Por: CPT Araguaia-Tocantins
Fotografia: Antônio Filho, Camilla Holanda e Ludimila Carvalho
“Quero entoar um canto novo de alegria,
ao raiar aquele dia de chegada em nosso chão!
Com meu povo celebrar a alvorada,
minha gente libertada, lutar não foi em vão!” – Zé Vicente
Vindas de muitos territórios e trazendo consigo a resistência e a esperança, centenas de famílias camponesas, quilombolas e indígenas se reuniram na Casa Dona Olinda, Araguaína – TO, entre os dias 13 e 15 de setembro, para o XIII Encontro de Camponeses e Camponesas. Com o tema “Resistência e Profecia: na luta por vida digna e direito à terra e território” e rumo aos 50 anos da CPT, reafirmaram o compromisso com a luta pela terra e na terra, por justiça e paz no campo. Assim, o encontro discutiu a luta pela terra e na terra, denunciou os conflitos agrários e propôs estratégias de defesa e enfrentamento, em um momento da crescente violência no campo tocantinense.
Durante o encontro através das plenárias, os participantes debateram sobre os principais desafios enfrentados pelas comunidades camponesas, como os grandes projetos de morte no campo – que destrói o Cerrado e a Amazônia, incendiando as florestas, contaminando as águas e violentando as comunidades. Foram denunciados os atentados contra a vida e segurança das lideranças, contra os modos de vida das famílias, que resistem com coragem, mantendo viva a profecia: “que a terra volte ao povo e que todos tenham terra”.
E nas oficinas formativas, temas como o “Combate ao trabalho escravo, e o cuidado coletivo”, “Geração de renda e o enfrentamento às violências contra a mulher”, “Educação, trabalho e permanência no campo”, “Agroecologia: A produção sem veneno a partir dos elementos que a natureza oferece” e “Plantas medicinais: saberes ancestrais da cura e cuidado com a saúde física e psicológica” proporcionaram importantes espaços de troca de saberes e fazeres.
O Acampamento das Juventudes Camponesas também integrou a programação do encontro, um espaço onde jovens das dezenas de comunidades presentes se reuniram para celebrar, refletir sobre os desafios e compartilhar suas vivências que garantem a permanência no campo com dignidade e autonomia. As discussões foram permeadas por um forte sentimento de pertencimento, e o acampamento proporcionou o fortalecimento da rede entre as juventudes acompanhadas pela CPT Araguaia-Tocantins.
No encontro também aconteceu a Feira Camponesa e da Troca de Sementes Crioulas, um momento vibrante de troca de produtos e sementes vindas de diferentes territórios, acompanhadas do vasto conhecimento sobre as técnicas de cultivo e manejo tradicional. Expondo alimentos agroecológicos, artesanatos e outros produtos locais, os camponeses reafirmaram a importância da produção sem venenos e de qualidade, fortalecendo assim a soberania alimentar e a continuidade das práticas tradicionais no campo.
A noite cultural, outro ponto alto do evento, foi contagiante e afetuosa. Com arte, cantos, danças, poesias e muita cultura popular que expressam a resistência e a identidade camponesa, o momento, conduzido exclusivamente pelas comunidades, foi tomado pela alegria e força ancestral.
Assim, a 13ª edição do encontro se consolidou como espaço de fortalecimento da identidade camponesa e da luta coletiva. Juntos, camponeses e camponesas celebraram os reencontros e suas ancestralidades, e denunciaram as injustiças, inclusive o brutal assassinato do companheiro Cícero Rodrigues de Lima, a denúncia e a reverência à memória de Cícero, aconteceu através de um ato público e uma celebração ecumênica em Nova Olinda – TO.