No último sábado (23), por volta das 17h40, os trabalhadores rurais Enilson Ribeiro dos Santos e Valdiro Chagas de Moura foram perseguidos por uma moto durante um longo trecho no município de Jaru, em Rondônia. A perseguição ocorreu entre o trevo da Avenida Dom Pedro I até o quilômetro 1,5 da Linha 605 – local onde os pistoleiros mataram os dois camponeses.
(Com informações da LCP)
“Os companheiros eram lideranças do Acampamento Paulo Justino. Enilson tinha 27 anos de idade e deixou uma filha e a esposa grávida de sete meses. Valdiro também deixou esposa e uma filha”, explicou, em Nota divulgada ontem (24), a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental (LCP). A organização denuncia, no documento, que o mandante do crime seria um latifundiário da região. “Enilson vinha sofrendo ameaças indiretas já havia algum tempo”, afirma a Liga.
“Esse crime clama por justiça e as mortes dos camponeses Enilson e Valdiro não podem ficar impunes”, ressalta a organização camponesa.
Confira, abaixo, um breve histórico sobre a situação conflituosa na região, segundo informações da LCP:
4 de novembro de 2015: camponeses do Acampamento Paulo Justino foram covardemente agredidos e despejados por oito pistoleiros fortemente armados.
Novembro de 2015: pistoleiros invadem e roubam casas no Assentamento Terra Prometida, próximo ao Acampamento Paulo Justino, e abordaram pessoas que passavam nas estradas. Além disso, ameaçaram quem não informasse onde os camponeses estavam acampados. Roubaram R$ 200 de um morador do local que vende picolé nas casas.
Novembro de 2015: um morador do Assentamento Terra Prometida esteve na delegacia do município de Ariquemes para denunciar os crimes citados acima, porém ouviu do delegado que a polícia estava atuando na área. Mas até agora nenhum pistoleiro foi preso.
23 de novembro de 2015: dois pistoleiros atiraram contra dois acampados quando passavam de moto na estrada C 60, indo para o Acampamento.
Novembro de 2015: pistoleiros agrediram brutalmente um funcionário de um fazendeiro vizinho da fazenda Santo Antônio, quando ele trabalhava na divisa. Ele foi socorrido de carro e transportado para Porto Velho, em estado grave. Os camponeses suspeitam que os pistoleiros cometeram este crime porque pensaram tratar-se de um acampado.
Novembro de 2015: camponeses denunciaram que o pretenso proprietário da fazenda Santo Antônio disse várias vezes, para diversas pessoas, que não vai perder a fazenda porque tem 36 homens trabalhando para ele lá, e que buscaria mais homens se algo acontecesse com eles. Camponeses denunciam ainda que o fazendeiro manda recados e ameaças aos líderes.
Há 10 anos residindo na área, 400 famílias foram despejadas e tiveram suas casas e plantações destruídas. “Estamos sendo jogados na lama como cachorros”, denunciaram. Confira a Nota:
A Polícia Militar do Estado do Pará realizou na última semana, 18 a 21 de Janeiro, o cumprimento de liminar de reintegração de posse na Fazenda 1.200, localizada no município de Ourilândia do Norte, Pará. O imóvel em questão é formado por uma parte de terra particular, com título de propriedade supostamente válido expedido pelo GETAT e uma parte de terra pública, pertencentes ao Projeto de Assentamento Luciana, criado pelo INCRA em 1998, ilegalmente concentrados nas mãos do Fazendeiro Eutimio Lippaus.
As 400 famílias, que há 10 anos residiam nessa área, foram expulsas da terra, presenciando a destruição de suas casas e plantações. “Estamos sendo jogados na lama como cachorros”, é o grito dos trabalhadores/as rurais obrigados a retornar aos barracos de palha e lona, temporariamente cedido pela Associação do PA Maria Preta, onde poderão permanecer pelo prazo de 10 dias, a partir de então, a maioria delas não tem para onde ir.
