Às vésperas do carnaval, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e o Serviço Pastoral do Migrante (SPM) vêm a público manifestar seu apoio à Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, diante da celeuma provocada pela reação de diversas entidades ligadas ao agronegócio e empresas de comunicação a ele subservientes, ao tomarem conhecimento da homenagem aos povos indígenas do Xingu, que vai ser tema da escola de samba no carnaval carioca deste ano.
Dificilmente exista um católico americano com mais de 45 anos que não conheça a Irmã Dorothy Stang. Isto é, eles conheceram a freira americana arquetipicamente alegre, sorridente e disposta a prestar ajuda, uma pessoa que se colocava tão firme quanto o Rochedo de Gibraltar quando a justiça aos pobres era ameaçada e que se organizava de forma mais rápida do que os governos eram capazes.
(Fonte: National Catholic Reporter - tradução de Isaque Gomes Correia | Reprodução: IHU )
Exige-se uma vida de fé e oração para fazer isto nos Estados Unidos. Requer-se uma forma de coragem cristã mais rara para fazê-lo num lugar longínquo.
No enterro da Irmã Dorothy Stang, em Anapu, no Pará, foi dito que a religiosa não estava sendo enterrada, mas “plantada” em solo brasileiro. O embaixador do Brasil em Washington disse numa cerimônia em homenagem à falecida missionária que as sementes dele já haviam brotado. Ele fazia referência ao compromisso do Brasil em acelerar os acordos de terra para locais de desenvolvimento sustentável a agricultores pobres.
E, no entanto, quando o sangue de Dorothy Stang se infiltrou na terra com as feridas das balas que lhe atingiram, ele fez mais do que plantar as sementes e a memória dela no Brasil. Ele também a vinculou a mais de um século de religiosas americanas que deixaram suas casas e aprenderam novas línguas a fim de entender as culturas das famílias ampliadas que elas se puseram a servir nos quatro cantos do mundo.
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Algumas morreram nas guerras e em levantes. Algumas morreram em paz e em idade avançada, outras faleceram de doenças rápidas demais para curar ou demasiado distantes de tratamento médico que poderia salvá-las. Todas estas agentes eclesiais morreram enquanto viviam e serviam, milhares de quilômetros longe de casa. A maioria estaria satisfeita com que os seus restos mortais fossem colocados nos lugares onde tiveram o privilégio de trabalhar.
Elas também foram plantadas. Suas mudas também são baluartes da fé comprometida com a transformação e a justiça. Certamente, as Dorothy Stangs dos Estados Unidos estão em menor número hoje. Onde certa vez havia muitas centenas, agora há algumas poucas dezenas.
Elas eram, e são, juntamente com os padres, irmãos e voluntários leigos, os melhores representantes que a Igreja Católica deste país tem a oferecer ao mundo. Dorothy Stang entendida como vida foi morta pela violência, como costumava dizer:
Felizes são os pobres...
Felizes são os que têm fome e
cede de justiça...
Felizes são os que promovem a paz...
A Feira Camponesa inicia suas atividades em 2017 já nesta quinta-feira, 2 de fevereiro. Em sua versão itinerante, o evento reunirá camponeses e camponesas para comercializar alimentos saudáveis ao lado da Igreja Menino Jesus de Praga, no Bairro do Pinheiro, em Maceió, Alagoas. A Feira funcionará das 6 horas às 20 horas, até o meio-dia do sábado (4).
(Fonte: CPT Alagoas)
Banana, mel, macaxeira, batata-doce, inhame, ovos, galinha são alguns dos alimentos trazidos do Litoral, Sertão e Zona da Mata diretamente para a mesa do maceioense. “Nossa feira possibilita o contato direto dos camponeses e das camponesas com a população de Maceió, sem atravessadores. Isso permite que o consumidor adquira o alimento fresquinho e por um preço justo”, afirma Heloísa Amaral, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Além de bons para o bolso, os alimentos cultivados nas áreas de reforma agrária também são benéficos para saúde. “Os produtos comercializados nos supermercados estão cheios de veneno. Nos assentamentos e acampamentos temos uma discussão para avançar na agroecologia, e a feira só conta com produtos agroecológicos, que são saudáveis e de qualidade”, completa Amaral.
