Os regionais da Comissão Pastoral da Terra já realizaram a distribuição de mais de 70 toneladas de alimentos arrecadados em ações de solidariedades pelo Brasil. Os trabalhos em conjunto com os movimentos sociais e populares são esperança para superar a crise epidêmica do coronavírus.
TEXTO: Caio Barbosa - Assessoria de Comunicação da CPT Nacional*
FOTOS: CPT-MS e CPT-AC
O Brasil tem atualmente mais de 60 mil casos de mortes confirmados, e mais de 1,5 milhão de infectados com o novo coronavírus. Além disso, outras crises sociais se agravaram neste período, desafiando não somente o Estado brasileiro, como também os movimentos sociais. Diante desse cenário, as pastorais junto aos movimentos sociais e populares se uniram e estão trabalhando para ajudar a população do campo e da cidade a superar e passar por esse período de pandemia.
Uma convocação foi feita pela Via Campesina Brasil para que os movimentos populares do campo e da cidade, igrejas, artistas, intelectuais, estudantes, governos estaduais e municipais se unam para defender a vida e a solidariedade. Em nota pública divulgada no final de março a organização e suas entidades se comprometeram a continuar produzindo alimentos agroecológicos e desenvolvendo ações de solidariedades voltadas ao abastecimento popular de comida e produtos de saúde. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) tem se mobilizado para ajudar a construir processos de arrecadação e distribuição de alimentos, bem como materiais de higiene básica. Os trabalhos de solidariedade realizado pelos regionais da CPT estão sendo fundamentais para levar alimentos e materiais básicos de higiene para as comunidades que estão
em vulnerabilidade neste momento de pandemia.
Já foram distribuídos mais de 70 toneladas de alimentos e materiais de higiene em vários estados brasileiros por meio das ações das CPT’s. Em ação conjunta da CPT-PA, Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e a Arquidiocese de Santarém (PA) e sob o slogan “Mãos que se dão com os pés no chão” a ação solidária de apoio das equipes pastorais e da instituição católica Misereor, já atendeu 100 famílias e comunidades em Santarém, no estado do Pará. Entre elas aldeias indígenas de Ipaupixuna, Açaizal, São Francisco da Cavada, Amparador e São Pedro do Palhão.
Ainda no norte do país, no Acre, a CPT-AC seguindo sua missão e preocupada com as famílias nestes tempos de pandemia não mediu esforços para contribuir com a segurança alimentar de mais de 800 famílias, em especial, os ribeirinhos, seringueiros e camponeses. Foram entregues cestas básicas e material de higiene e limpeza em quase 60 comunidades acreanas.
Outra ação das CPT’s foi a doação de 45 toneladas de alimentos produzidos por comunidades camponesas nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do
Norte entregues a famílias que estão sofrendo com os impactos decorrentes da pandemia do novo coronavírus. Também foram entregues a hospitais, presídios, casas de apoio a imigrantes, a crianças e a pessoas em situação de rua e de fome. Essa distribuição faz parte das ações do mutirão de solidariedade “Repartir a terra, partilhar o pão” realizada pelo regional Nordeste 2 da CPT em comemoração aos 45 anos da CPT no Brasil (22 de junho de 1975).
As comunidades e famílias do norte de Minas Gerais receberam mais de 3 toneladas de alimentos de uma ação conjunta do MST, da CPT-MG, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e o Quem Luta Educa, ação foi realizada na periferia de Montes Claros. Toda a produção agrícola vem de áreas de assentamento e acampamento do MST e foi distribuída para pessoas carentes da cidade, com destaque para as famílias da região da Vila Atlântida e famílias assistidas pela Paróquia São Francisco de Assis, na região do Grande Santos Reis.
No centro-oeste, os regionais da CPT também realizaram ações de solidariedade e apoio às famílias e comunidades em situação de vulnerabilidade. No estado do Goiás foram distribuídos alimentos e materiais de higiene para mais de 500 famílias acampadas, assentadas e de comunidades quilombolas. As famílias goianas foram beneficiadas por uma ação organizada por seis Dioceses juntamente à CPT-GO.
No estado do Mato Grosso, a CPT-MT com o apoio do Tribunal Regional do Trabalho conseguiu realizar a distribuição de 270 cestas que foram entregues para pessoas em situação de rua nas periferias de Cuiabá e em Acorizal. No Mato Grosso do Sul a distribuição das cestas de alimentos contemplou 375 famílias, distribuídas em acampamentos, assentamentos e comunidades indígenas dos Guaranis Kaiowás. Uma ação desenvolvida pela parceria entre a CPT-MS, Conselho Indigenista Missionário - Cimi, MST, voluntários do Assentamento Nazareth e grupos organizados dos indígenas de Caarapó.
As comunidades indígenas vivem e se organizam em seis acampamentos (Kunumi Verá, Guapoy, Tey’i Jusu, Jerky Guasu, Nhamoi Guaviray e Nhandeva) em áreas de Retomadas localizadas no entorno da Reserva Indígena de Tey’i Kue, no Município de Caarapó, a 280 quilômetros da capital do Estado. As áreas de Retomadas trazem junto com o acesso à terra, a revitalização da cultura originária destes povos e a busca pela soberania alimentar, diante do dramático quadro de fome que assola hoje os Guarani Kaiowa.
Para além das ações solidárias da CPT’s na arrecadação e distribuição de alimentos e produtos de higiene e saúde, os movimentos sociais do campo e da cidade também estão trabalhando para levar alimentos para a população em estado de vulnerabilidade social. O MPA, MST e MAB juntos já superaram a marca de 1.000 toneladas de alimentos doados para as famílias brasileiras.
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*Reportagem produzida para o Jornal Pastoral - acesse aqui.