A decisão que determinou o despejo foi proferida pela Juíza Substituta da Vara Agrária de Redenção, Dra. Adriana Divino da Costa Tristão. Lamentavelmente, os recentes Juízes Substitutos em atuação na Vara Agrária de Redenção, continuam proferindo decisões que possibilitam a reintegração de posse em terras públicas federais pertencentes ao INCRA, contrariando não só a Constituição Federal, mas também o entendimento jurisprudencial sedimentado no âmbito das Varas Agrárias e Tribunais Superiores, que não reconhece a particulares o direito de posse sobre terra pública.
A morosidade e as ações desastrosas adotadas pelo INCRA foram as principais causas do despejo. A própria Juíza cita em sua decisão que a Autarquia Federal não mantém uma definição certa acerca da forma de arrecadação e interesse que mantém sobre a Fazenda 1.200, pois em determinado momento diz ser viável a implantação de assentamento, noutro afirma que o imóvel não poderá ser desapropriado; ora afirma não ter interesse, outrora afirma ter, acarretando uma indefinição de decisões e declarações de incompetência.
Outro elemento a apontar o desleixo na atuação do INCRA é a sua incapacidade de demonstrar a localização dos lotes de terra pública, dos quais se apropriou o Fazendeiro. Além de demorar aproximadamente 8 anos para protocolizar a ação de retomada referente à parte pública do imóvel, os documentos apresentados, sobretudo os mapas da área objeto da ação, não são suficientemente claros. Segundo entendimento do Juiz Federal em Redenção, tal incerteza impossibilitou a concessão de decisão liminar favorável à Autarquia. A ação iniciada em 2014 foi encaminhada à instrução e aguarda-se decisão final.
Como resultado da questionável atuação do INCRA e da Vara Agrária de Redenção, 400 famílias de trabalhadores/as rurais amargam a perda de suas casas e benfeitorias edificadas ao longo de uma década. As famílias despejadas, a FETAGRI e a CPT continuarão exigindo do INCRA que adote medidas concretas e urgentes para a retomada da terra pública de sua propriedade, apropriada ilegalmente pela Fazenda 1.200, destinando-a ao assentamento dos trabalhadores/as rurais conforme determina a Constituição Federal.
Ourilândia do Norte, 25 de janeiro de 2016.
Comissão Pastoral da Terra - CPT sul e sudeste do Pará.
FETAGRI Regional Sul do Pará.
Associação das famílias despejadas.
O presidente do Assentamento Irmã Daniela, Edmilson Alves da Silva, 35 anos, foi sepultado, na manhã do último sábado (23), no Cemitério Santa Luzia, em Porto Calvo, região Norte de Alagoas. O líder regional do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) foi assassinado a tiros no início da manhã de sexta-feira (22), à margem da AL-465, em Japaratinga.
(Fonte: GazetaWeb)
O velório e o sepultamento reuniram lideranças do Movimento ligadas às direções estadual e nacional, trabalhadores rurais, além da superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, Lenilda Lima.
Ela cobrou rigor na apuração do crime e revelou que a comunidade do Assentamento Irmã Daniela vive um clima de “intranquilidade” depois da morte de sua principal liderança.
“É preciso uma resposta rápida das autoridades policiais para a elucidação desse crime que, ao que tudo indica, envolve questões agrárias, a disputa por terra, algo forte em Alagoas. Precisamos devolver a tranquilidade aquelas famílias”, afirmou Lenilda.
A superintendente disse que cobrou providências ao Gabinete Civil e ao Centro de Gerenciamento de Crise, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC). Ela lamentou a morte de Edmilson, a que chamou de líder sem-terra atuante.
“Infelizmente, depois de tanta luta, ele não pôde, junto com seus companheiros, desfrutar da terra que tanto sonhou”, lamentou Lenilda, lembrando que a Superintendência Regional do Incra em Alagoas prestou apoio à família do líder sem-terra para a liberação do corpo junto ao Instituto Médico Legal (IML) de Maceió.
O velório de Edmilson aconteceu na sede do Assentamento Irmã Daniela, em Japaratinga. O corpo chegou àquele núcleo da reforma agrária por volta das 22 horas de sexta-feira (22), após ser liberado pelo IML.
Por volta das 11 horas, o cortejo seguiu pela AL-465 até Porto Calvo, onde Edmilson foi sepultado, no Cemitério Santa Luzia, sob forte comoção. A família dele reside neste município.
