Um dos momentos mais significativos dos Congressos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) é a Celebração dos Mártires, quando os participantes fazem a memória daqueles e daquelas que tombaram na luta.
O trabalho de Maria Tereza com alimentos orgânicos em Silvânia, município de Goiás, há vinte anos, a fez ficar curiosa diante das sementes crioulas expostas pelo aposentado Isac Miola. Essa exposição acontece na Tenda de Artesanato, onde vários participantes do IV Congresso Nacional da CPT, em Porto Velho (RO), vendem ou adquirem lembranças.
Hoje na Casa de Farinha do IV Congresso Nacional da CPT foi produzido açúcar mascavo. Anselmo Oliveira Duarte é quem estava responsável por apurar o açúcar. Ele é assentado no município de Nova Brasilândia, em Rondônia, e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ontem, nesse mesmo local, dona Josefa torrou farinha d'água.
No próximo dia 9 de agosto completará 20 anos do Massacre de Corumbiara, ocorrido em Rondônia. Dirinho, presidente do sindicato rural da região, participou do IV Congresso Nacional da CPT e falou sobre as duas décadas do ocorrido. Confira a matéria:
A Tenda do Rio Pacaás Novos, um dos espaços de debate e apresentação de experiências durante o IV Congresso Nacional da CPT, acolheu três experiências narradas pelos próprios protagonistas dessas historias que, imbuídos pelo espírito de Rebeldia, têm enfrentado o projeto de exclusão e extermínio que a classe trabalhadora do campo vem sofrendo.
O espírito de rebeldia das comunidades camponesas tomou conta e incendiou a plenária do Congresso da CPT, realizada na manhã desta quarta-feira (15/07). Na ocasião, foram realizadas a partilha e síntese das reflexões sobre as diversas experiências de rebeldias camponesas em curso no país e que foram debatidas nas tendas na tarde de ontem (15/07).
"Vim trazer fogo a Terra, e como gostaria que já estivesse acesso" (Lucas 12, 49)
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT / Imagens: Joka Madruga)
"Já chega de tanto sofrer, já chega de tanto esperar. A luta vai ser tão difícil, na lei ou na marra nós vamos ganhar"; "Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com os quilombos não assanha os guerreiros"; "Rebeldia necessária pra fazer reforma agrária". "Quando entrar naquela terra, não vamos sair, nosso lema é ocupar, resistir e produzir"; "E diga ao povo que avance!" "Juventude que ousa lutar constrói um Brasil popular!". Essas e outras palavras de ordem entoaram o início do terceiro dia do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, realizado na Amazônia, cidade de Porto Velho/RO.
Comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária, pequenos agricultores, presentes no Congresso, reproduziram na plenária verdadeiras cenas de enfrentamento que passam cotidianamente em seus territórios. Bandeiras, instrumentos de trabalho, como foice e enxada, tambores, música, dança - os instrumentos símbolos de rebeldia das populações do campo - foram convocados para fazer frente àqueles que insistem em oprimi-las. Entre eles capital especulativo financeiro, os latifundiários, o Estado, o poder judiciário, as empresas de transgênicos e transnacionais do agronegócio e seus agrotóxicos, as mineradoras, as barragens e outros grandes projetos do capital mundial e a ausência de escolas de educação do campo.
A partir das discussões e das apresentações realizadas, as comunidades reafirmaram a necessidade de fortalecer o espírito da rebeldia para a conquista de suas lutas. Também apontaram como elemento central a necessidade de construção de mecanismos eficazes de construção de unidade dos povos. "As lutas são locais, mas também são nacionais e internacionais. O inimigo é o mesmo", relataram à Plenária. A importância da participação da juventude e o fortalecimento do trabalho de base, de maneira mais intensificada e criativa, também foram destacados pelas comunidades fatores determinantes que impulsionam processos de superação das "barreiras e guilhões" que atingem as populações do campo.
"A rebeldia se apresenta como prática, a partir da construção de liberdade, a partir de uma educação libertadora e as tendas apresentaram, de forma muito expressiva, uma unidade que se reflete nas bases", ressaltaram os relatores das experiências de rebeldia. "Cantar no escuro não é uma novidade para os povos do campo. É uma tradição. Por isso, a memória dos que cantaram no escuro tem muito a nos dizer sobre a rebeldia e as lutas dos povos neste caminho para a libertação", ressaltaram os relatores das tendas.