Observatório de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, lançado no dia 25 de agosto, em Belém (PA), visa conectar diversas organizações da sociedade civil, instituições de ensino e pesquisa na luta pela defesa do uso sustentável dos territórios comunitários no estado.
(Fonte: Pulsar / Foto: IEB).
Em Almeirim, no Pará, um grupo de mulheres extrativistas da comunidade Repartimento dos Pilões colhe da floresta os ouriços da castanha do Pará, cujas sementes tornam-se ingredientes para biscoitos. Na mesma região, em Belterra, agentes comunitários da Floresta Nacional do Tapajós (Flona) são pioneiros na iniciativa de venda de produtos madeireiros. O que estas duas realidades têm em comum? Ambas desenvolvem o chamado Manejo Florestal Comunitário e Familiar.
A técnica consiste no manuseio de produtos da floresta ao modo tradicional dos povos que nela vivem, valorizando seus conhecimentos ancestrais para o uso desses recursos de forma sustentável.
Na Flona do Tapajós o manejo é feito por meio da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona). De acordo com Manoel Sousa, presidente da Federação da Flona, além da exploração da madeireira, a cooperativa também trabalha com produtos não madeireiros como o óleo de andiroba e mel, que geram renda e autonomia para o território.
O manejo é uma atividade que difere do desmatamento. Segundo Sousa, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acompanha todo o processo de controle e fiscalização das madeiras.
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No entanto, segundo Dilva Araújo, vice-presidente da Associação dos Micro e Pequenos Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade Repartimento dos Pilões, mesmo sendo mais sustentável, a prática do manejo florestal ainda carece de incentivo. Araújo afirma que a falta de apoio e política para a atividade resultou na criação do Observatório de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, lançado na última sexta-feira (25), em Belém, no Pará.
A proposta visa conectar diversas organizações da sociedade civil, instituições de ensino e pesquisa na luta pela defesa do uso sustentável dos territórios comunitários no estado. O Observatório tem a participação de 14 organizações comunitárias que representam duas mil e 500 famílias de 11 territórios diferentes, entre unidades de conservação, assentamentos rurais e glebas estaduais.