Por Redação Brasil de Fato
Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Foto: Acampamento Leonir Ornack - Andressa Zumpano/CPT
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 709/2023, de autoria do deputado federal Marcos Pollon (PL-MS). O projeto, encaminhado ao Senado, propõe que “condenados por invasão de propriedade rural” sejam proibidos de receber auxílios, benefícios e de participar de outros programas do governo federal, bem como de assumir cargos ou funções públicos. Conforme Nota divulgada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o PL é mais uma tentativa da extrema direita de criminalizar a luta dos povos e de diversas organizações populares que lutam pela democratização da terra e por reforma agrária.
A medida atinge indígenas, quilombolas, camponeses e diversas organizações populares que buscam uma justa, necessária e urgente democratização da terra. Para Cecília Gomes, da Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), esta é mais uma forma de privar esses povos da conquista de direitos.
Cecília Gomes, da Coordenação Nacional da CPT - Foto: Heloísa Sousa/CPT
"É um pacote de privação dos direitos historicamente conquistados a duras penas. Esse PL é também pra encobrir a impunidade no campo, pra encobrir a violência no campo e o massacre [contra] as populações camponesas. Então, é pra mais uma vez manter o agronegócio, um projeto muito cruel com as populações camponesas”, denuncia Cecília.
No dia seguinte à aprovação, o plenário da Câmara rejeitou duas últimas sugestões de alteração, propostas por parlamentares de esquerda que buscavam uma flexibilização. Desta forma, mantém um conjunto de penalidades para "ocupantes e invasores de propriedades em todo o território nacional", como diz o próprio PL aprovado.
"O pior é que por você ser camponês e fazer uma mobilização, você vai deixar de exercer a sua cidadania. Porque você vai estar sendo privado de acesso a políticas públicas historicamente conquistadas, como, por exemplo, a passar no concurso público e assumir, a ter acesso à reforma agrária, a ter acesso às políticas públicas de governo, à habitação, à saúde", lista Gomes, que pede o apoio da população contra o latifúndio.
"A gente clama à sociedade que também levante essa bandeira conosco, de defesa dos territórios, de defesa da vida, de defesa da natureza, de defesa dos povos com seus direitos respeitados, porque esse projeto não dá."
O trecho da entrevista completa está disponível no canal da CPT no YouTube, e foi feita com a apresentadora Luana Ibelli, na edição da última quinta-feira (23) do programa Central do Brasil, uma coprodução Brasil de Fato e TVT, com apoio de movimentos populares das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
O programa completo pode ser conferido no canal do Brasil de Fato no YouTube.
Por Lara Tapety | CPT/AL
Imagens: Lara Tapety
A suspensão da reintegração de posse que aconteceria no último dia 22 de maio trouxe um alívio temporário para as famílias do acampamento Domingas, acompanhado há mais de 20 anos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) no município de Porto de Pedras (AL).
"Ai daqueles que planejam maldade, dos que tramam o mal na cama! Quando alvorece, eles o executam, porque isso podem fazer. Cobiçam terrenos e se apoderam deles; cobiçam casas e as tomam. Assim oprimem as pessoas e as famílias". (Miquéias, 2, 1-3)
Setor de comunicação da CPT NE2
Em uma demonstração de resistência e valorização dos saberes tradicionais, 14 grupos de mulheres agricultoras no Rio Grande do Norte, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), participaram de uma oficina de produção de remédios caseiros a partir de plantas medicinais. A atividade, que ocorreu nos dias 25 e 26 de maio, no Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Apodi, RN, contou com a participação de 30 mulheres.
Durante a oficina, as participantes aprenderam a preparar diversas receitas de remédios a partir de plantas medicinais, incluindo tinturas de mulungu, amora, colônia, cana do brejo e espinheira santa. Além disso, foram ensinadas técnicas para a produção de sal com ervas, xaropes para sinusite e gripe, bentomel e garrafadas.
Essa iniciativa reforça a importância da valorização dos saberes ancestrais e das práticas tradicionais de cura, especialmente num contexto de crescente industrialização e comercialização da saúde. Nesse cenário, as mulheres agricultoras são guardiãs de conhecimentos milenares, fruto da observação cuidadosa da natureza e da sistematização de seus usos.
