COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Com o objetivo de resgatar a “proclamação de conhecimentos” dos anciãos aos mais jovens, um grupo de guaranis que cursa Licenciatura Indígena na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realiza neste sábado (19), de 8h às 12h, na Escola Municipal Pluridocente Indígena da Aldeia Três Palmeiras, o I Encontro Saúde e Saberes Tradicionais Guarani do Espírito Santo.

 

(Fonte: Fernanda Couzemenco, Século Diário / Imagem: Racismo Ambiental).

“A cultura é viva”, afirma Aciara Carvalho, professora de alfabetização nas escolas indígenas de Boa Esperança e Três Palmeiras, em Aracruz (norte do Estado), e uma das guaranis a cursar a Licenciatura Indígena. Mas essa tradição há muito não acontece na aldeia, lamenta, só em algumas famílias, internamente.

“Alguns anos atrás a reunião acontecia na Opy [casa de reza], no convívio, onde todo mundo comia junto. Hoje é cada um na sua casa”, observa, ressaltando também que as próprias casas de reza foram diminuindo de tamanho. “Antigamente eram amplas, hoje são pequenas, não cabe tanta gente quanto antes”, reclama.

Com o objetivo de “acordar a comunidade”, Aciara conta que ela e seus colegas universitários decidiram organizar esse I Encontro Saúde e Saberes Tradicionais Guarani do Espírito Santo, que acontece neste sábado (19), de 8h às 12h, na Escola Municipal Pluridocente Indígena da Aldeia Três Palmeiras.

LEIA MAIS: Após vitória, indígenas exigem que Temer respeite decisões do STF e revogue parecer sobre demarcações

Intercâmbio reúne 150 camponesas em defesa de uma vida digna no campo

Conjuntura e bens naturais são discutidos em encontro de formação no Oeste baiano

O evento tem articulação com a pesquisa Saberes tradicionais indígenas e produção de subjetividade: memória e políticas de saúde, coordenada pelo professor de Psicologia da Ufes, Fabio Hebert. “Não vamos para a comunidade dizer o que ela deve fazer”, afirma o docente e pesquisador da Ufes. “É um mapeamento, pensar as relações entre saberes tradicionais e processos de produção de saúde”, explica, com objetivo de “ampliar a potência de ação da comunidade e apoiar sua autonomia”.

A programação conta com seis atividades, incluindo um ritual de passagem dos meninos, com a “furada de beiço”, que marca a entrada na puberdade. Todas serão conduzidas por alguns dos anciãos e sábios das aldeias, com todo o conhecimento sendo transmitido aos mais jovens na língua Guarani.

“Nós vamos passar um resumo dos trabalhos para quem não entender a língua”, diz Aciara, com relação ao público não-indígena que for prestigiar o seminário.

Segue a programação:

  1. Marilza (Keretxu ~Edy) – Mitã Kwery pe omõgueta ba´eitxa pa oiko rã inhegwe pewe – A importância dos conhecimentos tradicionais para as meninas Guarani até o rito de passagem.
  2. Tereza (Djatxuka) – Inh~egwe wa´e omõgueta ba´eitxa pa yma we oiko araka´e, aegwe a~y ba´eitxa pa ikwairã? – Diferença de relação com os conheicmentos tradicionais entre as meninas Guarani ao longo do tempo.
  3. Joana (Tatatx~i Ywa Rete) – Ipurua ky´iwa´e pe omõgueta ba´eitxa pa opuru´a´i ogwereko rã odjedjogwa uka awã e~y? – Conhecimentos tradicionais importantes para o início da gravidez
  4. Marcelo (Wera Djekupe) – Om~eda ramo wa´e kwery ba´eitxa pa djogwereko´i rã djoupiwe oiko are awã? – Conhecimentos tradicionais importantes para os recém-casados alcançarem a longevidade no casamento
  5. Agostinho da Silva (Kwaray) – ba´eitxa nhãde ra´y kwery nhamõgueta rã ikwai porã awã tekoa – Conhecimentos tradicionais importantes no desenvolvimento dos mais jovens.
  6. Antônio Carvalho (Wera Kwaray) – História do rito de passagem e sua demonstração

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline