Em visita ao Brasil neste ano, o repórter William Langewiesche, da revista americana Vanity Fair, acompanhou, in loco, a questão do trabalho escravo no país e o trabalho cotidiano de frei Xavier Plassat, agente da CPT Araguaia-Tocantins e membro da Campanha da CPT de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo “De olho aberto para não virar escravo”. Nesta perspectiva, o jornalista esteve presente em um dos encontros da Campanha, falou com pessoas resgatadas em situação de trabalho escravo, presenciou situações de conflitos no campo. Ele, ao longo da matéria, traz ainda uma análise sobre a questão de trabalho escravo no Brasil. Confira:
Agente da Campanha da CPT de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo relata caso em que dois irmãos foram resgatados em situação de trabalho escravo em fazenda no estado de Tocantins. Um dos trabalhadores, meses após o acontecido, continua tratamento por conta de intoxicação que adquiriu durante trabalho com agrotóxicos. Confira:
A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) divulgou Nota Pública em que repudia as constantes ameaças e agressões contra aqueles e aquelas que lutam pela erradicação do trabalho escravo, como contra o coordenador da repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, e contra agentes da CPT. Confira o documento:
A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo manifesta seu veemente repúdio às constantes ameaças, agressões e atos de intolerância que vem sendo desferidos contra pessoas e instituições conhecidas por sua luta pela erradicação do Trabalho Escravo e que inclui ainda os agentes do estado no exercício de suas funções, relacionadas à fiscalização e responsabilização administrativa e penal daqueles que se utilizam do trabalho escravo.
A evolução da intolerância e impunidade dos agressores incentiva novas ações, o aumento das agressões e pode culminar em atos de barbárie como o episódio de Unaí não nos permite esquecer. Os casos das agressões à ONG Repórter Brasil e seu coordenador, Leonardo Sakamoto; à Comissão Pastoral da Terra e seus militantes; ao InPacto, entre tantos outros, são exemplos de situações que não podem voltar a ocorrer.
Conclamamos as instituições do Estado e o conjunto da sociedade a se unirem na denúncia e responsabilização dos agressores, bem como na defesa e proteção daqueles que lutam por uma sociedade justa e solidária, na qual a defesa dos direitos humanos não pode ser ameaçada pela intolerância e pela violência. Nossa missão é construir uma cultura de paz para que mais nenhum agressor se sinta à vontade para perpetrar tais ofensas.
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2015
Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae)
Após 11 anos, os dois acusados de serem os mandantes da “Chacina de Unaí'' – quando três auditores fiscais do trabalho e um motorista do então Ministério do Trabalho e Emprego acabaram emboscados e mortos enquanto fiscalizavam fazendas no Noroeste de Minas Gerais – foram, enfim, julgados.
Mânica foi condenado a 100 anos de prisão; José Alberto, a 96 anos. Em janeiro de 2004, três auditores e um motorista foram mortos na cidade.
Para ex-delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, relato de um dos executores é exemplo das contradições ainda existentes no país.