O crime
Edmilson foi surpreendido e morto à margem da AL-465, enquanto aguardava a chegada de um carro que o levaria à sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Maceió. O presidente do Assentamento receberia cestas básicas que seriam distribuídas aos assentados e acampados da região.
Dois homens em uma moto se aproximaram e abriram fogo contra o líder sem-terra. Ferido, ele buscou refúgio dentro da sede do Assentamento, que ainda está em fase de instalação. Edmilson tombou ao lado de um barraco de lona, morto com tiros na cabeça.
Os criminosos fugiram levando uma bolsa com todos os documentos da vítima. Edmilson morava com a esposa, Célia Amâncio dos Santos, 33, num barraco instalado na sede do Assentamento. As casas de alvenaria ainda não foram construídas. Ele era pai de cinco filhos.
A imissão de posse do Assentamento Irmã Daniela, que se estende por terras localizadas entre Japaratinga e Porto Calvo, saiu em agosto de 2014, depois de 14 anos de resistência e luta das 31 famílias assentadas, que resultaram em ameaças de morte e três incêndios criminosos. Edmilson liderava a comunidade.
“Se ele recebia ameaças de morte, não falava em casa. Mas não tenho dúvidas de que foi por causa disso (conflitos agrários) que ele morreu ”, disse a esposa. O coordenador estadual do MLST em Alagoas e integrante da direção nacional do Movimento, Josival Oliveira, lamentou a morte do líder sem-terra e também cobrou do Gabinete Civil do governo do Estado e da Secretaria de Defesa Social (SDS) rigor na apuração do crime.
“O Edmilson era um companheiro muito ativo e conectado à direção estadual do MLST; sempre estava conosco nas reuniões e discussões do Movimento, mas nunca nos falou abertamente sobre ameaças de morte. Isso está muito esquisito”, avaliou “Val”, como é conhecido.
Inquérito
O inquérito foi instaurado pelo delegado de Maragogi e Japaratinga, Ayrton Soares Prazeres. O delegado plantonista, Carlos Umberto, esteve no Assentamento e iniciou as investigações. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Área 3 (DPJA-3), delegado Carlos Alberto Reis, também esteve em Maragogi e Japaratinga, ofertando apoio às diligências policiais.
Além do envolvimento do líder sem-terra com os conflitos agrários na região Norte, a Polícia Civil vai investigar também a atuação de Edmilson na cobrança pela elucidação do caso que envolve a sobrinha dele, Jéssica Maria da Silva.
Ela tinha 21 anos de idade quando desapareceu no dia 29 de outubro de 2012. Jamais foi encontrada. O ex-marido dela, o pastor evangélico José Vicente de Santana, e o suposto amante da mulher, José Gonçalves do Nascimento, o “Duda”, pivô da separação do casal, chegaram a ser apontados como autores do crime.
Acredita-se que ela tenha sido morta e o corpo, ocultado. Edmilson se engajou nas buscas por informações que levassem ao paradeiro da sobrinha e passou a cobrar com veemência a apuração do caso e a prisão dos envolvidos.
Organizações e movimentos sociais do estado do Pará recebem com preocupação a notícia de condenação de militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Tucuruí: Roquevam Alves Silva, Euvanice de Jesus Furtado e Roger Balieiro da Veiga. Confira a Nota:
(Fonte: MAB/Imagem: Agência Brasil)
Estes foram condenados em sentença decretada pelo juiz federal Marcelo Honorato, da 1ª Vara da Subseção Judiciária de Marabá. Roquevan, Euvanice e Roger são lideranças do MAB e foram penalizados por participarem de uma mobilização dos atingidos pela barragem de Tucuruí em 2007, que reivindicavam o cumprimento de acordo sobre a garantia dos direitos dos atingidos, que há mais de 30 anos, desde a inauguração da hidrelétrica, não foram assegurados.
Ainda é mais preocupante o fato da justiça federal ter condenado Roquevan Alves Silva a mais de 12 anos de prisão, representando uma verdadeira afronta ao estado democrático de direito, pois se por um lado os direitos dos atingidos não foram garantidos, por outro, sua luta ainda é criminalizada pelo judiciário brasileiro, o que leva à dupla penalização destes brasileiros.
A sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos já recorreu da decisão, mas é necessário que as instituições do estado democrático, incluindo o judiciário, possam pensar em melhores mecanismos de intermediação de conflitos socioambientais que envolvam grandes projetos hidrelétricos na Amazônia. Consideramos que o caminho da criminalização daqueles que já tem seus direitos violados pelo modelo de implementação destes projetos não é o mais adequado para solucionar os conflitos gerados.
O modelo de construção de hidrelétricas em nosso país tem causado ao longo da história graves violações de direitos humanos, como reconheceu o Conselho Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (CDDPH). Isso acontece, especialmente, pela inexistência de uma política nacional de direitos dos atingidos por barragens que deva ser seguida pelas empresas em todo país. A ausência dessa política deixa vulnerável não só famílias atingidas por obras antigas, que deixaram passivos sociais e ambientais muito grandes, mas também as atingidas por casos recentes como o rompimento das barragens da mineradora Samarco (Vale-BHP Billiton), que atingiu milhões de pessoas ao longo da bacia do rio Doce.
A hidrelétrica de Tucuruí, construída ainda no regime militar, é um dos símbolos desse modelo e guarda um histórico de repressão à luta dos atingidos e violações de direitos que perduram até hoje, em que aqueles que foram atingidos viram suas condições de vida piorarem e que ainda são obrigados a lutar por direitos básicos.
Ao longo dos mais de 20 anos de existência do MAB, vimos que a justiça tem sido utilizada como um instrumento de criminalização dos defensores de direitos humanos e violação ao direito de organização e luta. Pesam contra o Movimento uma série de interditos proibitórios de norte a sul do país, inibindo milhares de famílias atingidas que fazem a justa luta por direitos.
Por isso, entendemos que a condenação dos militantes do MAB de Tucuruí representa mais um triste episódio de criminalização daqueles que deveriam ter seus direitos respeitados e garantidos. Portanto, defendemos a não criminalização destes, com a devida absolvição no processo criminal que tramita na Justiça Federal de Marabá e a adoção por parte do estado brasileiro de medidas aptas a garantir os direitos dos atingidos, não somente de Tucuruí, mas também em projetos em construção, para que estas situações de violações não se repitam novamente, como é o caso de Belo Monte.
Belém, 20 de janeiro de 2016.
Água e Energia não são Mercadorias.
Assinam esta:
Sociedade Paraense Defesa dos Direitos Humanos
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente a Mineração – MAM
Movimento dos Pequenos Agricultores- MPA
Via Campesina
Levante Popular da Juventude
Movimento Debate e Ação
CEPASP
Frente Brasil Popular-Pará
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-Emaus)
Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA)
APACC
Terra de Direitos
Justiça Global
Artigo 19
CDDH Serra
CDDH Dom Tomás Balduíno
Grupo Tortura Nunca Mais/Ba
Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais/ AATR
Instituto NANGETU
MNDH/Pa
MNDH/ES
Movimento de Mulheres MARIAS
Comissão de Justiça e Paz Norte II – CNBB
Comissão de Direitos Humanos da OAB/PA
Consulta Popular
Ação da Cidadania – Comitê Pará
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil- CTB/Pa
Central Única dos Trabalhadores – CUT/Pa
Associação de Proteção a Vida e ao Meio Ambiente- APROVIMA
Associação dos Moradores da Comunidade Vila Espírito Santo- Marabá
Associação dos Agricultores e moradores da Vila Landir- ASAMOVIL
Cáritas Diocesana de Santarém
Pastoral Social de Santarém
Comunidades Eclesiais de Base da Diocese de Marabá
