Comunidade assentada no distrito de Miraporanga (MG) é exemplo de produção agroecológica e economia solidária
Por Heloisa Sousa | CPT Nacional
Com informações da CPT Minas Gerais
Fotos: CPT Minas Gerais
Da luta pela terra e pela vida digna e do desejo de provar que uma economia baseada na cooperação e na solidariedade é possível, nasceu a Cooperativa de Economia Popular Solidária da Agricultura Familiar Reflorestamento e Agroecologia (Coopersafra). Localizado na zona rural do distrito de Miraporanga, em Uberlândia (MG), o Assentamento Celso Lucio Moreira da Silva abriga a experiência que é composta por 60 famílias. São cerca de 180 pessoas produzindo alimento saudável para a alimentação própria e também para a comercialização.
A iniciativa nasceu em 2012 quando famílias do assentamento, com o apoio do Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps), iniciaram um processo de transição agroecológica. Hoje, a Coopersafra realiza a comercialização de seus produtos na Feirinha Solidária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que se originou de um projeto de extensão entre a UFU e a cooperativa, em 2015. A partir deste núcleo de agroecologia, com sete famílias certificadas como produtoras orgânicas, começou um trabalho de aumento da produção em busca de novos mercados consumidores.
Em 2021, a cooperativa inicia a comercialização de produtos destinados à merenda de escolas públicas do município de Uberlândia. Atualmente, fazem parte da cesta de produtos entregues três itens orgânicos — repolho, couve e alface —, algo inédito nas escolas atendidas no município. A comunidade caminha para que essa lista de produtos orgânicos cresça cada vez mais.
“Como resultado deste processo, as famílias ligadas à cooperativa possuem hoje uma fonte segura de geração de renda, melhorando sua qualidade de vida e contribuindo para a sustentabilidade do planeta no processo de produção orgânica. Há ainda o processo de conscientização e tentativa de contagiar os agricultores convencionais a fazerem o mesmo”, explica José Rubens Laureano da Conceição, agricultor e morador do assentamento.
Da luta pela terra à produção agroecológica
A criação da Coopersafra se deu em 2014, se formalizando apenas no ano de 2018, enquanto a homologação das famílias na terra ocorreu em maio deste ano. Da necessidade de produção de alimentos para consumo próprio e melhoria da qualidade de vida no assentamento Celso Lucio Moreira da Silva, as famílias se organizaram para a criação cooperativa.
A comunidade se formou a partir da ocupação da fazenda Carinhosa, em 2009, por 72 famílias do Movimento de Libertação dos Sem-terra (MLST), em um processo que levou 13 anos de uma longa batalha jurídica até a criação do assentamento. “Quantas vezes um mandato de reintegração de posse colocou fim aos nossos sonhos? Porém, enfrentamos esse sistema e vencemos a batalha da conquista da terra. Famílias sem-teto e sem-terra se transformaram em agricultores familiares contribuintes da sociedade e da construção de um mundo melhor. Pessoas, antes sem renda, geram riquezas e fonte de trabalho e renda para outras pessoas”, conta José Rubens.
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Durante esse período, as famílias se organizavam com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Universidade Federal de Uberlândia, da Central de Movimentos Populares (CMP) e de outros movimentos de luta, realizando feiras e vendas diretas ou indiretas em Uberlândia.
Para o agricultor, foram anos de luta intensa, mas que valeram a pena. “Hoje somos assentados da reforma agrária, sinto orgulho de dizer que sou sem-terra, pois quem é, jamais deixará de ser. Hoje temos terra, temos teto, temos qualidade de vida e temos a Coopersafra, que gera comida de verdade, renda, trabalho. De sobra, doamos para sociedade a recuperação de matas e nascentes, a substituição dos pastos por comida e a degradação das matas ciliares por floresta”, completa José Rubens.
