Ação da Polícia Militar em região de comunidades tradicionais, no mês de agosto, foi acompanhada por relatos de torturas, prisões ilegais e perseguição, além de terem sido registradas execuções
Imagem: Reprodução/IHU
Leia abaixo a nota na íntegra:
Violêcia da Polícia Militar no Rio Abacaxis foi um massacre à indígenas e comunidades tradicionais
Integrantes de uma comissão do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Ministério Público Federal (MPF/AM) e representantes de entidades da sociedade civil em visita às comunidades do rio Abacaxis (Município de Nova Olinda do Norte – AM),entre os dias 21 e 24 de agosto passado, voltaram horrorizados com o tamanho da violência e do terror que se espalhou entre os ribeirinhos e indígenas, com a presença da Policia Militar na região.
Entidades denunciam, em manifesto, ação violenta da PM na região do Rio Abacaxis (AM)
Execuções, torturas, prisões ilegais, perseguições e destruição de patrimônio são alguns dos crimes e ilegalidades elencadas preliminarmente. Em depoimento, moradores da localidade disseram que não estão mais se alimentando, não conseguem dormir direito e qualquer ruído de lanchas trafegando na localidade causa medo.
Ali agora se encontram agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança. Porém, essa presença está longe de se traduzir em paz para moradores da cidade e das aldeias e comunidades do interior. Na sede municipal ainda se ouvem denúncias de violações praticadas pela Polícia Militar, apesar da PM ter saído da região do rio Abacaxis.
Ação policial na região do Rio Abacaxis, no Amazonas, deixa rastro de sangue e violência
São muito animadoras as notícias de que as investigações estão em andamento e que há um empenho das autoridades federais na apuração dos crimes ali cometidos.
Não se percebe o mesmo empenho por parte das autoridades estaduais (Governador, Corregedoria da PM, Comissão de Segurança Pública e Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Assuntos Indígenas e Legislação Participativa ALEAM) no âmbito de suas devidas competências. Há um silêncio estrondoso que sequer questiona a ação da PM e o posicionamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas nesse episódio sangrento. Pessoas inocentes - que não tinham passagem pela polícia, não eram envolvidas com tráfico de drogas e estavam vulneráveis na presença de policiais militares fortemente armados- foram vítimas de brutalidade, ilegalidades e violações dos Direitos Humanos pela PM no Rio Abacaxis.
CNBB Regional Norte 1 publica nota em manifestação à ação da PM no Rio Abacaxis
A informação que os órgãos de segurança têm prazo limitado para permanecer em Nova Olinda do Norte deixa apreensivos os indígenas e comunidades tradicionais, pois mesmo de forma temporária é a única presença efetiva do Estado naquela região.
As entidades e organizações signatárias da presente Nota manifestam-se em apoio às investigações para que sejam céleres e profícuas a fim de que todas as violações e crimes sejam apurados e os responsáveis devidamente penalizados nos termos da Lei. Exigimos a devida proteção das comunidades e testemunhas bem como o imediato afastamento do Comando da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública para garantir a plena apuração dos crimes cometidos pela PM do Amazonas no Rio Abacaxis.
Manaus (AM), 08 de setembro de 2020.
Assinam
- Articulação das CPTs da Amazônia.
- Articulação de Agroecologia na Amazônia - ANA Amazônia
- Arquidiocese de Manaus
- Associação Comunidade Wotchimaücü - AcW do Povo Tikuna em Manaus.
- Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro - AMARN
- Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Amazonas – ADEPAM
- Associação de Produtores Rurais Unidos Venceremos - APRUVZF4
- Associação dos Moradores da Compensa
- Associação Nacional dos Professores Universitários de História - ANPUH Amazonas
- Casa da Cultura Urubuí - CACUI
- Central de Movimentos Populares – CMP
- Central Sindical Popular CONLUTAS - CSP CONLUTAS Nacional
- Central Sindical Popular CONLUTAS - CSP CONLUTAS/Amazonas
- Centro Brasileiro de Estudos de Saúde - CEBES
- Comissão de Defesa dos Direitos Humanos de Parintins
- Comissão do Laicato do Regional Norte I
- Comissão Pastoral da Terra Arquidiocesana de Manaus
- Comissão Pastoral da Terra Arquidiocesana de Santarém
- Comissão Pastoral da Terra Regional Acre
- Comissão Pastoral da Terra Regional Amazonas
- Comissão Pastoral da Terra Regional Amapá
- Comissão Pastoral da Terra Prelazia de Itacoatiara
- Comissão Pastoral da Terra Regional Pará
- Conferência dos Religiosos (as) do Brasil - Regional AM/RR
- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB Regional I
- Conselho do Laicato - Prelazia de Itacoatiara
- Conselho Indigenista Missionário - CIMI Regional Norte I
- Conselho Nacional das Populações Extrativistas - CNS
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia – COIAB
- Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Amazonas - FETAGRI
- Frente Amazônia de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas – FAMDDI
- Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas – FOREEIA
- Jubileu Sul Brasil
- Levante Popular da Juventude
- Mandato Popular do Deputado Federal José Ricardo
- Movimento Comunitário Pela Cidadania/ Rádio Comunitária A Voz das Comunidades
- Movimento dos Padres em Novas Dimensões da Amazônia
- Movimento Nacional de Luta pela Moradia
- Movimentos dos Trabalhadores Cristãos - Grupos do Amazonas
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Nacional
- Núcleo Amazonas do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde - CEBES
- Núcleo de Direitos das Comunidades Indígenas da Comissão de Direitos Humanos OAB-SP
- OSC Superação Manaus
- Pastoral da Educação Diocese Barra do Piraí - Volta Redonda
- Pedagogos das Escolas Públicas do Ensino Básico de Manaus - Asprom Sindical
- Prelazia Apostólica de Borba
- Prelazia de Itacoatiara
- Rede de Assessores, Assessoras e Cuidantes da Juventude – RACJ
- Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES
- Serviço Pastoral dos Migrantes
- Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo – SASP
- Sindicato dos Sociólogos do Amazonas – SindSocio Sindicato dos Professores e
- União dos Povos Indígenas do Vale do Javari - UNIVAJA