Associação dos Moradores da Vila Residencial da Eletronorte – ASMOVIT
Associação de Defesa a Vida e ao Meio Ambiente- ADEVIMA
SINTEPP – Tucuruí
SINTEPP - Altamira
PSOL – Marabá
Diretório do PT – Tucuruí
Diretório do PC do B- Tucuruí
Oficina Território Livre
Cooperativa de Garimpeiros do Xingu (COOMGRIF)
Casa de Educação Popular de Altamira
Comissão de Justiça e Paz (CJP-Brasil Novo)
Fundação Viver Produzir Preservar (FVPP)
Movimentos de Mulheres do Campo e Cidade (MMCC)
Comitê em Defesa da Vida
Partido dos Trabalhadores de Altamira
Pastoral da Juventude (Xingu)
Fundação Elza Marques (FEM)
Instituto José Ricardo pelo bem da Diversidade
Movimento Nacional Mães pela Igualdade
Comitê Pernambucano de Direitos Humanos
DIGNITATIS
CDDH-Serra/ES
MNDH/ES
Centro de Direitos Humanos de Sapopema-SP
Associação das Famílias Moradoras do Jatobá (Altamira-PA)
SINDSAÚDE de Tucuruí
Rede Sustentabilidade de Tucuruí
Sindicato dos Urbanitários de Tucuruí
APAE Tucuruí
Sindicato da Construção Civil de Tucuruí e região - SINTRICONT
Coop. Mista de Pescadores, Trabalhadores Rurais, Urbanos e Extrativistas do lago da UHE de Tucuruí LTDA –COOPAB
Partido Renovador Trabalhista do Brasil – PRTB (Tucuruí)
Missão Salva Vidas de Tucuruí
Sindicato dos Trabalhadores e trabalhadoras Rurais de Tucuruí
Associação do Movimento Renovador Social de Tucuruí
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Belém
Ataques às comunidades intensificaram após a suspensão da reintegração de posse do Território Tey'i Jusu, dos Guarani Kaiowá. Confira:
(Fonte: Da Página do MST)
Na última terça-feira (19), movimentos sociais lançaram uma nota denunciando ataques sofridos pelas comunidades Guarani e Kaiowá durante retomada do Território Tey'i Jusu no Mato Grosso do Sul.
A iniciativa ocorreu após uma visita de integrantes de movimentos sociais, estudantes e professores ao Território ancestral Tey'i Jusu que, desde dezembro de 2014, vem sendo judicialmente retomada para os indígenas.
Os movimentos denunciam que os ataques às comunidades tem sido recorrente, e se intensificaram após a suspensão da reintegração de posse do território para os fazendeiros.
“Desde outubro de 2015, a comunidade vem sofrendo ataques químicos dos fazendeiros sobre a área da retomada por avião e por meio do "formigão" (grande maquinário terrestre), que também derrubou casas do Tekoha. Ataques esses que se intensificaram no mês de dezembro, prévio à decisão judicial de suspensão de segurança”, afirma trecho da nota.
Confira abaixo.
Novo ataque contra terra retomada de Tey'i Jusu, comunidade Guarani e Kaiowá
Hoje, 19 de janeiro de 2016, pelo menos seis veículos pertencentes aos fazendeiros da região de Caarapó bloquearam a estrada de acesso à retomada Tey'i Jusu. Cortaram a comunicação entre a retomada e a reserva indígena Tey'i Kue, único caminho de acesso para o resto do município.
O fato aconteceu após uma atividade, de 16 a 18 de janeiro, em que os Guarani e Kaiowá de Tey'i Jusu receberam a visita de movimentos sociais, estudantes e professores da UFGD (Universidade Federal de Grande Dourados) e da UNESP (Universidade Estadual Paulista), Campus de Araraquara-SP.
Na casa de reza da comunidade, houve uma celebração pela suspensão de segurança da reintegração de posse. A retomada de Tey'i Jusu do seu território ancestral começou em dezembro de 2014 e essa suspensão é sentida pela comunidade Guarani - Kaiowá como um avanço e pelos fazendeiros da região como uma derrota judicial. Houve também uma caminhada com os visitantes pelo Tekoha (território, "lugar onde se é") antigo e aulas públicas com a comunidade.
Ontem, por volta das 16h, uma caminhonete azul marinho passou e se deteve para os seus ocupantes tirarem fotos dos membros da comunidade e seus visitantes.