Ana Maria Gomes, do assentamento Professor Maurício de Oliveira, situado em Assu-RN, destaca a importância do encontro para ampliar a produção de plantas medicinais e disseminar os saberes ancestrais sobre a Caatinga. "É da Caatinga que tiramos as nossas curas, para crianças, mulheres e homens. Vamos buscar mais sabedoria e cura na Caatinga. Lá fazemos o resgate, trazemos para o nosso quintal e, no quintal, fazemos as garrafadas, as pomadas, os lambedores. Isso é muito importante para todas nós", afirmou.
A agricultora Aparecida de Maria, da comunidade Maria Cleide, município de Governador Dix-Sept Rosado, também reforça a importância do cultivo das plantas medicinais e dos remédios produzidos a partir delas. “Faço muito lambedor e garrafadas em casa. Remédio de farmácia por uma parte serve, mas por outra não. Remédio das plantas medicinais não faz mal, só faz o bem”, ressalta.
Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT, avalia que o encontro foi muito positivo por reunir mulheres de diversas comunidades para aprofundarem os conhecimentos sobre o tema, mas ressalta que os saberes e conhecimentos já estão presentes nas comunidades, devendo ser valorizados e ampliados. "O quintal produtivo com as plantas medicinais é um espaço vivo onde as mulheres têm uma riqueza imensa trazida da caatinga, resgatada dos pais e dos avós. A oficina foi um momento de somar e juntar, mas essa sabedoria já está nas mulheres, está no campo, está na luta pela terra", afirmou.
A oficina foi realizada pela CPT, contou com o apoio da Fundação Interamericana e participação do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi e de representantes de comunidades apoiadas pela Diaconia. Com a atividade, a expectativa é que mulheres das comunidades possam não apenas ampliar o cultivo de plantas medicinais em seus próprios quintais produtivos, mas também praticar as receitas de remédios caseiros, tornando-se multiplicadoras para outras agricultoras da região.
As agricultoras que participaram da atividade são oriundas das comunidades: Arthur Sabino e Professor Maurício de Oliveira, situadas em Assu; José Sotero, Nove de Outubro e São José, situadas em Caraúbas; Terra de Esperança e Chico Rego, no município de Governador Dix Sept Rosado; Várzea do Barro, de Umarizal; São José, de Caraúbas; Paulo Canapum, Sítio de Góis, Acampamento Edivan Pinto, Acampamento Santa Catarina, Baixa Fechada, situadas na Chapada do Apodi.
Com informações e imagens da REPAM e CNBB Regional Nordeste 5
“Territórios livres das cercas, dos trilhos e do agronegócio”. Este é o tema que norteará a 14ª Romaria da Terra e das Águas do Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece nos dias 02 e 03 de agosto no município de Santa Inês, na diocese de Viana. A iluminação bíblica é baseada no profeta Amós, capítulo 9, versículo 15: “Vou plantá-los no seu chão, de modo que nunca mais sejam arrancados de sua terra”.
Dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís e presidente da CNBB NE 5, explica que o tema da romaria deste ano apresenta dois projetos de construção da vida e da sociedade: “O projeto que gera vida, que gera liberdade, participação, gera a fraternidade. E um projeto que gera concentração, competição e desigualdade e evidentemente a morte, um projeto que é violento, um projeto que é imposto pelo poder econômico da ganância, do poder. Nós temos possibilidade de crescer na nossa experiência naquilo que nos move, naquilo que nos faz dar sentido à vida”, afirmou.
Para marcar o início das atividades em preparação para a 14ª Romaria da Terra e das Águas do Maranhão, a equipe da articulação das Pastorais Sociais/Repam realizou uma live com a participação dos bispos dom Evaldo Carvalho, dom Valdeci Mendes e dom Gilberto Pastana, além do advogado dr. Guilherme Zagallo, Gilderlan Rodrigues, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Raimunda Francisca, coordenadora regional da Pastoral da Juventude. A live pode ser conferida neste link.
