Ao longo de uma semana, cerca de 35 jovens e adolescentes participaram da oficina de teatro Jovens Quilombolas Dizem Não à Escravidão, realizado no Quilombo de Barra do Parateca, em Carinhanha, 870 km a oeste de Salvador (BA). O evento terminou neste último sábado (15).
(Fonte: A Tarde)
A apresentação deste sábado fechou a programação de uma semana de aprendizado e aconteceu no espaço da feira da comunidade ribeirinha do rio São Francisco, que teve o Relatório Técnico de Identidade e Delimitação (RTID) publicado no Diário Oficial da União em julho.
"Esse reconhecimento é fundamental para a regularização fundiária da área. Só com esta certeza o povo quilombola terá autonomia e liberdade assegurados", de acordo com a agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT-BA), Abeltânia de Souza Santos, autora do projeto finalizado neste sábado.
Para ela, o objetivo da oficina - viabilizada pela ONG Repórter Brasil, com parceria local da Escola Francisco Pinto, Cras Quilombola, Associação Quilombola de Barra do Parateca, Igreja Evangélica Nazareno e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) - foi promover na comunidade "informação e reflexão sobre a realidade do trabalho escravo contemporâneo no Brasil, através da linguagem teatral".
"A temática trabalho escravo é uma realidade bem próxima dos moradores. No primeiro dia tivemos três depoimentos de pessoas que foram vítimas de trabalho análogo ao de escravo", afirmou o ator Dominique Faislon, coordenador da oficina.
Barra do Parateca, ribeirinha ao São Francisco, tem 250 famílias "que sofrem graves conflitos na luta pela conquista do território", segundo Abeltânia de Souza.