Texto e imagens: Equipe CPT Araguaia-Tocantins
Nos dias 18 e 19 de maio foi realizada em Imperatriz (MA), a 19ª Romaria da Terra e das Águas Padre Josimo, que reuniu romeiros e romeiras de toda parte, especialmente do Maranhão e do Tocantins, atentos ao chamado de Josimo e inspirados na promessa insurgente: “Justiça e Paz hão de reinar!”, o lema da Romaria, que ecoa nossos sonhos mais atuais evocados no tema da nossa caminhada “Terra, teto, trabalho e Pão”.
Na chegada das caravanas, vivenciamos na tarde do primeiro dia, 18 de maio, uma rodada de visitas nas salas temáticas, dialogando com experiências inspiradas pela memória de Josimo: Memorial Pe. Josimo (CEBI/MA), Agroecologia (APA-TO, STR Bico e MST), Luta pela terra e Trabalho Escravo (CPT), Quebradeiras de coco (MIQCB), Juventudes (PJ/MA e PJ/TO), Cuidados e Ciranda, e Quilombolas (várias equipes do Maranhão). Também foram exibidos filmes: “Tem Floresta em Pé, Tem Mulher” (do MIQCB) e “Mada e Bia” (de Dagmar Talga), seguidos por debate com a diretora e as nossas duas heroínas (com ampla trajetória no Bico do Papagaio).
A noite foi de muita animação e arte, com músicas, poesias, depoimentos e teatros, levando até o amanhecer do dia 19 de maio, quando a alvorada chamou a todos para a celebração campal da eucaristia, concelebrada pelos bispos prestes: dom Vilsom (Imperatriz), dom Francisco (Carolina), dom Geovane (Araguaína), dom Philip (Miracema) e o novo bispo de Tocantinópolis (dom Carlos Henrique).
Logo mais iniciou a tradicional e bonita caminhada romeira pelas ruas da cidade, com quatro paradas em locais bem significativos: na ponte sobre as águas contaminadas do Rio Bacuri onde gritamos: “Socorro, o planeta está morrendo: Queremos RES-PI-RAR!”; na Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL “Juventude, um outro mundo é possível!”; nas margens do Rio Tocantins que conecta Maranhão e Tocantins, ali no porto da Balsa onde Josimo aportou pela última vez, no dia 10 de maio de 1986: “Tudo está interligado! Somos parte da natureza, com ela formando um mesmo todo!”; e finalmente chegamos ao Memorial Padre Josimo, perto da Praça de Fátima, de fronte às escadarias onde Josimo foi alvejado pelas balas assassinas que, a mando do latifúndio, ceifaram sua vida: “Justiça e paz hão de reinar”.
Ali ouvimos o “Testamento espiritual” de Josimo e, já em clima de envio, houve bênção das sementes logo entregues aos romeiros e romeiras. Recebemos copiosa bênção sinodal pelas mãos de um quilombola, de uma quebradeira de coco, dos camponeses e dos bispos presentes, todos paramentados com a estola da Romaria.
Reunidos em nome da vida, erguendo o rosto e lembrando em ladainha o nome dos nossos mártires, testemunhas fiéis tombadas na caminhada em busca da libertação, proclamamos nosso compromisso “Eis nos aqui, Josimo!”. Na Carta final da Romaria, partilhamos a alegria de tantos encontros e reencontros, celebramos vitórias e apontamos desafios enfrentados em nossas lutas. E nos comprometemos: “Amanhã faremos o pão do tamanho da fome do nosso povo. Teremos filhos e filhas. Plantaremos hortas e árvores. Daremos nomes bonitos para nossos meninos e meninas. Chamaremos as árvores de ‘Meu bem!’. Chamaremos a água de ‘Meu amor’! Daremos nomes bonitos às nossas comunidades e chamaremos o mundo de ‘Nossa casa comum!’”
Josimo, presente, presente, presente!