Este relato faz parte da série de experiências da campanha 'Fraternidade Sem Fome, pão na mesa e justiça social'
Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional), Dimas Souza (GT das Juventudes Rurais do Bico do Papagaio) e equipes dos regionais da CPT Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins
Imagens: Ludimila Carvalho, Carlos Henrique Silva e Dimas Souza
Cerca de 40 jovens, chegando de comunidades camponesas, quilombolas e ribeirinhas dos estados do Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins, estiveram presentes no 1º Encontro de Juventudes da Grande Região Norte, realizado entre os dias 17 e 19 de novembro na Casa Dona Olinda, em Araguaína/TO, com o tema “Em defesa do modo de vida dos territórios e das comunidades, povos tradicionais e camponeses da Pan-Amazônia.”
O encontro se soma ao realizado no final do mês de outubro, que reuniu mais de 60 jovens do Acre, sul do Amazonas e Bolívia, sendo parte das atividades da Articulação das CPTs da Amazônia.
Essa diversidade de juventudes levantou reflexões sobre os fatores que incentivam e os que dificultam a sua permanência no campo. Por um lado, o modo de vida diferente da cidade, a ligação com a natureza e os laços familiares; por outro, a realidade dos ataques do latifúndio, do agronegócio e da atuação violenta de agentes estatais, conflitos já vivenciada pelos pais e mães, que não desejam a continuidade desses danos, que abalam até a saúde mental, na vida do filho ou da filha; a ausência de políticas públicas e a perda das referências de ancestralidade e dos saberes tradicionais.
Ao mesmo tempo, essa juventude mostra sua potência, sendo provocada a ser instrumento de mudança em suas realidades, através de ações de autonomia e pertencimento, seja na cultura, no esporte e no fortalecimento da articulação com outras comunidades.
O momento também contou com uma oficina de Comunicação como estratégia de luta e resistência, estimulando os/as jovens a refletir sobre o tratamento dado pelas mídias às suas comunidades, e como os grupos podem se comunicar com o mundo com criatividade e utilizando linguagens do seu cotidiano, seja nas redes sociais, blogs ou até rádios de alto-falante. Os diálogos e trocas de experiências foram seguidos de um momento prático, em que os grupos apresentaram esquetes teatrais com as pautas vivenciadas nas comunidades.
“O encontro teve uma importância imensa, não só para os jovens de comunidades camponesas, mas também para os jovens agentes da CPT que se animam e se reinventam nesse trabalho tão bonito. São jovens ajudando jovens, seguindo o mesmo propósito de luta e vida coletiva. Esse encontro entra para a história da Grande Região Norte e das CPTs da Amazônia. Viva a juventude!”, avalia Felipe Oliveira, da coordenação da CPT Araguaia-Tocantins.
“Faço parte do Território Quilombola do Jambuaçu, e pra onde eu vou, onde eu estou, eu sou Jambuaçu. É lá onde estão minhas raízes, onde tem o olho d’água, o cemitério onde os nossos antepassados estão enterrados. Se o território for vendido ou destruído, é o meu corpo que está sendo vendido e destruído.” Tiago da Silva Conceição, estudante de Direito, comunidade São Sebastião, município de Moju (PA)
“O evento demonstrou para mim a pluralidade da juventude, e suas formulações para a construção de um mundo novo. Em nossos debates, foram presentes falas de vivências cotidianas de luta e resistência em nossos territórios. Experienciar o evento demonstrou fortemente o espaço em que a juventude ocupa hoje na luta agrária: lutar e ser jovem, o jovem que possui raizes e histórias que fervem em seus corações revolucionários. Saímos desse encontro almejando a formulação de uma nova História, contada por aqueles e aquelas que hoje são os protagonistas da luta contra o latifúndio.” Cecília Maíra, estudante de História e voluntária na CPT Amapá
“Na nossa comunidade, temos o Dia da Memória, pra não perder a troca de experiências entre as gerações. Acho que é uma das formas de animar a juventude a permanecer no campo, e esse movimento ajuda os/as jovens a se fortalecer e a caminhar.” Estênio Pereira, comunidade quilombola Santa Maria dos Moreiras, Codó (MA)
“O modo de vida no campo está muito ligado à defesa da terra e da cultura. Apenas viver na terra não basta: somos parte dos nossos territórios, somos filhos da terra, filhos da mãe natureza, e natureza é vida. Honramos as nossas ancestralidades para que sejamos dignos de habitar e viver entre os nossos. A essência da natureza não está em nós, mais sim nas lutas que traçamos em defesa da mesma. Somos apenas ocupantes dela, que logo mais seremos substituídos por outros, porém, jamais esquecidos, pelos nossos feitos e ações aqui deixados.” Genésio da Silva dos Santos, agente da CPT no município de Breves, região do Marajó (PA)
Por CPT Bahia
Fotos: CPT Bahia
Na última terça-feira, 21, na Comunidade de Fundo de Pasto de Cisterna, em Souto Soares – BA, a CPT da Diocese de Irecê celebrou 20 anos de presença e atuação na região. Houve, à tarde, um encontro das comunidades acompanhadas pela CPT e à noite uma celebração eucarística de ação de graças. Estiveram presentes homens, mulheres e jovens camponeses de Comunidades Quilombolas, Fundo e Fecho de Pasto. Também participaram do encontro agentes de pastoral, voluntários e liberados, coordenadores/as, assessores/as, amigos/as, padres, religiosas, missionárias do meio popular e entidades parceiras.