A Feira Camponesa Itinerante no Pinheiro é uma realização da Pastoral da Terra e conta com o apoio da Paróquia Menino Jesus de Praga e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral).
Serviço
Feira Camponesa Itinerante
Dias: 2 a 4 de fevereiro de 2017
Local: Ao lado da Igreja Menino Jesus de Praga, Pinheiro
Horário: 6h às 20h (sábado encerra às 12h)
Mais informações: (82) 3221-8600
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), em parceria com a Vale Assessoria e a Cáritas Diocesana de Limoeiro, realizou nos dias 27, 28 e 29 de janeiro de 2017, na Área de Proteção Ambiental dos Currais, o 1º Módulo da Escola Camponesa, um curso de formação para jovens camponeses. Participaram 20 jovens dos municípios cearenses de Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe e Potiretama.
(Por Thiago Valentim* | Fonte/Imagem: EFA Jaguaribana)
A Escola Camponesa é um espaço de formação contextualizada, possibilitando aos camponeses e camponesas, especialmente a juventude, trocar experiências, adquirir conhecimentos, mudar a prática em vista da transformação das realidades de morte e destruição em realidades de vida com dignidade.
Baseada nos princípios da agroecologia, convivência com o semiárido e da educação popular, a Escola Camponesa possibilita o intercâmbio entre jovens em vista da construção de um projeto de vida da família camponesa. Muito já avançamos na agroecologia e na convivência com o Semiárido. Mas ainda há muito por fazer! Temos que fortalecer as experiências exitosas e difundir os aprendizados, as conquistas obtidas, para que mais famílias e comunidades assumam práticas agroecológicas, gerando qualidade de vida, renda e sustentabilidade socioambiental no campo, mas também para a cidade.
Neste módulo foram discutidas e aprofundadas as seguintes temáticas:
A realização da Escola Camponesa também está inserida dentro do processo de implementação da Escola Família Agrícola Jaguaribana Zé Maria do Tomé (EFA Jaguaribana), que deverá iniciar suas atividades em janeiro de 2018, na localidade de Currais de Cima, em Tabuleiro do Norte. A EFA será um espaço de formação técnica em agropecuária, integrada ao ensino médio, recebendo jovens rurais de municípios do Vale do Jaguaribe, que estudarão a partir da pedagogia da alternância.
A avaliação feita ao final do curso é bem positiva. Houve muita integração, participação, discussões aprofundadas sobre as temáticas do Semiárido e valorização da cultura camponesa, da comida, da festa, da dança, da música, da arte, na natureza do semiárido.
A 2ª etapa será realizada de 10 a 12 de março de 2017, também na APA dos Currais e irá discutir as seguintes temáticas: Manejo e conservação de solo; Sementes e casas de sementes; Manejo de culturas.
*Membro da coordenação executiva nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
No último dia 25 de janeiro, Antônio Canuto, membro fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), assessorou a segunda etapa da VI turma do curso de formação política para Cristãos Leigos e Leigas, que é promovido pelo Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP). Na oportunidade, ele abordou a realidade fundiária e agrícola do Brasil.