A Romaria da Terra e das Águas é realizada no Maranhão desde 1986, e tem sido um momento forte de luta, resistência e protagonismo leigo pelo bem de todos e da casa comum.
Parafraseando Raimunda Francisca, coordenadora regional da Pastoral da Juventude, durante a live de lançamento da 14ª Romaria, “a nossa romaria é também um espaço de resistência, mas que ela seja também um espaço de celebrar a existência”.
Seminários preparativos para a Romaria
Dom Evaldo Carvalho, bispo de Viana, diocese que acolhe a 14ª Romaria, lembrou dos seminários diocesanos em preparação para a 14ª Romaria. “Estamos nesse tempo de preparação, de escuta, de escuta comprometida, para recebe-los bem, e no coração da diocese de Viana. Como bispo da diocese de Viana aproveito a oportunidade conclamar todo povo de Viana e de todo regional”, disse.
Três dioceses já se articularam em seminários locais. Nos dias 17 e 18, a diocese de Coroatá reuniu-se no Sítio Padre Maurício, no município de São Mateus, com um total de 88 participantes, advindas de territórios quilombolas, comunidades tradicionais, agentes de pastorais e movimentos sociais. Nos dias 18 e 19, a diocese de Brejo reuniu cerca de 100 pessoas e contou com a participação de dom Valdeci Mendes. Já a diocese de Caxias fez sua mobilização através dos zonais 1, 4 e 5, garantindo a participação de cerca de 60 pessoas por zonal.
Seminário na Diocese de Coroatá
Um passo importante que acontece nos seminários preparativos é a intensificação da campanha de mobilização para criação da “Proposta de Lei contra a pulverização aérea de agrotóxicos”, que já está na fase de coleta de assinaturas em todas as dioceses do Maranhão.
Confira a seguir a data dos próximos seminários e participe:
Identidade Visual
A identidade visual da 14ª Romaria da Terra e das Águas foi apresentada durante a live. O desenho foi idealizado por João Batista Bezerra da Cruz, da cidade de Pedro ll, no Piauí, e produzido pela Pastoral da Comunicação da diocese de Bacabal.
Na ilustração, ao centro, destaca-se o mapa do Maranhão com variados tipos de cultura agrícola. Tem um rio com peixes simbolizando a fertilidade e a fartura. Ao alto, a mão de Deus que joga sobre a terra vários tipos de sementes, conforme o lema da Romaria: “Vou plantá-los no chão, de modo que nunca mais sejam arrancados de sua terra” (Amos 9,15).
Abaixo, a mão que brota da terra simbolizando a mãe terra, também simbolizando o renascimento da natureza, depois de tantos maus-tratos. A enxada que brota simboliza a fé e a esperança dos agricultores que se renovam. Nas laterais do mapa nota-se alguns perfis de várias raças: negros, índios e quilombolas. A pombinha branca e o arame partido simbolizam a conquista da terra de forma pacífica e por direito.A família ao centro simboliza todas as famílias de agricultores que comemoram felizes uma semente que germina e que brota. Esta ilustração também pode simbolizar um grito de alerta para preservarmos a mãe natureza.
Pelo menos 12 trabalhadores sem-terra, além da defensora pública Gabriela Beck e agentes da Comissão Pastoral da Terra, entre eles, a coordenadora da CPT MT Kamila Picalho, o agente Padre Luís Cláudio, da Prelazia de São Félix do Araguaia, e o agente Valdir Seze, foram detidos no início da tarde de hoje, 27/05, sem ordem judicial, pela Patrulha Rural da Polícia Militar de Mato Grosso.
A truculência foi em resposta à ocupação realizada nesta madrugada em parte da Fazenda Cinco Estrelas, de propriedade da União. Após a ação de ocupação, as famílias sofreram violência por parte de guaxebas (jagunços) do grileiro da área, que tentaram expulsar os trabalhadores com o uso de um trator. Já no início da tarde, a Patrulha Rural realizou a detenção de trabalhadores, da defensora pública e dos agentes pastorais, que estavam no local para assegurar a integridade das famílias e mediar o conflito, uma vez que as mesmas relataram a situação de extrema violência em comunicado para a CPT Mato Grosso, encaminhado no dia de hoje.
