Projeto de expansão do agronegócio em 73 milhões de hectares no “Berço das Águas” do país é emblemática de uma lógica de desenvolvimento que prioriza os ricos e historicamente privilegiados e exclui povos indígenas e comunidades tradicionais.
O Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA) Matopiba e os impactos do agronegócio nos territórios indígenas, quilombolas e camponeses é o tema da Audiência Pública que será realizada amanhã (8/11), às 9h, no Senado Federal. Solicitada pelas lideranças dos povos indígenas de Goiás e Tocantins durante a realização da III Assembleia dos Povos Indígenas destes estados, realizada em junho de 2016, em Palmas (TO), a audiência contará também com a presença de representantes dos quilombolas e de outras comunidades tradicionais.
Apesar de ser totalmente desconhecido pela maior parte da população, o Matopiba é um megaprojeto estratégico para o agronegócio, já que intensificará ainda mais a exploração agropecuária para exportação na região que é considerada a última fronteira agrícola do Brasil, abrangendo expressivas áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia – as iniciais destes estados deram nome ao plano.
De acordo com o Decreto Presidencial nº 8.447, de 6 de maio de 2015, a área do Matopiba envolve 337 municípios e 31 microrregiões, ocupando um total de 73 milhões de hectares, que abriga uma população de 25 milhões de habitantes. Estão dentro desta região 28 Terras Indígenas, 42 unidades de conservação ambiental, 865 assentamentos rurais e 34 territórios quilombolas. Nestes dados não estão contabilizados os territórios dos povos indígenas e quilombolas que estão em processo de reconhecimento, delimitação, demarcação ou titulação.
No último dia 19 de outubro, o Decreto Presidencial nº 8.852 extinguiu o PDA Matopiba. No entanto, para os povos indígenas e as comunidades tradicionais, o projeto em si – o “desenvolvimento” predador e excludente de uma das áreas mais estratégicas em termos de recursos hídricos do país e do mundo – continua sendo colocado em prática pelo agronegócio, causando a destruição do Cerrado e de suas populações.
China, Arábia Saudita, Índia e Emirados Árabes, dentre outros países, já manifestaram interesse em investir no Matopiba, especialmente pelo fato de que a crise mundial da água tem dificultado a produção agrícola em determinadas regiões do mundo. Em fevereiro deste ano, durante o evento "Diálogo Brasil-Japão – Intercâmbio Econômico e Comercial em Agricultura e Alimentos”, realizado em Palmas, o Japão, com uma delegação de cerca de 70 empresários e autoridades do governo, assinou um acordo de cooperação que permitirá investimentos na região de Matopiba.
Solicitada pelo Regional de Goiás e Tocantins do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Audiência Pública será presidida pelo senador Paulo Paim (PT/RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, e pela senadora Regina Sousa (PT/PI), e contará com os seguintes convidados: Felício de Araújo Pontes Júnior, procurador da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF); Joice Bonfim, da Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais da Bahia, Gecílha Crukoy Krahô, liderança Indígena do povo Krahô, Zilmar Pinto Mendes, liderança quilombola do Maranhão, e Isolete Wichinieski, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Serviço
O quê: Audiência Pública sobre o PDA Matopiba
Quando: 8 de novembro (terça-feira), às 9h
Onde: no Plenário 2, da Ala Senador Nilo Coelho, Senado Federal
Mais informações: Assessoria de Imprensa do Cimi/CPT
Patrícia Bonilha: 61 99979-7059
Elvis Marques: 62 99309-6781
A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado - que tem como tema ''Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida'', busca alertar a sociedade e denunciar a destruição do bioma Cerrado e as violências contra os povos e comunidades que vivem nesse espaço. A Campanha é promovida por 36 organizações, movimentos sociais e entidades religiosas, como a CNBB.
A Agenda Latino-Americana foi idealizada por Dom Pedro Casaldáliga e o teólogo José Maria Vigil e todo ano, desde 1992, busca divulgar as causas da região, principalmente ligadas aos temas indígenas, camponês, negritude, mulher e meio ambiente.
