COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Desde a sexta-feira, 10 de setembro, famílias da comunidade quilombola Tanque da Rodagem, localizada em Matões, no Maranhão, impediam que funcionários, contratados por dois produtores de soja oriundos do Paraná, Eliberto Stein e Silvano Oliveira, se apropriassem novamente dos tratores que invadiram o território e desmataram imensas áreas de Cerrado na região. Acampados em um trecho da rodovia MA 262, as famílias vinham sendo ameaçadas por homens armados, que chegaram a impedir o acesso da Secretaria de Igualdade Racial à sede do município. Desde as primeiras horas do sábado, a Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT-MA), acompanhou a situação junto à comunidade.

No final da última terça-feira (14), uma ação da Polícia Militar apreendeu os tratores dos latifundiários e retirou a barricada construída para impedir o acesso à cidade. Apesar dessa ação, a comunidade segue acampada na rodovia junto a demais comunidades que se somam, já que homens armados continuam rondando o território. Diante desse cenário, a Articulação das CPT's do Cerrado manifesta apoio à luta do quilombo. Confira na íntegra:

Nota pública em apoio à luta do Quilombo Tanque da Rodagem

Malditas sejam todas as cercas!
Malditas todas as propriedades privadas que
nos privam de viver e de amar!
Malditas sejam todas as leis, amanhadas por
umas poucas mãos, para ampararem cercas e
bois e fazerem da terra escrava e escravos os
homens!

Dom Pedro Casaldáliga

A Articulação das CPT's do Cerrado vem a público manifestar solidariedade à comunidade quilombola Tanque da Rodagem, de Matões/MA, que segue acampada às margens da rodovia MA 262 em manifestação desde sábado (11), para denunciar a invasão de homens armados e desmatamento de campos de Cerrado dentro de seu território. A comunidade cobra do governo do Maranhão segurança para as famílias e a retirada de jagunços armados dos arredores da comunidade, bem como a regularização do território.  

Desde 2020, a CPT/MA e outras organizações sociais participam de diversas reuniões com órgãos de segurança pública do Maranhão cobrando providências em relação a uma série de conflitos agrários que envolve várias comunidades tradicionais, por conta da violência contra lideranças, grilagem de terras e destruição dos campos e florestas, que tem impulsionado recorrentes episódios de assassinatos de lideranças sindicais e comunitárias.  

A escalada da violência contra povos e comunidades tradicionais no estado do Maranhão nos causa indignação e horror. De 2020 para cá, já foram assassinados nove (9) trabalhadores, tornando o Maranhão um dos estados onde mais se derrama sangue de povos camponeses e tradicionais. 

Compartilhamos do entendimento que, esses conflitos e violências no campo, no Maranhão, são efeitos da perversidade do capital, que se intensifica com expansão da dita “fronteira agrícola do MATOPIBA”, através do latifúndio de monocultivos de soja, milho, capim e eucalipto, projetos de infraestrutura, mineração e etc. A voracidade do agronegócio e dos projetos de mineração encontra apoio nas ações e omissões dos governos locais para seguir destruindo territórios de vidas, transformando-os em terras de negócios.   

Por isso, REPUDIAMOS o silêncio ensurdecedor dos órgãos de segurança pública e ambiental do estado do Maranhão diante de mais esse ataque contra o Quilombo Tanque da Rodagem. 

Basta de violência contra os guardiões e as guardiãs do Cerrado!

Territórios livres já!

16 de setembro de 2021.

Articulação das CPT's do Cerrado

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