O pernambucano Irandhir Santos, premiado ator que interpretou personagens que marcaram a cultura do povo brasileiro, declarou seu apoio ao trabalho da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Irandhir se tornou mais uma figura de expressão midiática que endossou publicamente a atuação das equipes da Pastoral da Terra em defesa dos povos da Terra, das Águas e da Florestas.
Irandhir tem sua carreira de ator associada a defesa de causas ligadas aos direitos humanos, ambientais e sociais. Interpretou personagens emblemáticos como o deputado Fraga no filme ‘Tropa de Elite 2’, inspirado no histórico combate do parlamentar Marcelo Freixo (PSOL) contra a corrupção das milícias cariocas e, recentemente, assumiu o papel de Bento dos Anjos na novela ‘Velho Chico’ que, dentre várias questões, pautou temas como a disputa pela terra, a violência sofrida pelos pequenos agricultores e a preservação de nossos recursos naturais.
A CPT agradece imensamente o apoio de Irandhir que voluntariamente aceitou ajudar na divulgação de nossa Campanha de Sustentabilidade Seja Companheiro/a da CPT. Para saber como se tornar um companheiro ou companheira da CPT, acesse clicando aqui.
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A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) realizam, entre hoje, 23, e sexta-feira, 25, o seminário “A Questão Agrária em Alagoas: propriedade, lutas camponesas e produção agroecológica”. O evento acontece no Centro Social da Fetag, Mangabeiras, em Maceió, das 8 horas às 17.
(Por CPT Alagoas)
O seminário é gratuito, aberto ao público e tem como foco a formação de camponeses e camponesas na produção agroecológica e na história agrária de Alagoas. Sua programação conta com a participação dos professores Sávio de Almeida e Cícero Albuquerque, que palestram sobre Terra em Alagoas e Campesinato em Alagoas, respectivamente.
Além de palestras, haverá uma oficina, durante a tarde desta quarta-feira, com o tema agroecologia: um modelo de vida. A oficina será ministrada pela agrônoma e coordenadora da CPT, Heloísa Amaral.
Para o historiador e coordenador da Pastoral da Terra, Carlos Lima, o evento será um encontro do saber popular e acadêmico para recontar a história de Alagoas, que completa 200 anos em 2017. “Essas terras são marcadas por conflitos e lutas antes mesmo de sua emancipação política. Queremos, com esse seminário, abrir as discussões sobre esta data e seus significados”, afirmou Lima.
Serviço
Seminário “A Questão Agrária em Alagoas: propriedade, lutas camponesas e produção agroecológica”
Dias: 23 a 25 de novembro de 2016
Local: Centro Social da Fetag, Mangabeiras, Maceió – Alagoas.
Horário: 8h às 17h
Programação
23 de novembro
8 horas - Credenciamento e Acolhimento
9h30 – Mística e Mesa de abertura;
10 horas - Palestra Terra em Alagoas com o Professor Sávio de Almeida;
12 horas – Almoço;
14 horas - Oficina A agroecologia: um modelo de vida.
24 de novembro
8 horas - Café da manhã;
9h30 - Palestra Campesinato em Alagoas com o Professor Cicero Albuquerque;
12 horas – Almoço;
14 horas - Desafios e propostas.
25 de novembro
9 horas - Encaminhamentos e avaliação.
"A sociedade brasileira e internacional precisa tomar consciência da gravidade da situação e exigir dos que usurparam o poder, que ponham um fim a este estado de violência e barbárie. Não é só o Brasil que sofrerá as consequências, mas todo o planeta". Confira a Nota na íntegra:
Diante das falas do Ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) durante a Conferência Mundial do Clima, a COP 22, em Marrakesh, no Marrocos, de 15 a 18 de novembro, a CPT vem a público manifestar sua indignação e repudiá-las.
As falas do ministro expressam muito bem o pensamento do atual governo usurpador sobre a realidade do campo, externando algumas das razões do desferido golpe contra a democracia representado pelo afastamento definitivo do governo de Dilma Rousseff, legitimamente eleita pelo voto popular.
Num cenário de uma crescente degradação ambiental decorrente do aumento do desmatamento tanto da Floresta Amazônica, quanto do Cerrado, e do descontrolado uso de agrotóxicos pelo agronegócio brasileiro, o ministro, conforme divulgado por diversos veículos de comunicação nacionais no dia 17/11, disse que ”a agricultura brasileira é a mais sustentável do mundo, todos os rios são protegidos por uma legislação. Mas, mais que a legislação são protegidos pela consciência dos produtores brasileiros.”
Comparou ainda a reserva legal de 80% na Amazônia a "um hotel de 100 quartos que só pode ocupar 20", e afirmou que as metas que o Brasil assumiu em relação às emissões dos gases de efeito estufa são somente intenção.