Foi um dia alegre e emocionante de memórias das lutas e conquistas, com suas próprias dificuldades, que marcaram as vidas de tantas pessoas que de uma forma ou de outra estiveram entrelaçadas nos processos em que a CPT se fez presente. Diferentes experiências como visitas às famílias, reuniões, formações, encontros, mutirões, audiências e intercâmbios possibilitaram o fortalecimento das organizações comunitárias e das lutas em defesa dos direitos à terra, à água, aos territórios, à justiça e dignidade do povo do campo, ameaçados pelos projetos do agronegócio, mineração, irrigação, energia eólica etc. Para isso, foi muito importante o apoio das entidades parceiras. Uma exposição fotográfica nas paredes da sala favorecia as recordações das pessoas e situações vividas nestes 20 anos.
Nas falas, os/as participantes destacaram a importância da presença e acompanhamento da CPT nos seus processos de organização e resistências, a participação de jovens e mulheres na superação de preconceitos discriminações de raça, gênero e geração. “A CPT ajudou bastante a nossa comunidade a ter consciência de nossos direitos e fazer o processo de autorreconhecimento e defesa do nosso território”, afirmou Elenita Carmo, da comunidade quilombola Barra II, Morro do Chapéu.
Para Evanei Martins, uma das voluntárias da CPT Irecê, “Os mutirões da Campanha de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo realizados nos municípios da Diocese de Irecê contribuíram para a conscientização de trabalhadores/as sobre seus direitos trabalhistas. Hoje, continuam migrando para outros estados, mas não se submetem ao trabalho análogo à escravidão, como é o caso de camponeses/as das comunidades de Canarana que vão trabalhar na colheita da laranja e do café em Minas Gerais”.
Ruben Siqueira, assessor da CPT Regional Bahia, explica o sentido desta celebração para os povos e comunidades e para a própria CPT. “Celebrar é tornar célebre, inesquecível; fazer memória do que foi vivido porque é decisivo no presente e para o futuro, é a marca da caminhada. Isso só faz sentido para alimentar a continuidade da luta, reafirmar as identidades resgatadas nos territórios re-conquistados e preservados e construir na mesma linha o futuro. Isso é ainda mais importante, hoje, porque com a natureza preservada nos territórios e o modo sustentável de lidar com ela, ajuda de modo decisivo a enfrentar o aquecimento da terra, as crises climática, alimentar, hídrica, pandêmica etc”.
“Este é um apelo com muito amor, de nunca cansar de servir com amor, assim como nos pedem Jesus e o Papa Francisco: continuem na luta!”, completa Evanir Brugali, das Salvatorianas, em Xique-Xique, voluntária da CPT de longa data.
CPT é Evangelho encarnado na luta do povo
Durante a celebração, o padre José Carlos enfatizou a espiritualidade da CPT e de outras pastorais sociais que assumem o Evangelho de Jesus Cristo encarnado na vida do povo, na linha da “Igreja em saída” proposta pelo Papa Francisco. Disse o padre: “Ouvir, contemplar e agir, colocar os pés à caminho, ao encontro de quem precisa. Daí que a CPT se tornou a principal referência nos processos de sistematização das lutas dos povos, denúncia e registro dos conflitos no campo no Brasil”.
Outro aspecto por ele mencionado é a prática do macroecumenismo defendido pela CPT, que corresponde ao respeito às diferentes religiões e religiosidades presentes nas comunidades, que não se tornam obstáculos, mas colaboram para todos/as juntos/as construir unidade e fortalecer a defesa dos direitos socioambientais cada vez mais ameaçados.
“A CPT vem clarear a nossa luta e nos ajudar a caminhar de mãos dadas para defender o patrimônio que temos; imagina a gente perder a água? A gente faz a defesa das terras porque temos uma riqueza imensa que são as várias nascentes, até hoje desconheço um bem precioso maior que água. É o bem maior que a humanidade tem, sem água não dá pra gente sobreviver. E as nossas serras, os paredões, os animais, a fauna e flora, as pinturas rupestres e cavernas, a gente não quer perder isso, que é um pedaço do céu que temos aqui, é um paraíso. Não queremos perder isso para as empresas, estamos na caminhada lutando para que juntos possamos fazer a defesa deste território e a gente agradece muito a CPT por nos ajudarem nesta caminhada.”, declarou Joaquim Roque, da Comunidade Fundo de Pasto de Cisterna, de Souto Soares, BA.
A partilha alegre e festiva do lanche diverso e saboroso trazido pelas comunidades encerrou a celebração dos 20 anos da CPT Irecê, que animou a todos e todas à continuidade da caminhada das comunidades e dos agentes pastorais, “rumo à Terra Sem Males”.
Por CPT Bahia
Fotos: CPT Bahia
Na última terça-feira, 21, na Comunidade de Fundo de Pasto de Cisterna, em Souto Soares – BA, a CPT da Diocese de Irecê celebrou 20 anos de presença e atuação na região. Houve, à tarde, um encontro das comunidades acompanhadas pela CPT e à noite uma celebração eucarística de ação de graças. Estiveram presentes homens, mulheres e jovens camponeses de Comunidades Quilombolas, Fundo e Fecho de Pasto. Também participaram do encontro agentes de pastoral, voluntários e liberados, coordenadores/as, assessores/as, amigos/as, padres, religiosas, missionárias do meio popular e entidades parceiras.
Foi um dia alegre e emocionante de memórias das lutas e conquistas, com suas próprias dificuldades, que marcaram as vidas de tantas pessoas que de uma forma ou de outra estiveram entrelaçadas nos processos em que a CPT se fez presente. Diferentes experiências como visitas às famílias, reuniões, formações, encontros, mutirões, audiências e intercâmbios possibilitaram o fortalecimento das organizações comunitárias e das lutas em defesa dos direitos à terra, à água, aos territórios, à justiça e dignidade do povo do campo, ameaçados pelos projetos do agronegócio, mineração, irrigação, energia eólica etc. Para isso, foi muito importante o apoio das entidades parceiras. Uma exposição fotográfica nas paredes da sala favorecia as recordações das pessoas e situações vividas nestes 20 anos.
Nas falas, os/as participantes destacaram a importância da presença e acompanhamento da CPT nos seus processos de organização e resistências, a participação de jovens e mulheres na superação de preconceitos discriminações de raça, gênero e geração. “A CPT ajudou bastante a nossa comunidade a ter consciência de nossos direitos e fazer o processo de autorreconhecimento e defesa do nosso território”, afirmou Elenita Carmo, da comunidade quilombola Barra II, Morro do Chapéu.
Para Evanei Martins, uma das voluntárias da CPT Irecê, “Os mutirões da Campanha de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo realizados nos municípios da Diocese de Irecê contribuíram para a conscientização de trabalhadores/as sobre seus direitos trabalhistas. Hoje, continuam migrando para outros estados, mas não se submetem ao trabalho análogo à escravidão, como é o caso de camponeses/as das comunidades de Canarana que vão trabalhar na colheita da laranja e do café em Minas Gerais”.
Ruben Siqueira, assessor da CPT Regional Bahia, explica o sentido desta celebração para os povos e comunidades e para a própria CPT. “Celebrar é tornar célebre, inesquecível; fazer memória do que foi vivido porque é decisivo no presente e para o futuro, é a marca da caminhada. Isso só faz sentido para alimentar a continuidade da luta, reafirmar as identidades resgatadas nos territórios re-conquistados e preservados e construir na mesma linha o futuro. Isso é ainda mais importante, hoje, porque com a natureza preservada nos territórios e o modo sustentável de lidar com ela, ajuda de modo decisivo a enfrentar o aquecimento da terra, as crises climática, alimentar, hídrica, pandêmica etc”.
“Este é um apelo com muito amor, de nunca cansar de servir com amor, assim como nos pedem Jesus e o Papa Francisco: continuem na luta!”, completa Evanir Brugali, das Salvatorianas, em Xique-Xique, voluntária da CPT de longa data.
CPT é Evangelho encarnado na luta do povo
Durante a celebração, o padre José Carlos enfatizou a espiritualidade da CPT e de outras pastorais sociais que assumem o Evangelho de Jesus Cristo encarnado na vida do povo, na linha da “Igreja em saída” proposta pelo Papa Francisco. Disse o padre: “Ouvir, contemplar e agir, colocar os pés à caminho, ao encontro de quem precisa. Daí que a CPT se tornou a principal referência nos processos de sistematização das lutas dos povos, denúncia e registro dos conflitos no campo no Brasil”.
Outro aspecto por ele mencionado é a prática do macroecumenismo defendido pela CPT, que corresponde ao respeito às diferentes religiões e religiosidades presentes nas comunidades, que não se tornam obstáculos, mas colaboram para todos/as juntos/as construir unidade e fortalecer a defesa dos direitos socioambientais cada vez mais ameaçados.
“A CPT vem clarear a nossa luta e nos ajudar a caminhar de mãos dadas para defender o patrimônio que temos; imagina a gente perder a água? A gente faz a defesa das terras porque temos uma riqueza imensa que são as várias nascentes, até hoje desconheço um bem precioso maior que água. É o bem maior que a humanidade tem, sem água não dá pra gente sobreviver. E as nossas serras, os paredões, os animais, a fauna e flora, as pinturas rupestres e cavernas, a gente não quer perder isso, que é um pedaço do céu que temos aqui, é um paraíso. Não queremos perder isso para as empresas, estamos na caminhada lutando para que juntos possamos fazer a defesa deste território e a gente agradece muito a CPT por nos ajudarem nesta caminhada.”, declarou Joaquim Roque, da Comunidade Fundo de Pasto de Cisterna, de Souto Soares, BA.
A partilha alegre e festiva do lanche diverso e saboroso trazido pelas comunidades encerrou a celebração dos 20 anos da CPT Irecê, que animou a todos e todas à continuidade da caminhada das comunidades e dos agentes pastorais, “rumo à Terra Sem Males”.
Conselho recomenda a parlamentares manutenção dos vetos presidenciais
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH enviou às lideranças dos partidos no Congresso a Nota Técnica 01/2023 do conselho, sobre a inconstitucionalidade do Projeto de Lei nº 2903/2023, o projeto do Marco Temporal. O CNDH recomenda às lideranças que os vetos presidenciais ao projeto sejam mantidos.
A nota técnica foi emitida pelo conselho em outubro, recomendando à presidência da República o veto integral ao projeto, por seu caráter inconstitucional. Parcialmente vetado pela presidência, o CNDH agora recomenda a deputadas e deputados e senadoras e senadores que mantenham os vetos presidenciais em sua análise no Congresso.