Sobre a devastação do Cerrado
De acordo com o Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martinelli & Moraes 2013), 901 espécies de fauna e flora estão ameaçadas. Na listas vermelhas nacional e internacional, 218 espécies de flora e fauna (incluindo invertebrados) são classificadas como criticamente em perigo. Muitas comunidades dependem da fauna e da flora para geração de renda e sustento de suas famílias: os frutos comestíveis são regularmente consumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos. Além disso, há os medicamentos naturais, uma infinidade de plantas são usadas ancestralmente pelas populações do Cerrado. O conhecimento dessas comunidades associado ao uso e à aplicação das plantas medicinais do Cerrado também se constitui em um patrimônio cultural de grande importância.
A estratégia de conservação do Bioma deve necessariamente passar pelo fortalecimento dos povos e comunidades e de seus modos de vida, o que implica o acesso garantido à terra e aos seus recursos. No entanto, essas populações sequer encontram segurança fundiária em seus territórios.
Serviço: Lançamento da Agenda Latino-Americana 2017
Data: 21.10.2016
Hora: 19h30
Local: Câmara Municipal de São Paulo
Endereço: Viaduto Jacareí, 100 - Bela Vista
Informações para a imprensa - Campanha em Defesa do Cerrado
Bianca Pyl | biancapyl@gmail.com | (11) 98580-4911
A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que tem como tema “Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”, será lançada durante coletiva de imprensa, às 14 horas desta terça-feira, dia 27, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. Após coletiva, os/as participantes promoverão um debate sobre o Cerrado.
“A Campanha, que já conta com a participação de 36 organizações, é fundamental para que todos conheçam o patrimônio histórico, cultural e biológico do Cerrado – seus povos, sua biodiversidade, e sua importância para a vida na terra –, já que sem Cerrado não há água e nem vida”, destaca Isolete Wichinieski, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – uma das entidades que faz parte da Campanha.
Participarão da mesa de lançamento a antropóloga e professora da Universidade de Brasília (UNB), Mônica Nogueira; o indígena Elson Guarani Kaiowá; a liderança do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), Zilmar Pinto Mendes; Pedro Alves dos Santos, da Articulação Camponesa do Tocantins; e Isolete Wichinieski, da CPT.
Sabia que 52% do Cerrado já foram destruídos? A Campanha tem como objetivo também alertar a sociedade e denunciar a destruição do Cerrado e as violências contra os povos e comunidades que vivem neste espaço. Zilmar e Pedro, por exemplo, são de estados atingidos pelo Plano de Desenvolvimento Agropecuário do MATOPIBA. E o indígena Elson, Guarani Kaiowá do Mato Grosso Sul, denunciará as inúmeras violências e violações contra seu povo.
Água – A água é o tema central da Campanha. Mas por que essa escolha? O Cerrado é conhecido como a “caixa d´água do Brasil” e “berço das águas”, pois é neste espaço territorial onde nascem as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata. “Nós dependemos de água para viver. 70% do nosso corpo é agua”, ressalta Isolete. “Defender o Cerrado é preservar as águas, é preservar a vida e todos e todas são responsáveis por isso”, completa.
A Campanha – A campanha é promovida por 36 organizações, movimentos sociais, e entidades religiosas, como a CNBB. Esse grupo, em sintonia com povos e comunidades do Cerrado, tem olhado com preocupação para o bioma, que tem sofrido ações devastadoras nos últimos tempos, assim como as pessoas que vivem nesse espaço.
“A campanha tem várias dimensões. Uma primeira é dar visibilidade à presença da diversidade humana, cultural e natural do Cerrado. Outra é visibilizar a importância do bioma para o conjunto da vida em outras regiões, isso quanto à questão da água, por exemplo. E ainda, por outro lado, mostrar como tudo isso está em risco. Por isso não é só uma campanha dos povos e organizações do Cerrado, mas de todos brasileiros”, destaca Gilberto Vieira, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização que também compõe a Campanha.