(Fonte: Assessoria de Comunicação da CPT | Imagem: CEFEP)
O assessor iniciou contextualizando o envolvimento da Igreja com a questão agrária no Brasil. Relembrou alguns documentos de bispos brasileiros preocupados com a possibilidade de o comunismo se estabelecer no meio rural, dado o tratamento que os trabalhadores recebiam. Depois destacou a Carta Pastoral de Dom Pedro Casaldáliga, "Uma Igreja da Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social", e os documentos dos primeiros anos dos anos 1970. "Y Juca Pirama, o índio aquele que deve morrer", "Ouvi os clamores do meu povo", e "Marginalização de um povo". Explicou ainda como surgiu a Comissão Pastoral da Terra (CPT) neste contexto. A seguir fez breves comentários sobre os documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de 1980, "Igreja e Problemas da Terra", e sobre o recente "Igreja e a Questão Agrária no início do Século XXI".
Depois desta introdução, Canuto pinçou alguns elementos da realidade agrícola e agrária brasileira destacando com mapas e quadros comparativos a concentração da propriedade da terra, o avanço do agronegócio com suas culturas, a desigualdade gritante que se vive no campo, consequência da concentração da propriedade.
Chamou a atenção ainda para os conflitos no campo e os números registrados pela CPT e para a realidade do trabalho escravo. Concluiu sua apresentação com leitura do texto de Cleber Busatto, Agro é Cídio.
A Formação
O Curso de Formação Política para Cristãos, Leigos e Leigas é promovido pelo Centro Nacional de Fé e Politica Dom Helder Câmara, sob a coordenação da Comissão Episcopal para o Laicato.
O Curso é desenvolvido em duas etapas presenciais de 15 dias cada uma. Este do qual Antônio Canuto participou é a segunda etapa do VI Curso, que teve início no dia 15 de janeiro. A formação é realizada em parceria com a Coordenação Central de Educação a Distância (CCEAD) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que fornece certificados de extensão universitária.
Centro Cultural São Paulo recebe mostra do fotógrafo catalão Joan Guerrero que aborda a vida do bispo.
(Por Marina Saran – Caros Amigos | Imagem: CRB)
A exposição Pere Casaldáliga, profissão: Esperança, sobre dom Pedro Casaldáliga, chega ao Brasil no dia 25 de janeiro, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), e permanece no espaço até dia 30 de abril. A mostra, com imagens registradas pelo fotógrafo catalão Joan Guerrero, esteve em maio de 2015 na cidade de Barcelona e, segundo Marta Nin, sub-diretora da Casa América da Catalunha, teve uma repercussão positiva. "O impacto foi muito grande. Na cerimônia de abertura eram muitos os que participaram e muitos também os políticos, intelectuais, artistas, jornalistas, empresários e missionários que estavam presentes".
A exposição registra o período de 2011 da vida de Casaldáliga e do povo de São Félix do Araguaia (MT), onde o bispo vive desde 1968, e virá com novidades para o Brasil. " Acrescentamos poemas e cartas escritas por dom Pedro que cobrem todos os períodos de sua vida. Tem uma carta em particular que desperta muito minha atenção por ele ter escrito aos 12 anos para os pais, anunciando sua vontade de entrar para o sacerdócio. Produzimos também um vídeo de personalidades brasileiras comentando o legado de Casaldáliga", afirma Marta Nin.
A diretora acredita que essa exposição é muito importante, pois nos lembra de resistir. “Os pensamentos de Dom Pedro são ainda muito reveladores e trazem toda luz para iluminar nossos tempos sombrios. Casaldáliga é um lutador incansável pelas causas em que acredita, ele é de uma fé profunda e ao mesmo tempo um revolucionário que lutou toda a sua vida para alcançar um mundo mais justo e próspero”.
Nascido Pere Casaldáliga, em Balsareny, na província catalã de Barcelona, ele veio ao Brasil como missionário e passou a viver na cidade de São Félix do Araguaia, onde recebeu inúmeras ameaças de morte. Ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também a Comissão Pastoral da terra (CPT). Durante o golpe civil militar, foi brutalmente perseguido e sofreu cinco processos de expulsão do País. Mesmo após o fim da ditadura, continuou sua luta em prol das comunidades menos favorecidas, principalmente dos indígenas e do Movimento dos Trabalhadores sem Terra.