Nesta sexta-feira, 5, às 19 horas, na Universidade Federal do Norte do Tocantins - Campus Cimba, em Araguaína, será lançada, pela CPT Araguaia-Tocantins, mais uma edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, ano 2022, produzido pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT). Com base nas ocorrências do último ano, a publicação revela dados estarrecedores sobre a violência no campo brasileiro, incluindo o Tocantins. Em 2022, foram registrados 66 casos de conflitos no campo tocantinense, vitimando diretamente 3.810 famílias, perfazendo um aumento de 25% em relação a 2021.
O lançamento acontecerá no Auditório do Bloco G no Centro de Ciências integradas da UFNT, Campus Cimba, durante o VI Seminário Integrado do Grupo de Estudos Agrários e Direitos Humanos, organizado com a CPT, o qual tem como tema: “A geografia dos movimentos sociais no campo do Tocantins: terra e resistência – O pão nosso de cada dia”. O objetivo do Seminário é fortalecer o conhecimento e acolher na universidade a pluralidade, ouvindo os vulneráveis que clamam por justiça no nosso campo e que, junto com as pastorais e os movimentos sociais, lutam pela reforma agrária, resistindo à grilagem e denunciando a impunidade dos que violentam os povos da terra.
Essa edição do Caderno Conflitos no Campo Brasil coloca em destaque as violências praticadas na Amazônia Legal e no Matopiba, dos quais o Tocantins é parte, e que representam mais da metade de todos os conflitos ocorridos no Brasil. O relatório também apresenta os números de resgates de trabalhadores encontrados em condição análoga à de escravo. No conjunto, os dados apontam para um acirramento das violências contra a ocupação e a posse, bem como contra as pessoas (assassinatos, lesões corporais, ameaças, despejos e expulsões), protagonizadas principalmente pelo Estado (principalmente pela sua omissão), pelos grileiros e seus serviços de pistolagem. Só em 2022, foram contabilizadas cerca de 504 ocorrências de pistolagem no estado.
No Tocantins, o lançamento do relatório ocorre em meio a um contexto de intensificação dos conflitos. No último dia 17 de abril, a CPT já registrou um caso de espancamento de um trabalhador rural, agredido por mais de dez pistoleiros, na Gleba Tauá, uma área situada no município de Barra do Ouro e que, comprovadamente, é da União. Impulsionados por discursos de ódio vindos de meios ruralistas, outros casos surgem em que tais cenas se repetem e onde famílias passam a viver sob constantes ameaças de pistoleiros a serviço da indústria da grilagem. Retratos de tantos outros ocorridos no Estado, esses fatos ilustram a truculência enfrentada por aquelas corajosas famílias camponesas que lutam pelo acesso à terra e pela sua permanência nela. Mesmo assim, o atual cenário tocantinense continua sendo de resistência por parte das comunidades afetadas pelos conflitos. Com seus apoiadores, elas buscam construir paz, dignidade e justiça social no campo, com base no direito. O Seminário de lançamento do Relatório contará este ano com a participação de membros da Articulação Camponesa do Tocantins, ao lado da Comissão Pastoral da Terra, da Universidade Federal do Norte do Tocantins, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, de representantes da Defensoria Pública do Estado, da Subdefensoria Pública Geral do Estado do Tocantins, da Procuradoria da República, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão e da sociedade civil em geral.
Outras informações:
Edmundo Rodrigues (CPT) – edmundorc87@gmail.com
Laudinha Moraes (CPT) – laudinhamoraes@hotmail.com