A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), viemos por meio deste manifesto repudiar e denunciar o crime de barbárie cometida na tarde desta quarta-feira (04), no Setor Estiva, da Terra Indígena do Guarita, no município de Redentora, contra a jovem de apenas 14 anos, Daiane Griá Sales, indígena Kaingáng, moradora do Setor Bananeiras da Terra Indígena do Guarita. A jovem Daiane foi encontrada em uma lavoura próxima a um mato, nua e com as partes inferiores (da cintura para baixo) arrancadas e dilaceradas, com pedaços ao lado do corpo.
Temos visto dia após dia o assassinato de indígenas. Mas, parece que não é suficiente matar. O requinte de crueldade é o que dilacera nossa alma, assim como literalmente dilaceraram o jovem corpo de Daiane, de apenas 14 anos. Esquartejam corpos jovens, de mulheres, de povos. Entendemos que os conjuntos de violência cometida a nós, mulheres indígenas, desde a invasão do Brasil é uma fria tentativa de nos exterminar, com crimes hediondos que sangram nossa alma. A desumanidade exposta em corpos femininos indígenas, precisa parar!
Estamos aqui, reivindicando justiça! Não deixaremos passar impune e nem nos silenciarão. Lutamos pela dignidade humana, combatendo a violência de gênero e tantas outras violações de direitos. As violências praticadas por uma sociedade doente não podem continuar sendo banalizadas, naturalizadas, repleta de homens sem respeito e compostura humana, selvageria, repugnância e macabrismo. Quem comete uma atrocidade desta com mulheres filhas da terra, mata igualmente a si mesmo, mata também o Brasil.
Mas saibam que o ÓDIO não passará! Afinal, a violência praticada não pode passar impune, nossos corpos já não suportam mais ser dilacerados, tombado há 521 anos. Que o projeto esquartejador empunhado pela colonização, violenta todas nós, mulheres indígenas há mais de cinco séculos.
Somos 448 mil Mulheres Indígenas no Brasil que o estrupo da colonização não conseguiu matar e não permitiremos que a pandemia da violência do ódio passe por cima de nós.
Parem de nos matar! A cada mulher indígena assassinada, morre um pouco de nós.
Vidas indígenas importam. Gritaremos todos os dias, a cada momento, vidas indígenas importam. E a vida de Daiane importa. Importa para sua família, para seu povo. Importa para nós mulheres indígenas.
Somos todas Daiane Griá Kaingang!
Exigimos justiça!
“Era março de 2013, a gente tava colhendo palha pra fazer vassoura, quando veio um avião e deu um voo baixo, daqui a pouco veio um cheiro forte e eu gritei ‘É veneno!”
Texto e fotos: Ahmad Jarrah e Bruna Obadowski/ ALENTE
Via Articulação dos Povos Indígenas do Brasil/APIB
Os principais desafios da luta LGBTI no campo, numa perspetiva nacional e internacional, foram tema de discussão do segundo e último dia do Seminário Diversidade Sexual e de Gênero na Via Campesina Brasil, realizado de forma virtual neste último sábado (31).
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e parceiros, anunciaram em meados de julho os vencedores do 12° Prêmio Equatorial em reconhecimento às comunidades locais e indígenas de todo o mundo. As organizações premiadas apresentam soluções inovadoras para a preservação da natureza e da biodiversidade, alcançando também seus objetivos de desenvolvimento local mesmo em tempos de pandemia. Entre mais de 600 indicações de 126 países, selecionadas por um Comitê Consultivo Técnico de especialistas de renome internacional, a COOPCERRADO foi uma das vencedoras.
Nos dias 24 e 31 de julho, o coletivo LGBTI da Via Campesina Brasil realiza o Seminário Diversidade Sexual e de Gênero que tem como tema “LGBTI La Via Campesina: Colorindo territórios e semeando orgulho e resistência!”. Em razão da realização, acompanhe algumas das histórias que fazem parte das vivências LGBTI no campo brasileiro.