O estado acumula crescimento em casos de trabalho escravo e de trabalhadores resgatados, além de ações de pistolagem (256). Esses e outros números colocam o MT como líder no Centro-Oeste em conflitos por terra e água.
"Estamos há 15 anos na terra, agora sofremos dois despejos e ameaças pelos seguranças da fazenda, não podemos nem registrar um boletim de ocorrência, pois não somos reconhecidos". Este relato emocionado é de Marizete, trabalhadora da Gleba Pelicioli, situada na região de Santa Terezinha, no Mato Grosso.
Na última segunda-feira, 08 de maio, a Campanha Contra a Violência no Campo foi lançada em Mato Grosso do Sul. O evento aconteceu na sede do Armazém do Campo, em Campo Grande/MS e contou com a participação de diversos movimentos sociais e sindicais, autoridades, lideranças indígenas e camponesas, além de professores e pesquisadores universitários.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Mato Grosso realiza uma coletiva de imprensa, nesta terça-feira, dia 9, às 9h (horário de Cuiabá), para apresentar os dados e a 37ª edição da publicação anual Conflitos no Campo Brasil 2022, na sede regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Cuiabá (MT). O relatório reúne informações sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores(as) do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.
A classe trabalhadora brasileira vem sofrendo nos últimos anos condições de trabalho e de vida cada vez mais precarizadas. Não por acaso, é nessa conjuntura que muitas pessoas têm sido submetidas a situações desumanas de trabalho, obrigadas a trabalharem em condições degradantes, sem direitos básicos. Isso tem nome: trabalho escravo.
Em 2022, de acordo com os dados da Campanha Nacional da CPT contra o trabalho escravo, mais de 2.500 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo no Brasil, sendo 2.218 somente no campo, onde 207 casos foram identificados. Este é o maior número em 10 anos. Em comparação à média dos 8 anos anteriores, esses números apresentam uma multiplicação por mais de dois. Situação confirmada nos primeiros 100 dias de 2023: já foram identificados 67 casos e resgatadas 1.179 pessoas, sendo 962 só no meio rural. Alguns casos ganharam repercussão nacional na mídia, chamando a atenção da população e suscitando questionamentos a respeito da terrível exploração que está por trás da produção de vários itens que chegam às nossas mesas.
No dia 8 de maio, segunda-feira, às 18h (horário de MS), será apresentada ao público a Campanha contra Violência no Campo e a publicação anual “Conflitos no Campo Brasil 2022’’, que traz dados alarmantes sobre a violência no campo no país e no estado, registrados no último ano. O evento acontecerá no Armazém do Campo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Campo Grande (MS).
Página 113 de 205