Processos seletivos preveem novas inscrições em parcelas onde famílias já vivem há anos
Via CPT-Goiás
No primeiro semestre de 2022 a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou, por meio do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, 759 ocorrências de conflitos no campo no Brasil, envolvendo um total de 113.654 famílias. Esses números correspondem a 601 ocorrências de conflitos por terra, 105 ocorrências de conflitos pela água, 42 ocorrências de conflitos trabalhistas (41 casos de trabalho escravo e 1 caso de superexploração), 10 ocorrências de conflitos em tempos de seca e 1 ocorrência de conflitos em área de garimpo. A Amazônia Legal responde por mais da metade do total de conflitos no campo registrados no período. Além disso, em 2022, até agora, a CPT registrou 33 assassinatos, sendo 25 somente no primeiro semestre. Cinco mulheres foram assassinadas e esse é o maior número registrado desde 2016.
No dia 24 de outubro, próxima segunda-feira, a partir das 10 horas (hora de Brasília), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgará os dados parciais de conflitos no campo no Brasil em 2022. De acordo com os dados, aumentaram as ocorrências de conflitos por terra, resgatados do trabalho escravo e assassinatos em 2022. A Amazônia Legal responde por mais da metade do total de conflitos no campo registrados no período.
Desde o dia 26 de setembro, as comunidades de Brejo, Barreiro, Louro, Boiada, São Domingo, Riacho Fundo e Taquaril dos Fialhos, do município Licínio de Almeida, sudoeste da Bahia, paralisam a BA-156, estrada vicinal que liga o município a Brejinhos das Ametistas, para denunciar os impactos do tráfego dos caminhões que carregam minério de ferro da empresa Bahia Mineração (BAMIN), que se deslocam dia e noite na região.
O tráfego dos caminhões levanta e espalha muita poeira de pó de minério, o que afeta a saúde da população no entorno das estradas, em especial com doenças alérgicas em crianças e idosos. Além disso, o pó impacta também a produção da agricultura familiar, poluindo não só o ar, como também o solo e as águas. Por fim, a comunidade também denuncia o uso indiscriminado de água por parte da BAMIN, o que afeta o abastecimento hídrico local.
No ao passado, em 23 de setembro de 2021, a população de Licínio de Almeida fez uma mobilização solicitando o asfaltamento da estrada, porém os populares não foram ouvidos, e tampouco foram construídas soluções por parte do poder público para as denúncias realizadas. Diante disso, as famílias das comunidades retomam as mobilizações para garantir respostas. A mobilização segue por tempo indeterminado na expectativa que o estado possa ouvir a comunidade e abrir um diálogo para construção de soluções.
No dia 13 de outubro, as comunidades elaboraram um manifesto em que mais uma vez denunciam os diversos impactos causados pela mineradora e apresentam suas reivindicações ao poder público. Leia na íntegra:
A carta à nação de uma mulher preta, quilombola e camponesa da Amazônia, sobre a luta para manter sua família viva.
Esta é a quarta ofensiva contra as famílias sem terra que ocupam a área improdutiva de nome Fazenda 2 Rios
Via CPT-BA