Um homem de 47 anos foi baleado na noite desta quarta-feira (11) na Linha LC-105, na zona rural do município de Cujubim, estado de Rondônia. A vítima foi levada ao Hospital Municipal da região, e depois encaminhada ao Hospital Regional em Ariquemes, conforme informações iniciais.
A polícia suspendeu o despejo porque enquanto estava no local, funcionários do fazendeiro Binotto, que se diz dono da área, derrubaram com um trator a casa de dona Raimunda, o que segundo a diretriz de cumprimento de reintegração de posse é proibido.
Enquanto a polícia se deslocava da casa de dona Raimunda para despejar outra casa, o comandante da operação percebeu que havia perdido seu rádio. Ao retornar para procurar o aparelho, ele se deparou com o barracão de dona Raimunda sendo destruído por um trator com funcionários de Binotto, e devido a isso suspendeu a operação de reintegração de posse. Não sobrou nada da casa (veja nas fotos).
Foram detidos durante a ação os agentes da CPT Araguaia Tocantins: frei Xavier Plassat, Rafael Oliveira, Evandro Anjos e Pedro Antônio Ribeiro. Antônio Filho, agente da CPT Pará e dois posseiros da gleba Tauá também foram detidos. Eles foram encaminhados para a delegacia de Barra do Ouro (TO). Os advogados da CPT e da Comissão de Direitos Humanos da OAB foram até o local e estão acompanhado o caso. Os agentes da CPT deverão ser conduzidos para delegacia de Polícia em Araguaína onde prestarão depoimento.
A CPT irá, também, denunciar a truculência da polícia na ação, que foi filmada e fotografada, em que a filha de Dona Raimunda foi arrastada por policiais e dois agentes da CPT foram agredidos pelos mesmos.
Os trabalhadores afirmam que a propriedade de 500 hectares já está liberada pelo Incra/RS para assentamento de acampados no estado.
Dona Raimunda, de 73 anos e vivendo na Gleba Tauá há mais de 50, juntamente a 30 famílias estão sendo despejadas da área onde vivem há pelo menos três gerações nesse momento. Confira depoimento de agentes da CPT Araguaia - Tocantins sobre o despejo, com forte aparato policial.
(depoimento e fotos CPT Araguaia - Tocantins)
"Hoje é um triste dia! Um dia que vai ficar marcado na história! Nesse momento estão sendo despejadas cerca de 35 famílias tradicionais da Gleba Tauá no município de Barra do Ouro - TO.
Famílias que vivem nessas terras há mais de três gerações, essa é um terra da UNIÃO FEDERAL, mas que foi grilada pelo grupo Binotto, de Santa Catarina, que chegou e começou a ameaçar as famílias com pistoleiros, queima de barracos, matança de animais, desmatamentos, ameaças de morte. Essas famílias que estão sendo despejadas nesse momento já viviam nessas terras quando os grileiros chegaram.
A justiça por sua vez está cega ou pior se finge de cega, o juiz da comarca de Goiatins (TO) tem dado várias decisões a favor dos grileiros, sem pedir que se faça perícia na área, baseado apenas em documentos que não comprovam nada, e deixando de analisar todas as provas que as famílias apresentaram que vivem nessas terras há décadas. O Juiz não levou em consideração os vários documentos do ministro do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) onde nega o pedido de regularização fundiária feito pelo o grupo Binotto, que fracionou mais de 11 mil ha de terras da UNIÃO em nome de laranjas, formando um verdadeiro laranjal.
Pra onde vão essas famílias? No manual de diretrizes para cumprimento de reintegração de posse da Polícia Militar do Tocantins, diz que precisa ser feito um levantamento da área, e antes da PM ir dar apoio ao oficial de justiça no cumprimento da reintegração de posse, é preciso saber para onde vão essas famílias, é preciso ter um local pra levar os animais das famílias, e isso infelizmente não tem.
Triste dia esse, onde o poder econômico fala mais alto, onde a justiça mostra de que lado está, está do lado dos poderosos!
Indignados podemos afirmar que continuaremos a defender essas famílias, que vamos buscar dentro das decisões do juiz de Goiatins as contradições e omissões para oferecer uma denúncia no CNJ, e que qualquer violência a mais que seja cometida contra essas pobres famílias serão todas denunciadas".
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Após a tragédia, caso a lama permaneça “onde está, naquela região por muito tempo não vai nascer nada, não vai se plantar nada. O rejeito anda pode assorear a calha dos rios”, conclui professor da UFRJ.
Osvaldo Rodrigues Costa foi morto por pistoleiros. Outro trabalhador foi atingido por tiro no braço. Casa de presidente da associação dos trabalhadores, assim como várias outras, foi invadida. Família assistiu os criminosos destruírem seus bens. Liderança dos trabalhadores não estava em casa no momento da ação. Confira o documento: