Por Antônio Canuto (escritor, fundador e conselheiro permanente da Comissão Pastoral da Terra)
Fotos: Marilia da Silva – CPT Goiás
No sábado passado, 31 de agosto, participei em Silvânia (GO), da 10ª Festa Camponesa organizada pela CPT Goiás.
Neste ano, a festa se realizou no Assentamento São Sebastião da Garganta. Este assentamento foi uma conquista dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra, organizados no Sindicato de Trabalhadores Rurais que ocuparam uma área que não cumpria sua função social e da qual sofreram pelo membros dois despejos até que por fim foram assentados.
Foi a primeira vez que participei desta festa e o que mais me chamou a atenção foi o processo todo que precede a realização desta atividade.
Durante o ano todo, as comunidades rurais são envolvidas no debate do tema em várias encontros de formação e são distribuídas tarefas que levem à realização da festa. O tema também foi trabalhado nas escolas rurais envolvendo as crianças que produziram textos e desenhos relativos ao que se programava.
Para mim, é um processo muito profundo de formação que leva os agricultores e agricultoras a pensarem sobre sua realidade e a descobrirem instrumentos que os levem a enfrentar as dificuldades que encontram pela frente.
O tema trabalhado neste ano foi “Agricultura Familiar no cerrado em diálogo: sucessão rural, consciência ambiental e saúde mental”.
A festa começou com um reforçado café da manhã preparado pela comunidade que acolhia a festa. A seguir foi feita a memória das outras nove festas já realizadas. O café da manhã foi servido na propriedade de um dos assentados e de lá em caminhada os presentes foram até o barracão ao lado da capela da comunidade, onde houve uma fala sobre o Cerrado e os impactos que sofre. A seguir uma missa. Depois, seguiu-se um delicioso almoço, servido, pelos meu cálculos, para mais de 400 pessoas presentes.
Depois do almoço seguiram-se apresentações culturais. Uma bela festa que poderia ser reproduzida em muitos outros lugares.
Esta minha participação me provocou algumas reflexões.
- Todas as festas são realizadas nas comunidades do município de Silvânia. Eu pergunto, por que não acontecem em outros municípios?
- Um dos pontos altos é a Celebração da Missa, mas pelo menos a que da qual partiipei não dialogou com o tema da festa, seguiu a liturgia prevista para o dia. Não seria o caso de ser uma celebração que reflete e aprofunda o tema da festa? Essa dissonância acontece muito pelo retrocesso que as igrejas hoje vivem.
- A comida foi abundante e saborosa, eu senti falta de haver frutas em abundância já que se trata de uma festa camponesa.
- Como já afirmei acho muito rico e promissor o processo que envolve a construção desta festa que merece atenção de todos sobretudo os da CPT.
Agradeço a oportunidade de ter participado e o trabalho todo que foi realizado para que a festa chegasse a bom termo.
Goiânia, 3 de setembro de 2024
Canuto
Neste link, confira a Galeria com mais fotos da 10a Festa Camponesa.