadeira sala de aula para as famílias, um espaço de aprendizado e experimentação coletiva de produção agroecológica.
Na ocasião, além da colheita do alimento biofortificado, foram plantadas ramas de batata, maniva de macaxeira, ingá, cajueiro e mangueira. A colheita foi compartilhada entre todos/as os/as participantes do mutirão, e o excedente será comercializado para formar um fundo comum para futuros plantios e para apoiar a prática do mutirão na comunidade.
A destinação de uma área para cultivo coletivo em sistema agroflorestal tem fortalecido a comunidade não apenas fornecendo alimentos saudáveis, mas também permitindo a troca de conhecimentos, aprendizado e experimentação. Esta iniciativa fortalece a luta pela produção de alimentos saudáveis e pela permanência na terra das mais de 50 famílias agricultoras que vivem no local há gerações, embora seus direitos ainda não tenham sido reconhecidos.
As ramas da batata doce biofortificada foram cedidas pelo Instituto Federal do Sertão Pernambucano, campus Petrolina - Zona Rural. Por meio do projeto "Nas Ramas da Esperança", pesquisadores/as e professores/as realizaram diversos testes no banco de Germoplasma do Instituto, responsável pela produção de mudas. A biofortificação é uma estratégia de seleção e cruzamento entre variedades que visa aumentar o teor de vitaminas e minerais, como ferro, zinco e vitamina A, em alimentos básicos, garantindo mais saúde e nutrientes para quem os consome.
Plantar, colher, repartir!
Viva a agricultura camponesa, viva a agroecologia!
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Traz informações sobre a Amazônia e as ações da CPT na defesa deste bioma.
Massacres no campo
#TelesPiresResiste | O capital francês está diretamente ligado ao desrespeito ao meio ambiente e à vida dos povos na Amazônia. A Bacia do Rio Teles Pires agoniza por conta da construção e do funcionamento de uma série de Hidrelétricas que passam por cima de leis ambientais brasileiras e dos direitos e da dignidade das comunidades locais.