Por falta de ação do poder público, em Iranduba (AM), pacientes tratados em suas moradias só conseguem ter acesso ao insumo com ajuda de organizações voluntárias.
por Samara Souza e Juliana Pesqueira / Proteja Amazônia
Imagens: Samara Souza
Há oito meses Manaus vivenciou o primeiro colapso da saúde pública em decorrência da pandemia de Covid-19. Iranduba, por ser o município mais próximo da capital, sentiu imediatamente os efeitos. Com uma população de 49 mil habitantes e sem UTI, a cidade é exemplo do caos que se repete em municípios do interior do Amazonas e que se agravou durante a pandemia.
Para ir até o município de Iranduba são quarenta minutos de viagem saindo de Manaus. Ao passar pela ponte Phelipe Daou trechos da estrada AM-070 as obras dificultam o tráfego de pacientes em busca de leito em Manaus. Na estrada também foi possível observar uma grande movimentação em frente a um grande cemitério particular, com filas de carros funerários e familiares. A realidade daquele lugar parecia bem menos caótica que as imagens das covas coletivas abertas no cemitério Tarumã, em Manaus, ao longo de 2020.
Vidas irandubenses importam
Segundo o boletim divulgado pela prefeitura de Iranduba, o município chegou a contabilizar 29 óbitos no período de uma semana. Segundo relatos de moradores, o hospital Hilda Freire, que possui apenas 30 leitos e é referência para tratamento de covid-19 no município, chegou a ficar 12 horas sem oxigênio, o que causou pânico nos familiares que tinham parentes hospitalizados pela doença. A falta de oxigênio na cidade fez com que grupos de amigos se reunissem para ajudar as famílias afetadas pela covid-19.
Nesse contexto de urgência, a iniciativa Vidas Irandubenses começou a se mobilizar para divulgar listas de itens de extrema necessidade nas unidades de saúde. O primeiro foco da iniciativa foi conseguir oxigênio, depois observou-se a realidade dos acompanhantes, que precisavam não só de alimento, mas de cuidado psicológico. "A cada hora que o oxigênio acabava, era um desespero, um choro, um clamor, era uma tristeza só". Disse Marciely Gerônimo, 27 anos.
Ações de solidariedade estão sendo realizadas pelas CPT’s durante a crise da Covid-19
Marciely que também é acadêmica e técnica de enfermagem e está atuando como voluntária no Hospital Regional Hilda Freire, relata os momentos de terror: "Tinham famílias que pediam socorro, por celular, pessoalmente. Mesmo correndo risco eu precisava abraçar, era uma família. Foi um desespero muito grande, é uma dor muito grande."
Hoje o Projeto Vidas Irandubenses tem várias frentes de atuação, a mobilização entre os amigos fez com que se organizassem rapidamente e hoje possuem mais de 50 voluntários atuando nos hospitais, monitorando pessoas afetadas pela covid-19 em suas casas, administração, redes sociais, arrecadação e logística de entrega. Na linha de frente são 14 pessoas que estão diretamente atendendo às demandas das unidades de saúde e viabilizando as doações das diversas iniciativas interessadas em apoiar o projeto. A iniciativa já atendeu mais de 40 famílias e atua em UBS, Centro de Idosos, além do Hospital de Referência para combater o COVID-19 no município.
Hoje a principal demanda do município de Iranduba ainda é o oxigênio e EPIs como máscara NK95, avental, touca, luvas, entre outros, para os profissionais da saúde que estão trabalhando na linha de frente no combate à covid-19 no município. O projeto também necessita de doações de cestas básicas para ajudar as famílias afetadas pela covid-19.
Para saber mais e doar para o Projeto Vidas Irandubenses acesse:
Instagram:
https://www.instagram.com/vidasirandubenseofficial/
APOIA.SE
https://apoia.se/vidas-irandubenses
PIX
aureakatarina@gmail.com
(Aurea Katarina)