Mais grave ainda, o ministro se somou ao conjunto de autoridades policiais e do Judiciário que tentam jogar na vala comum dos desentendimentos pessoais os assassinatos em conflitos no campo, envolvendo o acesso e a posse da terra. Assim disse: “quando você vai no cerne da questão, você vai ver que tu tem problema de relacionamento de pessoas de determinados lugares e que não pode ser computado nesta questão”.
Ao ser confrontado pelas organizações da sociedade civil brasileira que acompanhavam a COP sobre dados da Global Witness, de que um terço das mortes de ambientalistas, 50 das 150, teriam acontecido no Brasil, a grande maioria na Amazônia, o ministro cinicamente disse: “Fico feliz em saber que de ontem para hoje morreram menos 150 ambientalistas, porque ontem ouvi que eram 200 por ano e agora diz aqui que foram 50”.
Enquanto o governo tenta fechar os olhos aos fatos, as violências e os conflitos crescem. Até final de outubro deste ano, o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da CPT, já registrava o mesmo número de assassinatos registrado em todo o ano 2015. Ainda estão sob análise diversos outros casos, exatamente para se evitar que sejam inseridos dados em que não haja clareza quanto à sua motivação. Comparados estes assassinatos aos de igual período de 2015 (41 assassinatos), são 22% a mais.
A Amazônia continua sendo o palco maior dos conflitos e da violência. De janeiro a outubro, em dados parciais de 2016, 75% dos conflitos por terra ocorreram na Amazônia Legal. O número de famílias expulsas aumentou 110%, com ações de pistolagem, passando de 438 em 2015 para 920 famílias expulsas em 2016. Houve ainda um aumento de 324% no número de vítimas detidas, criminalizadas, em geral nas ações de despejo. Famílias que são levadas à delegacia e fichadas, enquadradas nos crimes de formação de quadrilha e esbulho possessório, ou outras formas de violência “legal”.
Na Amazônia, ocorreram 39 assassinatos até final de outubro de 2016, 31 no mesmo período de 2015. As tentativas de assassinato deram um salto de 142%, passando de 19, em 2015, para 49, em 2016. Os ameaçados de morte passaram de 64 em 2015, para 103 em 2016, um aumento de 61%. O número de prisões teve um crescimento de 85%, passando de 45 presos em 2015 para 87 em 2016.
Isso deixa mais que claro que não se trata simplesmente de “problemas de relacionamento”, como disse o ministro, mas faz parte de um quadro muito grave propiciado pelo ambiente político golpista, marcado por perseguição, criminalização e eliminação de quem tente se opor aos que se consideram donos e senhores das terras, dos territórios.
A sociedade brasileira e internacional precisa tomar consciência da gravidade da situação e exigir dos que usurparam o poder, que ponham um fim a este estado de violência e barbárie. Não é só o Brasil que sofrerá as consequências, mas todo o planeta.
Goiânia, 21 de novembro de 2016.
Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra
Mais informações:
Cristiane Passos (assessoria de comunicação CPT) – (62) 4008-6406 / 9 9307-4305
Elvis Marques (assessoria de comunicação CPT) – (62) 4008-6414 / 9 9309-6781
Antônio Canuto (assessoria de comunicação CPT) – (62) 4008-6412
A Comissão Pastoral da Terra – Nordeste II (CPT-NII) esteve presente no Fórum anual de empresas e Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), realizado entre os dias 14 e 16 de novembro, em Genebra, na Suíça, para apresentar um dos casos de conflito territorial mais emblemáticos e ainda sem resolução no estado de Pernambuco.
(Por CPT Nordeste II)
Trata-se do conflito envolvendo a comunidade de pescadores artesanais e extrativistas costeiros marinhos que vivia nas ilhas de Sirinhaém, localizadas no município de mesmo nome, litoral sul do estado de Pernambuco. A luta pelo direito territorial da comunidade ocorre contra a Usina Trapiche, uma das maiores do estado de Pernambuco e fornecedora de açúcar para grandes multinacionais, como a Coca-Cola e PepsiCo, que também estavam presentes no Fórum acompanhando o debate em torno do caso.
Todas as famílias que viviam nas Ilhas de Sirinhaém foram expulsas do seu território tradicional pela Empresa Trapiche. Tal fato já foi, por si só, uma violação à legislação pátria e a todos os tratados e convenções internacionais referentes à proteção dos povos tradicionais de que o Brasil é signatário, ferindo também os Princípios orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos da ONU.
As famílias foram empurradas para as periferias de Sirinhaém, onde foram relegadas às favelas e a uma situação perversa de miséria e fome antes desconhecida, restando apenas os efeitos de uma demolição cultural, consistente no desenraizamento, no esfacelamento dos laços comunitários e na supressão da identidade e dos modos de vida tradicionais. Essas famílias viviam com dignidade antes da expulsão, pois, conforme muitos depoimentos, as ilhas de Sirinhaém era o “lugar bom de morar", porque "é lugar de barriga cheia”. Hoje, muitas dessas famílias passam fome e muitas se encontram enfermas, consequência da completa alteração em seus modos de vida.
A CPT alerta para a necessidade de comprometer também todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva do açúcar, pois considera que as grandes empresas multinacionais compradoras do açúcar da Usina Trapiche também possuem responsabilidades sobre os contextos de violações de direitos ocorridos no local. A existência da forte demanda de grandes empresas multinacionais pelo açúcar produzido nas Usinas do país acaba por incentivar a expansão da produção açucareira e contribuir para o acirramento de conflitos agrários que dizimam comunidades tradicionais.
Recentemente, com o apoio da OXFAM, a CPT tornou público o Relatório "Morrer de fome um pouco por dia - Impactos aos direitos humanos causados pela Usina Trapiche à comunidade pesqueira no município de Sirinhaém/PE", que apresenta análises sobre os impactos aos direitos humanos e territoriais da comunidade promovidos pela Usina. Na conclusão do estudo, foram apresentadas algumas recomendações direcionadas aos principais envolvidos no caso, especialmente aos órgãos e entes públicos, para que tomem medidas imediatas no intuito de reparar todos os direitos violados e também às empresas compradoras dos produtos da Usina Trapiche, como a Coca Cola e a PepsiCo. A principal recomendação contida no Relatório é que seja atendida urgentemente a demanda da população local e da comunidade expulsa do território que é a criação de uma Reserva Extrativista no local. O Governo Brasileiro foi convidado para debater sobre o caso durante o evento, mas não confirmou presença.
Mais informações:
Comissão Pastoral da Terra – Regional Nordeste II
Fone: (81) 3231.4445
Consternada, a Comissão Pastoral da Terra – CPT lamenta o falecimento de Jean Pierre Leroy, assessor da FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional e que atuou em tantos espaços de luta e troca de saberes vitais. Francês naturalizado brasileiro, filósofo, ex-sacerdote Oblato de Maria Imaculada, socioambientalista, era, sobretudo, educador popular.
Dele tanto aprendemos, acima de tudo o espírito inquieto, pioneiro, que enxerga longe, desde os pés bem fincados na realidade compartilhada do povo, dos pobres da Amazônia, dos territórios tradicionais e das periferias urbanas, protagonistas da transformação necessária deste mundo adverso a eles e a nós.
Sua atuação na Amazônia, iniciada em 1971, foi inspiradora da criação da CPT nos moldes em que se deu, como pastoral popular inserida no quotidiano de trabalho e luta das comunidades camponesas, determinante de todo seu procedimento, educativo e denunciativo, a conclamar cristãos, igrejas e sociedade ao compromisso com as causas dos povos do campo, das florestas, das águas, da natureza e da vida. Por nós tinha especial carinho e de nós muito respeito, admiração e atenção. A luta socioambiental no Brasil também deve muito a ele, todos somos testemunhas.
Sentimos sua perda, mas gratificados por sua trajetória entre nós, sentimo-nos co-responsáveis por seu legado, como a certeza que nos deixou: “(...) as nossas lutas devem nos fortalecer, pois são eles que têm as soluções e projetos para o amanhã”.
Goiânia, 10 de novembro de 2016.
Coordenação Executiva Nacional da CPT
Representantes de povos e comunidades tradicionais do Brasil e agentes das Pastorais do Campo (CPT, CPP, CIMI, Cáritas e SPM), reunidos no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia, GO, fomos informados da agressão policial perpetrada contra o MST, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema/SP, onde se encontra mais de uma centena de estudantes do Brasil e da América Latina. Entendemos que esse ato de violência é parte da “criminalização organizada” que agride frontalmente os movimentos sociais que lutam por seus direitos.
Repudiamos mais esse ato de violência e criminalização levada a cabo pelo Estado brasileiro em São Paulo, as também no Paraná e no Mato Grosso do Sul, e prestamos nossa solidariedade ao MST e a todos os atingidos por semelhantes agressões em todo o país.
Os movimentos sociais não são organizações criminosas e a luta por direitos é legítima.
Nos unimos a todos os lutadores e lutadoras desse país para evitar que nenhum direito seja tirado dos trabalhadores(as), das comunidades tradicionais e dos povos indígenas.
Luziânia, 04 de novembro de 2016.