“O que faz me sentir mulher?”. Essa foi uma das perguntas norteadoras do I Encontro de Mulheres da Comissão Pastoral da Terra - CPT Bahia, que aconteceu entre os dias 16 e 17 de agosto, na sede da entidade, em Salvador (BA).
(Fonte: Assessoria de Comunicação - CPT Bahia / Foto: Gilmar Ferreira - CPT Bahia).
O encontro contou com a participação de 18 mulheres, agentes pastorais e voluntárias, que cantaram e contaram as suas histórias de vida e de suas ancestrais. As participantes refletiram sobre diversas questões: gênero, violência, sexualidade e o lugar da mulher na sociedade, na família e, principalmente, na CPT.
Além das mulheres, o evento contou com a ajuda de alguns agentes, que participaram realizando outros serviços, para que todas pudessem estar presentes, de todos os setores. Segundo Gilmar Ferreira, coordenador regional da CPT Bahia, o encontro trouxe um grande aprendizado. “Foram dois dias excelentes, experiência fantástica. Muito aprendizado não só para a vida pessoal, mas pensando no conjunto das relações homem e mulher, mulher e mulher, e homem e homem. Com esse momento, ganha toda a CPT”, disse.
Beth Siqueira, engenheira agrônoma e assessora de gênero do programa Pró-Semiárido, foi quem orientou as mulheres no encontro a buscar as respostas a essa e outras perguntas e refletir sobre o papel da mulher no mundo. Para ela, encontros como estes são importantes para o crescimento pessoal das mulheres e homens e, principalmente, das instituições.
“Quando uma instituição percebe que é necessário parar e refletir e desconstruir as formas de ver essa mulher, e de perceber a particularidade, diversidade de mulheres que temos envolvidas nesse trabalho é muito rico. Primeiro porque gênero é um conceito, o qual homens e mulheres são analisados a partir do que é construído na sociedade”, afirmou.
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Siqueira também trabalhou o conceito de patriarcado, falou sobre as relações de poder, dos espaços que as mulheres já ocupam, e que muitas delas não têm a consciência do seu papel, do que é ser mulher, tanto nos meios urbanos, mas, principalmente, no ambiente rural. De ter a consciência de que esses espaços são oportunidades para as mulheres se apropriarem e mudarem a realidade delas e da localidade.
“Muitas mulheres achavam que o único caminho seria o casamento, que essa era a única forma de estarem amparadas. Hoje as mulheres começam a perceber que elas querem muito mais do que uma relação conjugal, elas querem ser felizes e essa felicidade pode estar em participar, construir algo, em lutar por um objetivo maior. E o nosso trabalho tem contribuído sim nesse processo, quando a gente cria e constrói o espaço para que essas mulheres participem efetivamente e que sejam donas do seu querer, do seu corpo, e dos seus sonhos”, completou Beth.
Para Maria Aparecida Silva, da equipe Centro Norte de Bonfim, a discussão desse tema é necessária, principalmente observando que a sociedade não evoluiu na garantia dos direitos e da equidade de gênero. “Esse encontro das mulheres da CPT Bahia para discutir relações sociais de gênero, para discutir a partir das nossas convivências cotidianas, é um marco histórico para a instituição. Foi muito gratificante pra gente, falamos sobre as nossas experiências, as angústias e vivências, a partir das ancestrais, e aquilo que a gente entende por ser mulher”, contou.
Ao final do encontro, foram realizados alguns encaminhamentos, entre eles, o de dar continuidade a encontros que aprofundem temas como o patriarcado e o feminismo, assim como a percepção da importância de um momento de formação com os homens e ampliar essa discussão para as comunidades.