Objetivos da Campanha – Pautar e conscientizar a sociedade, em nível nacional e internacional, sobre a importância do Cerrado e os impactos dos grandes projetos do agronegócio, da mineração e de infraestrutura; dar visibilidade à realidade das Comunidades e Povos do Cerrado, como representantes da sociobiodiversidade, conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural dessa região; fortalecer a identidade dos Povos do Cerrado, envolvendo a população na defesa do bioma e na luta pelos seus direitos; e manter intercâmbio entre as comunidades dos Cerrados brasileiros com as comunidades de Moçambique, na África, impactadas pelos projetos do Programa Pró-Savana.
SERVIÇO:
Lançamento da Campanha em Defesa do Cerrado: “Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”.
Onde? Sede da CNBB – Brasília/DF – Setor de Embaixadas Sul, 801, Conjunto B.
Mais informações:
Elvis Marques (assessoria de comunicação): (62) 9 9309-6781
Isolete Wichinieski (Campanha em Defesa do Cerrado): (62) 9 8186-6964
Saiba mais:
Facebook: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida
E-mail: semcerrado@gmail.com
A Cidade de Goiás (GO) sedia, amanhã (9), a quarta edição do encontro “O grito e a resistência no Cerrado: sabores, saberes e fazeres dos povos deste chão”. O encontro tem objetivo promover a valorização pessoal e coletiva dos povos tradicionais do Cerrado goiano, seus saberes e fazeres, e proporcionar o intercâmbio entre as várias comunidades da cidade e do campo, além de envolver estudantes da rede pública e particular, e oferecer acesso à informação sobre a melhoria alimentar e as práticas populares de saúde.
(Por CPT Goiás | Imagem: Elvis Marques/CPT)
Esse encontro também apresenta os resultados da agricultura camponesa, inclusive das experiências agroecológicas na região. Desta forma, “O grito e a resistência no Cerrado” contribui para a melhoria ambiental global, ao buscar a proteção do Cerrado, sua biodiversidade e suas águas, por meio da proteção da cultura das populações tradicionais e suas relações saudáveis com o ambiente em que vivem, evidenciando e estimulando as ações de manejo sustentável em contraponto ao desmatamento.
O Encontro tem diversas atividades que acontecem simultaneamente no espaço montado atrás da Catedral de Santana, no Centro da Cidade de Goiás, e nos jardins do Palácio Conde dos Arcos. São palestras, exposições fotográficas, apresentações culturais, oficinas de preparação de garrafadas medicinais, raizeiros, benzedeiras, fiandeiras, violeiros, folia, fabricação de artesanatos em cerâmica, distribuição de sementes e mudas do Cerrado.
E nesta edição do evento serão lançados dois livros e a Campanha Nacional de Defesa do Cerrado, promovida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e dezenas de outras organizações e entidades.
O encontro “O grito e a resistência no Cerrado: Sabores, saberes e fazeres dos povos deste chão” é uma realização da Diocese de Goiás, através das Pastorais da Terra e da Saúde e dezenas de outros parceiros, apoio das escolas da cidade, movimentos sociais do campo, entidades da sociedade civil e instituições de ensino superior.
Amanhã, às 08 horas, também acontecerá, na Igreja Catedral de Santana, o debate de encerramento do II Seminário Nacional Agrotóxicos – Impactos Socioambientais e Direitos Humanos. E às 11 horas apresentação musical com Pedro Munhoz e Victor Batista.
Este ano o evento termina com a apresentação do espetáculo musical “Puro Brasileiro”, ás 20 horas, no jardim do Palácio Conde dos Arcos. É um trabalho teatral que mergulha em versões de sonoridade da Música Sertaneja Raiz, e ainda resgata causos, catiras e canções do folclore Goiano.
A programação completa segue abaixo.
SERVIÇO:
O grito e a resistência no Cerrado: Sabores, saberes e fazeres dos povos deste chão.
Travessa da Catedral Santana, Centro, s/no – Cidade de Goiás, GO
Sexta-feira-feira, 09 de setembro de 2016, das 8 às 22 horas. Entrada franca.