É preocupante que isto aconteça após a saída dos visitantes, se tratando do descumprimento das decisões da justiça que barrou a reintegração. Ainda agravado pelo histórico da retomada da terra, que conta com um assassinato no dia 8 de dezembro de 2014 e o desaparecimento do corpo da jovem Júlia, após um ataque a bala sofrido pela comunidade por pistoleiros de tocaia na trilha que une a sede da fazenda mais próxima com o Tekoha.
Antes e depois desse dia houve vários ataques de matadores profissionais. A comunidade em massa, apesar de desarmada, conseguiu, corajosamente, reter quatro desses homens que, armados com bombas de gás, fuzis e pistolas, circularam ameaçadoramente, às 10h e os retiveram até a chegada, às 15h, da Polícia Federal, que nada fez além de, devolver as armas para esses homens, que voltaram com elas para a sede da fazenda.
Desde outubro de 2015, a comunidade vem sofrendo ataques químicos dos fazendeiros sobre a área da retomada por avião e por meio do "formigão" (grande maquinário terrestre), que também derrubou casas do Tekoha. Ataques esses que se intensificaram no mês de dezembro, prévio à decisão judicial de suspensão de segurança. Esses episódios e os relatados no parágrafo anterior estão documentados e na mão do Ministério Público.
Rondas constantes e tentativas de sequestro vêm sendo realizadas pelos empregados dos fazendeiros da região. Há registros fílmicos das denúncias desses episódios.
Na região de Caarapó, é evidente a presença da soja e da cana de açúcar moída pela usina da Raízen (empresa transnacional-fusão da Cosan com a Shell), destino da produção das fazendas locais.
Isto acontece no contexto da paralisação das demarcações das terras indígenas pelo governo federal, a lentidão dos processos em mãos do poder judiciário e a redução do orçamento da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Ao mesmo tempo, há, na região do sul de Mato Grosso do Sul, um avanço da fronteira da cana de açúcar, da soja, da pecuária bovina e do eucalipto.
BASTA DE AGRESSÕES DO ESTADO E DOS LATIFUNDIÁRIOS CONTRA OS POVOS INDÍGENAS!
TERRITÓRIO, JUSTIÇA, E LIBERDADE.
CEIMAM - Centro de Estudos Indígenas Miguel Ángel Menéndez
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Coletivo de Agroecologia Resistência Tekoha
Organização Canudos
Na manhã de terça-feira (19), a Aldeia Kaí, localizada no Território Pataxó Kaí-Pequi, em Prado, na Bahia, foi invadida por mais de 100 policiais federais numa operação de reintegração de posse impetrada por fazendeiros e pousadeiros.
(Oximity – notícia replicada da Página Pataxó)
Segundo informações do local, a operação também está ocorrendo na Aldeia Pequi. Segundo a professora Maria Geovanda Batista, coordenadora da Licenciatura Intercultural Indígena - LICEEI - UNEB, a estrada está fechada e ninguém pode passar e ter acesso ao que está acontecendo. Vale lembrar que estamos em plena fase de identificação, delimitação e demarcação do Território Comexatibá, tratando-se essa operação de um descumprimento dos trâmites em âmbito jurídico e um grave atentado aos direitos humanos dos povos indígenas. Segue o relato publicado pela Pataxó Eriadxurick Braz:
“Venho comunica-los amigos parentes a barbaridade que estão fazendo com a gente aqui na aldeia Kaí, município de Prado . Nesta manhã de terça –feira, 11 carros de polícia chegaram na aldeia sem que ninguém esperasse, com tratores derrubando tudo, não tiveram nem a educação de pedir para o pessoal retirar seus bens. É uma barbaridade, crianças chorando vendo tudo aquilo acontecer, mães sem poder fazer nada”.
Há informações recentes de que as estradas de acesso às Aldeias foram bloqueadas, as pessoas se encontram isoladas, e suas casas estão sendo destruídas sem nem ao menos terem tempo de retirar sua mobília. Também foi informado que o cumprimento do mandado de reintegração de posse é para todas as aldeias, ou seja, as cinco aldeias do referido Território serão destruídas. Cabe ressaltar que o Ministério Público já se posicionou contra esta reintegração de posse, uma vez que é arbitrária e desconsidera o recente reconhecimento da região como território indígena mediante laudo antropológico da Funai.