A nota técnica
A análise do CNDH se baseia na Constituição Federal e nos tratados e convenções internacionais de direitos humanos de que o Brasil é signatário. A nota técnica cita manifestações feitas por diversos organismos internacionais que alertam para a violação de direitos humanos que a tese do marco temporal representa, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a Relatoria Especial sobre Direitos Econômicos, Sociais e Ambientais (Redesca), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Comitê de Direitos Humanos da ONU, além de organizações brasileiras indígenas, indigenistas e do próprio Estado.
Além de apontar inconstitucionalidade da própria tese de um marco temporal, a nota aponta inconstitucionalidade em diversos aspectos presentes no projeto de lei. “Os dispositivos desse projeto de lei implicam grave retrocesso em matéria de direitos humanos, atingindo preceitos da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969)l, da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007), da Convenção nº 169 da OIT - Organização Internacional do Trabalho, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU e do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos”. Além de ter recomendado veto presidencial ao projeto, a nota afirma que a “insistência do Poder Legislativo em inserir no ordenamento jurídico brasileiro dispositivos com manifestos conteúdos inconstitucionais, assim já declarados pela Suprema Corte, configura uma lamentável ofensa ao princípio da harmonia entre os Poderes da União e, portanto, uma violação ao disposto no art. 2º da Constituição”.
Sobre o CNDH
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) é um órgão colegiado de composição paritária que tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos no Brasil através de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses direitos, previstos na Constituição Federal e em tratados e atos internacionais ratificados pelo Brasil.
Instituído inicialmente pela Lei nº 4.319, de 16 de março de 1964, que criou o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), o colegiado foi transformado em Conselho Nacional dos Direitos Humanos pela Lei n° 12.986, de 2 de junho de 2014. O CNDH desempenha sua missão institucional tendo como orientação os Princípios Relativos ao Status das Instituições Nacionais de Direitos Humanos (Princípio de Paris), definidas pela ONU em 1992, marcados pelo pluralismo e pela autonomia.
Acesse aqui a nota técnica 01/2023 do CNDH.
Por Equipe CPT João Pessoa (PB)
Fotos: Equipe CPT João Pessoa (PB)
Aconteceu na segunda-feira, 20, na Assembleia Legislativa da Paraíba, a solenidade de entrega da medalha Margarida Maria Alves à agente pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Tânia Maria de Sousa.
A homenagem aconteceu em um momento marcante, por vários fatores: este é o ano em que se completam 40 anos do assassinato da sindicalista que dá nome à medalha, além disso, aconteceu no Dia da Consciência Negra, e um dia após a data instituída pelo Papa Francisco como o Dia Mundial dos Pobres.
Tudo isso torna esta honraria ainda mais especial, porque todas essas lutas se conectam com o propósito e a missão da CPT, cujo trabalho é reconhecido e representado pela figura de Tânia.
Tânia, gigante no coração e na luta, é considerada um dos pilares da CPT de João Pessoa. É uma mulher paraibana destemida, firme na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, em especial na luta pela terra.
Reconhecendo o valor desta companheira engajada com as causas sociais, estiveram presentes na solenidade de entrega, representantes de mais de 20 comunidades que são acompanhadas pela CPT na Arquidiocese da Paraíba, além de autoridades e importantes entidades, como: CPT, Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, a Deputada Cida Ramos, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de Rio Tinto, a Comunidade Dona Antônia e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).
Em um dos momentos mais marcantes da cerimônia, a coordenadora da Pastoral da Terra do Regional Nordeste 2, Joseane Souza, fez um pronunciamento onde ressaltou que Tânia não faz parte apenas da equipe da CPT de João Pessoa, como também da fundação da CPT no Nordeste. E que as equipes dos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas agradecem pela longa jornada de grandes lutas e conflitos enfrentados, muitos deles, onde arriscou a própria vida.
Confira um trecho do poema que o poeta João Muniz, agente pastoral da CPT João Pessoa, escreveu em homenagem a Tânia:
“Margarida é semente
Vida doada em missão
Tânia traduz Margarida
Na mesma dedicação
Na luta do povo seu
Pela terra dom de Deus
Pão da terra Deus da vida
Margarida vive em nós
Tânia hoje é nossa voz
Tânia é nós, é Margarida.”
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