Contatos: Aguinel Fonseca – aguinel.fonseca@bol.com.br – (062) 99651-1676
Maria Luiza da Silva Oliveira – marialgoias@yahoo.com.br – (062) 3371-4736
PROGRAMAÇÃO:
A 3ª Semana e Romaria do Cerrado ocorrem entre os dias 02 e 10 de setembro em Canápolis, Oeste da Bahia. O evento tem como tema “Cerrado em Pé: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”. Confira mais informações:
Carta Convocatória da 3ª Semana do Cerrado
A realização da Semana do Cerrado no Oeste da Bahia surge a partir do contexto de intensa degradação deste bioma. Assim, sentido a necessidade de “dar voz” e “fazer ecoar” o “clamor” do Cerrado e do seu povo, as comunidades geraizeiras, entidades, organizações e movimentos sociais que atuam na região, tomaram a iniciativa de realizar a 1ª Semana do Cerrado envolvendo municípios na Bahia e no Norte de Minas, e teve sua culminância com a 1ª Romaria do Cerrado em Côcos, setembro/2014. Nesta Romaria foi entregue, de forma simbólica a um morador da comunidade de Riacho do Meio/Côcos, uma cruz de madeira, simbolizando o “calvário” dos povos Geraizeiros. Em setembro de 2015 foi realizada a 2ª Semana do Cerrado, que teve como objetivo o aprofundamento das reflexões entorno do Cerrado em um grande Seminário, com destaque para a criação do MATOPIBA. A culminância desta semana, assim como na 1ª semana, foi à realização da 2ª Romaria do Cerrado, onde o símbolo do “Calvário Geraizeiro” foi entregue a uma moradora da comunidade de Pedra Branca/Correntina, que tem como padroeiro São Francisco de Assis, “Santo da Ecologia Integral”.
As Semanas do Cerrado tem como objetivo a realização de visitas para levantamento de realidade; trocas de experiências; reuniões; palestras; celebrações nas comunidades, escolas e igrejas; audiências com órgãos públicos; seminários de formação e encaminhamentos; partilha de saberes e sabores nas comemorações culturais. Tais ações vão a cada ano dando ampla visibilidade aos problemas vividos pelo Cerrado e os seus povos, as Romarias do Cerrado, se somam a estas outras ações e por meio de rádios, faixas, panfletos e o “boca a boca” fazem com que milhares de pessoas se juntem entorno de um único objetivo a “Vida do Cerrado”.
A participação da sociedade civil junto aos organizadores destes eventos mostra o quanto este bioma é fundamental para nossas vidas. As vivências experimentadas, por meio da troca de saberes, trabalho voluntário, acolhimento solidário, integração de organizações e a exaltação a fé e a esperança como elementos fundamentais para a manutenção do “Cerrado em Pé” são elementos marcantes diante uma conjuntura hostil. Mantendo a tradição iniciada em Côcos em 2014, o “Calvário Geraizeiro”, que não é só dor e luto, mas inspiração à criatividade, à resistência, à luta e às ações na defesa do Cerrado fez a sua clausura durante um ano, junto a São Francisco de Assis na Pedra Branca, e agora é a hora de voltar às ruas, para como o “lenho da cruz” nos iluminar na construção de “Outro Mundo Possível”.
Impulsionados pela experiência das Semanas e Romarias do Cerrado realizadas anteriormente, e pela memória dos mártires da região, em especial a de Isaias Cândido de Souza, assassinado em Canápolis no dia 11 de setembro de 1983, que por uma triste coincidência é também o “Dia Nacional do Cerrado”, assim a 3ª Semana e Romaria do Cerrado será realizada em Canápolis-BA, entre os dias 02 a 10 de setembro de 2016. Este município, que já foi sinônimo de fartura com a cana de açúcar, a rapadura, os roçados, as veredas daí o nome Canápolis, por “conta de seus extensos canaviais”, hoje vive momentos de angústia por conta dos impactos socioambientais sobre os (as) Agricultores (as) Familiares, responsáveis pela economia do município. A grilagem, os desmatamentos, a escassez da água hoje assolam este povo sofrido, que com fé e esperança aceitou serem os condutores do “Calvário Geraizeiro”, e assim denunciar os desmandos do Agronegócio e anunciar que há outras formas de conviver com o “Cerrado em Pé” para que não tenhamos que viver “Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”.
O Cerrado é o bioma mais antigo do Brasil, pois a sua formação iniciou-se há cerca de 65 milhões de anos, sendo que a ocupação humana se dá há cerca de 10 mil anos antes do presente. Sua abrangência é de 192,8 milhões de hectares (22,65 % do território brasileiro), e está presente em 13 estados do Brasil, onde vivem aproximadamente 22 milhões de pessoas. Sua rica biodiversidade, com 14 fitofisionomias (microambientes), nos faz repensar que o correto seria chamar o que é Cerrado, no singular, de Cerrados, no plural. Nestas 14 fitofisionomias, estão 6.000 espécies de árvores, 837 espécies de aves, 195 espécies de mamíferos, 780 espécies de peixe e 113 espécies de anfíbios.
Por sua importância na produção de água, ao contribuir com as principais bacias hidrográficas brasileiras, o Cerrado é hoje conhecido como “Caixa D’água do Brasil” ou “Cumeeira da América do Sul”. Na Bahia, este bioma ocupa 21,4% da área do estado, que representa a área de recarga do Aquífero Urucuia, onde estão localizadas 03 bacias hidrográficas perenes: rio Carinhanha, rio Corrente e rio Grande seus afluentes e subafluentes, que segundo Hidrólogos da Agência Nacional de Águas-ANA, contribui em média com 30 % da vazão média natural em Sobradinho, alcançando valores entre 80 % e 90 % no período de estiagem, entre os meses de agosto e outubro.
Os dados recentes são “alarmantes”, visto o ritmo acelerado com que licenciamentos para desmatamentos e outorgas para a retirada de água estão se dando no Oeste da Bahia. Esta região fora incluída recentemente, em uma nova região geográfica brasileira, criada a partir dos interesses da expansão das fronteiras agrícolas junto aos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, consolidando o projeto denominado de MATOPIBA. Para o povo que vive e depende do Cerrado esta será a “Cartada final”, contra as áreas ainda preservadas, que são produtoras de água e mantenedoras da vida.
Alegres e confiantes, o povo organizado do Oeste da Bahia estará realizando a 3ª Semana e Romaria do Cerrado, com o tema “Cerrado em Pé: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”. Contamos com o envolvimentos de todos (as) durante o período de 02 a 09 de setembro de 2016 nas atividades da Semana do Cerrado, e a fim de conduzir pela 3ª vez o “Calvário Geraizeiro” às ruas que se façam presentes em Canápolis-BA no dia 10 de 2016. E que em sinal de esperança e fé possamos juntos dizer: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde adoremos!”
Organização: Paróquia de Canápolis, STR de Canápolis, Paróquia de Cocos, Paróquia de Correntina, PJMP, Pastorais, EFAPA, ACEFARCA, CPT, Pastoral do Meio Ambiente, MAB, APSFVIVO, AATR-BA, AAVV, STR de Correntina, Coletivo de Fundo e Fechos de Pasto, RODA, Movimento de Mulheres, SINDTEC, STR de Santa Maria da Vitória, STR de Cocos, Irmãs Filhas de Fátima, Guardados de Hermes – Comunidades Rurais de Canápolis, Santana, Serra Dourada, Cocos, Coribe, Jaborandi, Correntina, Santa Maria da Vitória–BA.
Organize, divulgue e participe – Contamos com a sua participação!
Comissão Organizadora da 3ª Semana e Romaria do Cerrado.