Ato de lançamento acontece no dia 23 de maio, a partir das 8h, na Aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS)
Por Comunicação CPT MS
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Mato Grosso do Sul realiza o lançamento regional da publicação Conflitos no Campo 2023 no dia 23 de maio, a partir das 8h (horário de MS), durante a tradicional Assembleia Aty Guasu do povo Guarani e Kaiowá, que acontecerá este ano na Aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS).
O relatório da CPT aponta que o Mato Grosso do Sul ocupa a 6ª colocação no ranking dos estados que registraram conflitos no campo em 2023, contabilizando 116 ocorrências que afetaram mais de 20 mil famílias.
Os povos indígenas do MS, segundo atesta o documento, são os que mais sofrem com estas violências, sendo impactados com mais de 50 ocorrências de conflitos por terra no estado no último ano. O ano de 2023 registrou ainda dois assassinatos, ambos ocorridos no território Guasuty, em Aral Moreira (MS): a rezadora Sebastiana Gauto, 92, e seu marido, Rufino Velasque, 55, do povo Guarani e Kaiowá.
Para Sergio Pereira, coordenador regional da CPT-MS, lançar o Relatório na Aty Guasu é um sinal concreto de apoio aos povos indígenas Guarani e Kaiowá, que estão no centro das violências que ocorrem no campo no Mato Grosso do Sul. “Há um claro embate entre o agronegócio e as comunidades indígenas que reivindicam seus territórios em nosso estado, e essas disputas culminam em mortes e violências que se agravam a cada ano que passa”, enfatiza o coordenador da Pastoral.
A programação do lançamento contará com mesas de debate e exposição de dados alarmantes e recentes sobre os conflitos no campo no Brasil e no Mato Grosso do Sul. Representantes do povo Guarani e Kaiowá, de comunidades quilombolas e camponesas irão compor o ato de lançamento juntamente com agentes da Comissão Pastoral da Terra, do Conselho Indigenista Missionário e da Campanha Nacional contra a Violência no Campo, que contribuirão com análises de conjuntura do cenário atual.
O evento de lançamento também contará com a presença de entidades e movimentos sociais que atuam na defesa dos direitos dos povos camponeses no MS como o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de autoridades políticas e parlamentares, como o mandato da deputada estadual Gleice Jane (PT).
A publicação Conflitos no Campo 2023 pode ser acessada gratuitamente clicando aqui.
Serviço:
Lançamento regional no MS - Relatório Conflitos no Campo 2023
Data e horário: 23/05/2024, a partir das 8h (horário de MS)
Local: Assembleia Aty Guasu – Aldeia Jaguapiru, Dourados/MS
Mais informações: brunoalface.cpt@gmail.com
Texto e imagem: setor de comunicação da CPT NE2
Nos dias 16 e 17 de maio, o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi foi o local do Encontro Regional de Mulheres da CPT NE 2. Com o tema "Presença, Profetismo e Resistência" e lema “Nenhuma mulher a menos”, a atividade foi um espaço de formação e articulação das agentes pastorais que atuam nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O encontro destacou a importância da auto-organização das mulheres para a conquista da autonomia e abordou os desafios da mecanização da agricultura nas comunidades apoiadas pela CPT, com ênfase no papel das agricultoras. As discussões também giraram em torno da espiritualidade do cuidado e do papel das mulheres na Bíblia, inspirando reflexões sobre a importância da organização e da ação estratégica das mulheres ao longo dos tempos.
Com um espírito de mística e espiritualidade, as cerca de 30 participantes compartilharam vivências de resistência à opressão de gênero, raça e classe e debateram estratégias de prevenção e combate à violência contra as mulheres camponesas. Para as agentes pastorais, o encontro foi um importante espaço para articular o feminismo com a defesa da terra e do território e reafirmar o compromisso com as lutas anticapitalistas e contra o latifúndio.