Pelo apelo das famílias no comunicado, é possível perceber o temor frente ao histórico já conhecido da atuação truculenta da Patrulha Rural de MT, e por isso a presença solidária dos agentes da CPT. Isso fica mais evidente quando, ainda no comunicado, as famílias destacam o receio de sofrerem mais violência, solicitando da pastoral "o apoio e que as providências necessárias sejam tomadas com máxima urgência, a fim de resguardar nossas vidas e nossa integridade física".
A atuação da polícia contou com uma série de abusos. Mulheres foram revistadas por policiais homens, que também agrediram fisicamente os trabalhadores com socos e pontapés, além de celulares apreendidos. Após a tentativa frustrada de diálogo por parte das famílias e agentes, os policiais anunciaram a prisão e encaminharam trabalhadores e agentes para o batalhão da Polícia Militar de Novo Mundo.
A truculência da Patrulha Rural se estendeu, também sem ordem judicial, para o assentamento PDS Nova Conquista II, localizado em frente ao local da ocupação, um ponto de apoio das famílias que reivindicam a área da Fazenda Cinco Estrelas, que mantém acampamento há anos à beira da estrada, à espera da efetivação do PDS Novo Mundo. A violência da polícia seguiu com a destruição de barracos dos acampados, impedindo ainda qualquer circulação na área, bloqueando os acessos pelas estradas, além de proibir as famílias de retirarem seus pertences do local.
Enquanto a terra não for destinada para o assentamento das famílias que lutam e resistem há mais de 20 anos, a violência tende a se agravar ainda mais, colocando em risco as vidas das pessoas. Ao passo que as famílias sofrem com duas décadas de violências, o Tribunal Regional Federal da 1ª. Região adormece, há quase três anos, sobre uma decisão liminar em sede de Mandado de Segurança (MS), proferida em julho de 2021, que impede a imissão da União na posse da área e, consequentemente, a implementação da política pública de reforma agrária.
É urgente a liberdade das pessoas ilegalmente presas pela Patrulha Rural da Polícia Militar de MT, bem como a apuração de sua ação arbitrária, respaldada pelo Governo de Mato Grosso. É imediato o julgamento do Mandado de Segurança nº. 1023133-54.2021.4.01.0000, cujo relator é o Des. João Carlos Mayer Soares, que garante o INCRA na posse da Gleba e o assentamento das famílias.
O sonho da conquista da terra é um direito constitucional e sagrado. Isso é ainda mais consistente quando trata-se de uma terra da União e, portanto, do povo. É lamentável que o sofrimento das famílias acampadas tenha se tornado um "caso de polícia", quando deveria ser entendido como uma dívida histórica do Estado brasileiro.
Goiânia, 27 de maio de 2024.
Comissão Pastoral da Terra.
Com informações da organização Salve a Floresta (Rettet den Regenwald e. V.)
Foto: Thomas Bauer/H 3000
Com o objetivo de chamar a atenção dos diversos países europeus que buscam estreitar laços de cooperação com o Estado do Maranhão, a organização alemã Salve a Floresta enviou carta em Português e Inglês, informando das violações cometidas por fazendeiros sojicultores na pulverização aérea de veneno em monocultivos da soja exportada para a Europa. Para a celebração de acordos de cooperação, é necessário que o Estado proteja, efetivamente, os direitos dos povos e comunidades tradicionais que estão sendo violados.
"Pedimos que a leiam com atenção, e estejam cientes de que qualquer acordo feito com o Governo do Maranhão nestas condições significa que os países membros da União Europeia compactuam com violações cometidas contra povos e comunidades tradicionais do Maranhão, e as intensificam."