Mais informações:
CPT Bahia: (71) 3328-4672 / 3329-5750
Sertão Serrado, curta de 30 minutos, abriu a Mostra de Lançamento Nacional da 18º edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que ocorre anualmente na Cidade de Goiás, antiga capital do estado de Goiás. "Junto à Campanha em Defesa do Cerrado, esse documentário é mais um método de conscientização", destaca Dagmar Talga, diretora da produção.
(Por Elvis Marques, CPT e Coletivo de Comunicação do Cerrado)
O filme é uma produção da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Essá Filmes, com apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e do Gwatá - Núcleo de Agroecologia e Educação no Campo da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Mas a Campanha que Dagmar se refere foi lançada, também durante o festival, no último dia 17, e tem como tema "Cerrado, berço das águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida". O documentário, iniciado em 2015, integra a Campanha.
(Em breve o documentário estará disponível nos meios de comunicação da CPT e da Campanha do Cerrado).
Participaram da mesa de debates, após o lançamento da produção, o indígena Antônio Apinajé, o ator Eduardo Tornaghi e Isolete Wichinieski, da CPT - uma das organizações que compõe a Campanha em Defesa do Cerrado, são 36 até o momento.
"Eu acabei de ver o filme e estou impactado com as cenas e os discursos", disse, no início do debate, Eduardo Tornaghi, que contribuiu com a narração do documentário. "É a minha praia", brincou ele, que é um dos artistas do Movimento Humanos Direitos (MHuD). "Cada ser humano tem de se colocar dentro disso [na luta pela vida e meio ambiente], não só porque é nossa vida que está em jogo. É a nossa alma", afirmou.
Certamente não foi apenas Tornaghi que ficou indignado ao ver as cenas de conflitos e de destruição do Cerrado. No vídeo há fortes depoimentos de gente que vive no Cerrado, assim como imagens marcantes - tratores, em dado momento, usam fortes correntes para derrubar as árvores do Cerrado.
Pedro, indígena Guarani Kaiowá, denuncia os ataques promovidos por fazendeiros e pistoleiros contra o seu povo, além da matança de índios. Ele mesmo carrega as marcas de bala no corpo. Ivanilde, assentada em Goiás, destaca como seu assentamento tem sofrido com as pulverizações aéreas de agrotóxico. "Muitas pessoas estão com câncer, inclusive eu", conta. "Mas o que podemos fazer? Se ficar o bicho pega e se correr o bicho come", desabafa.
Para Dagmar, esse vídeo é uma importante ferramenta de informação e denuncia. "O documentário trata da destruição do bioma, da dizimação dos povos tradicionais, que são as pessoas que protegem o meio ambiente e que precisam da floresta para sobreviver. Ele [o documentário] tem um papel de informação, que a grande mídia não faz hoje", avalia.
SAIBA MAIS: Campanha em Defesa do Cerrado é lançada na Cidade de Goiás durante o FICA
"Eu, aqui na Cidade de Goiás, quero lembrar Dom Tomás Balduino e falar de esperança. Um dia ele falou 'A esperança não é a última que morre. A esperança é a única que nunca morre'', lembrou, durante debate, Antônio Apinajé. "Mas eu quero denunciar hoje que os indígenas e as comunidades tradicionais estão sob um fogo pesado dos poderosos. Isso vem do Congresso Nacional, do agronegócio, dos políticos, empresários", denuncia. Ao fim Antônio questiona: "Eu tenho minha família, meus filhos, meus netos, e fico pensando que futuro eles terão diante de toda essa destruição".
Informações técnicas
País: Brasil
Duração: 30 minutos
Sinopse: O filme integra a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado "Cerrado, berço das águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida", retratando o Cerrado brasileiro e a resistência dos povos tradicionais e originários, além dos conflitos agrários, o avanço da monocultura intensiva de grãos, a pecuária extensiva e os grandes empreendimentos hidrográficos e minerais. Diante do intenso processo de degradação dos bens naturais do Cerrado, o filme indica também, a partir dos conhecimentos científicos e populares, caminhos para a conservação deste bioma, especialmente da água, e para a construção de uma nova relação do povo que o habita.