Joseane Souza, da coordenação regional da CPT NE 2, avalia que “o encontro foi uma oportunidade para celebrar a força e trajetória de mulheres inspiradoras ao longo da nossa história e também foi um momento de formação, na perspectiva de fortalecer o debate sobre o empoderamento das mulheres. Foi um encontro enriquecedor com temas relevantes para fortalecer o nosso fazer pastoral. A partilha de experiência das mulheres e os desafios apresentados são sinais de presença, profetismo e resistência em busca de uma sociedade justa e igualitária”, afirmou.
Realizado anualmente, o Encontro das Mulheres da CPT Nordeste 2 contou, em 2024, com o apoio do Centro Feminista Oito de Março (CF8) e de Ivone Brilhante, presidenta do sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras de Apodi-RN.
Com informações da CPT SP
Foto: Max
No último domingo, dia 19, a CPT Regional São Paulo realizou o lançamento da publicação Conflitos no Campo 2023. O evento ocorreu às 10h, no acampamento Vale do Amanhecer, localizado no município de Álvares Florence (SP).
A escolha do local para a atividade é simbólica, como conta o advogado da CPT na regional, Eduardo Cunha. Na ocupação Vale do Amanhecer, que é acompanhada pela Pastoral, vivem cerca de 200 famílias que estão sendo ameaçadas de despejo por uma reintegração de posse. A área pleiteada pelos acampados estava em comodato pelo Governo Federal, mas foi vendida para terceiros ilegalmente pela Companhia Inglesa.
“O movimento de luta pela Reforma Agrária, organizado pela CPT, tem acompanhado essa demanda e feito algumas movimentações em torno desse processo. Então, nossa decisão de fazer o lançamento do caderno no interior de São Paulo é exatamente para sensibilizar diante dessa situação”, explica Eduardo.
Estiveram presentes no lançamento outros acampamentos da região, Frei Tito, da CPT/SP, além do deputado federal Nilto Tatto (PT) e a deputada estadual Ana Perugini (PT), parceiros da regional na defesa dos direitos dos povos do campo.
Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Diante do episódio de conflito por terra ocorrido nesta segunda-feira (20), deixando três posseiros feridos por arma de fogo em ação de pistoleiros, entre os municípios de Lábrea (AM) e Senador Guimard (AC), a Comissão Pastoral da Terra Regional Acre (CPT-AC) emite Nota Pública de repúdio à violência no campo, que tem vitimado de forma impiedosa os povos e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira.
Confira abaixo a nota completa, que também pode ser baixada em arquivo PDF neste link.
Nota Pública: Repúdio à Violência no Campo e em Defesa da Amazônia e Seus Povos
A Comissão Pastoral da Terra Regional Acre (CPT-AC) expressa repúdio à violência no campo, que tem vitimado de forma impiedosa os povos e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira. Nesta segunda-feira (20), um confronto na Fazenda Fusão, entre Lábrea (AM) e Senador Guiomard (AC), deixou três posseiros feridos por arma de fogo, em decorrência de uma emboscada envolvendo pistoleiros.
Este incidente evidencia a disputa por terra na Amazônia, onde latifundiários e pretensos proprietários recorrem à violência para expandir suas áreas agrícolas, prejudicando comunidades locais. Essa expansão frequentemente envolve queimadas e desmatamento, práticas que violam direitos humanos e estão íntima e promiscuamente ligadas com o agravamento das mudanças climáticas.
O uso da terra deve cumprir sua função social, conforme estabelece a Constituição Federal, sendo destinada àqueles que a cultivam e preservam. As práticas predatórias dos latifundiários, que promovem desmatamento e destruição ambiental, são incompatíveis com este princípio e perpetuam a violência no campo.
Exigimos das autoridades um compromisso firme com a proteção dos direitos dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia. Medidas eficazes devem ser adotadas para garantir a segurança no campo, coibindo a ação de jagunços e pistoleiros, e punindo os responsáveis por atos criminosos.