Berlin, 23 de maio de 2024
Prezadas embaixadoras, prezados embaixadores da União Europeia no Brasil:
Tivemos notícias de que no último dia 4 de abril, uma missão coordenada pela embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, em conjunto com o embaixador da Bélgica, Peter Claes, e representantes de Portugal, Malta, Alemanha, Lituânia, República Tcheca, Bélgica, Polônia, Grécia, Itália, Países Baixos, Eslováquia, Finlândia, Croácia, Suécia e Espanha estiveram no estado do Maranhão, nordeste brasileiro, para estreitar laços de cooperação econômica, comercial e acadêmica entre o Maranhão e os Estados membros da União Europeia.
Gostaríamos de alertá-los de que o Estado do Maranhão, por meio de seus dirigentes e gestores, têm protagonizado, nos últimos anos, ações reprováveis no âmbito do agronegócio e de empreendimentos logísticos, violando gravemente direitos dos povos e comunidades tradicionais que há centenas de anos cultivam e protegem importantes áreas da Amazônia e do Cerrado maranhense.
Estes povos e comunidades têm seus direitos violados sistematicamente pelo governo maranhense, por exemplo, devido à falta de fiscalização da pulverização aérea de veneno em monocultivos da soja exportada a países da Europa. Estas comunidades estão sob constante ataque de fazendeiros sojicultores que, em uma verdadeira guerra química, despejam veneno sobre as comunidades para expulsar seus moradores das terras.
Centenas de famílias estão tendo sua saúde gravemente afetada pela intoxicação com veneno, estão perdendo sua produção da agricultura familiar e tendo sua água potável contaminada.
A falta de fiscalização e punição pelo governo viabiliza o cometimento constante das violações pelos sojicultores.
Além disso, há anos o governo do Maranhão vem expedindo licenças ilegais de supressão de vegetação em territórios tradicionais. Novamente os fazendeiros produtores de soja e outros grãos para exportação utilizam essas licenças para violar comunidades inteiras, destruir suas plantações, suas casas, ameaçar pessoas e se apropriar de grandes e sensíveis áreas da Amazônia e Cerrado para seus monocultivos e pastagens.
Mais recentemente, um megaempreendimento porto-ferroviário de capital privado português e com investimento da empresa pública alemã Deutsche Bahn foi denunciado por comunidades quilombolas em reportagem. O empreendimento, que tem forte apoio do governo do Maranhão, viola a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, pois nunca consultou as comunidades quilombolas potencialmente impactadas. Além disso, se efetivado, o empreendimento vai extinguir o território quilombola centenário que fica na Ilha do Cajual, no município de Alcântara, além de devastar imensas áreas de floresta, mangues, praias, habitats de aves e espécies marinhas, além de impactar sítios paleontológicos com fósseis de dinossauros com mais de 95 milhões de anos.
A Salve a Floresta é uma organização não-governamental sediada em Hamburgo, na Alemanha, e seu objetivo é ajudar a proteger florestas tropicais e seus povos em diversos países da América Latina, Ásia e África.
No Brasil, temos como parceiros, entre outros, a Comissão Pastoral da Terra e a Associação Justiça nos Trilhos, ambas no Maranhão, e que lidam, respectivamente, com a questão da guerra química contra comunidades camponesas e com a construção do empreendimento porto-ferroviário.
Em apoio a esses povos e comunidades tradicionais que são cotidianamente violentados, nos manifestamos às senhoras e aos senhores para que não estabeleçam parcerias econômicas ou comerciais com o governo do Maranhão enquanto este não proteger, efetivamente, os direitos dos povos e comunidades tradicionais que, neste exato momento, estão sendo violados, seja pela omissão, seja pela ação reprovável de seus dirigentes e gestores.
Estamos certos de que poderemos contar com sua empatia em relação aos povos e comunidades tradicionais do Maranhão.
Atenciosamente,
Marianne Klute
Presidente
Rettet den Regenwald e.V.
Jupiterweg 15
22391 Hamburgo
Alemanha
Registro de Vereadores: Amtsgericht Hamburg VR 11790
www.salveafloresta.org
www.rainforest-rescue.org
Organizações ambientais e de direitos humanos da Argentina, Bolívia, Brasil, Alemanha e Paraguai também apresentaram uma queixa contra a Bayer AG à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), buscando responsabilizar a empresa pelos graves impactos da agricultura industrial na América do Sul.
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