COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações de Manuel do Carmo da Silva Campos (CPT Regional Amazonas) 

Imagens: Equipe local

 

Intitulada de “Operação Mamuru”, uma ação de fiscalização foi deflagrada de 10 a 16 de março pela Marinha do Brasil, Polícia Federal, IBAMA, ICMbio e FUNAI, nas calhas dos Rios Mamuru e Uaicurapá, na fronteira entre Amazonas e Pará. A operação é uma resposta às inúmeras denúncias dos indígenas da etnia Saterê-Mawe sobre a exploração ilegal de madeira, encaminhadas ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI), além de denúncias endereçadas ao Ministério Público Federal (MPF) pelo Coletivo em Defesa do rio Mamuru, do qual fazem parte comunidades ribeirinhas e diversos movimentos populares, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Amazonas / Equipe Diocese de Parintins.

 

Confira a matéria anterior: Comunidades e instituições pedem providências e punição diante do desmatamento e transporte ilegal de madeira no Rio Amazonas

 

Diante da operação realizada, as comunidades cobram que ela não seja apenas pontual ou documental, e que haja investigações sérias sobre a origem das expedições dos documentos de licença ambiental. Há suspeitas de que as empresas utilizem documentos de licenças do estado do Pará, e assim as madeiras ilegais, vindas de áreas proibidas, sejam “esquentadas”, ou seja, legalizadas pelos documentos já prontos, tornando-se legais.

“A fiscalização necessita ser ‘in loco’. As forças de segurança com os órgãos deveriam ver as áreas por terra e ar, haja vista que as ‘licenças’ podem ser de certas áreas para manejo, e uma vez que não tem fiscalização, os devastadores entram em áreas da União, Estado e Terras Indígenas, o que não é permitido, e aí pode estar ocorrendo tráfego ilegal de madeira, disfarçado como legal,” afirma um dos agentes da CPT que atuam na região.

Informações de lideranças comunitárias dão conta de que já foram devastados aproximadamente 100 km por detrás das comunidades da Valéria, Arauá, Sabina, Mocambo do Mamuru e atingindo as terras da reserva Satere-Mawe. A área teria 40 novas máquinas-tratores, centenas de moto-serras, pista de pouso de aviões e diversos portos de embarque de madeiras, além de jagunços armados e drones controlando a retirada dessas madeiras pelas empresas. “Ribeirinhos ainda informam que moradores das comunidades do Rio Uaicurapá estariam vendendo madeira para as empresas”, afirma o agente, acrescentando que as empresas ofereceriam para posseiros e donos desses portos cerca de R$ 20 mil reais por mês, para o embarque da madeira.

As comunidades também exigem que haja um posto permanente dos diversos órgãos (Ibama, ICMBio, Funai e Polícia Federal) na Vila Amazônia, para monitorar as áreas dos Rios Mamuru, Uaicurapá e a reserva Saterê-Mawe. A preservação da Floresta Amazônica é tão importante, que é necessário que o Exército brasileiro, Aeronáutica e Marinha, pagos e sustentados com os impostos dos brasileiros e brasileiras, saiam dos quartéis para proteger nossa floresta. O discurso político atual do governo brasileiro deve ocorrer na prática, também, nessa região das confluências do Amazonas e Pará.

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