A situação de violência no campo é agravada pela ação de milícias na região, que atuam em conluio com latifundiários e grileiros para intimidar e expulsar comunidades tradicionais de suas terras. Estas milícias empregam métodos de terror e violência, criando um ambiente de constante medo e insegurança. A presença dessas forças paramilitares ilegais dificulta ainda mais a defesa dos direitos territoriais e humanos dos povos que vivem na Amazônia, exacerbando os conflitos e perpetuando a impunidade.
A área do sul do estado do Amazonas, especialmente na Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira, é crítica para o bem-viver dos povos e comunidades tradicionais. Segundo dados da publicação “Conflitos no Campo Brasil 2023”, dos 31 assassinatos registrados no país, 8 ocorreram nessa região, sendo 5 causados por grileiros. Esses números alarmantes refletem a gravidade da violência fundiária na área, que é fundamental para a conservação ambiental e a manutenção das culturas tradicionais. A escalada de violência e a pressão sobre as terras reforçam a urgência de ações efetivas das autoridades para proteger os direitos dos povos e comunidades locais.
A CPT-AC reafirma seu compromisso com os povos da Amazônia, a justiça social, a defesa dos direitos humanos e a preservação ambiental. Clamamos pelo fim da violência no campo e pela implementação de políticas públicas que promovam a paz, a justiça e a sustentabilidade na Amazônia.
Rio Branco (AC), 20 de maio de 2024.
Comissão Pastoral da Terra Regional Acre (CPT-AC)
Com informações da CPT Regional Acre
Edição: Carlos Henrique Silva (CPT Nacional)
Aproximadamente 35 famílias, que ocupam parte do Seringal Novo Natal (situado no Km 98 da BR 317, na divisa entre os estados do Acre e Amazonas) desde o ano de 2022, estão amedrontadas e pedem socorro devido ao alto número de violência na região. Elas não ficam permanentemente na ocupação, com medo de sofrerem violências por parte do fazendeiro que diz ser dono da propriedade (mesmo sendo terras da União), e que contratou jagunços para atirarem contra os trabalhadores.
Nesta segunda-feira (20), por volta de 8h da manhã, vários capangas que estavam atrás de moitas, em tocaia, alvejaram os trabalhadores com vários tiros. Três agricultores levaram tiros na cabeça (sendo dois deles na região dos olhos) e um agricultor foi alvejado com um tiro na perna. As vítimas foram atingidas com os estilhaços de chumbo que se espalham na detonação dos cartuchos do tipo do armamento. Os agricultores foram socorridos para a cidade de Rio Branco/AC, para serem atendidos no hospital local e também realizarem Boletim de Ocorrência.
Os trabalhadores não ficaram gravemente feridos, mas a violência é uma constante na região, e o temor é de um massacre contra a comunidade. “Já perdemos as contas da quantidade de vezes que saímos e quando retornamos nossos barracos estão queimados, me lembro de umas 5 a 6 vezes”, relata um dos moradores da ocupação. Outros episódios de ameaças com tiros, ameaça de morte e tortura já aconteceram no mês de abril passado.
Na área que é propriedade da União, mas está localizada no que seriam os limites da Fazenda Fusão, as famílias tentam plantar para sobrevivência, com plantios de mandioca, banana e coletam castanha, devido a área ter castanha em abundância.
As famílias estão sendo monitoradas pro drones e capangas a serviço dos fazendeiros. Devido aos episódios de violência e ao temor de um agravamento da situação, elas fecharam a BR 317 em protesto, esperando que a Polícia chegue para uma explicação diante do fato, e que possa dar cobertura para que voltem ao acampamento e peguem seus pertences. Mesmo com as ameaças, as famílias declaram que vão continuar na terra e não desistir da luta, pois este é um direito que as assiste, a terra é pública e o grileiro, na verdade, é o fazendeiro.
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