A Articulação das CPT's da Amazônia divulga nota de solidariedade à equipe da Comissão Pastoral da Terra no Amapá, por ocasião da agressão sofrida por Dennis Koltz enquanto desempenhava trabalho pastoral na comunidade Campina do São Benedito, no Amapá, na terça-feira (25).
Disse o Senhor: "De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo”. Êxodo 3:7
A Comissão Pastoral da Terra expressa toda solidariedade à equipe da Comissão Pastoral da Terra no Amapá, especialmente aos Padres Dennis Koltz e Sisto Magro, missionários do PIME. Padre Dennis – que junto a Padre Sisto coordena a CPT no estado do Amapá – foi atacado violentamente, na terça-feira, 25 de fevereiro, por um fazendeiro de soja na área de Campina do São Benedito, Pacuí. O Estado do Amapá sofre por décadas com a invasão do latifúndio e mais recentemente com o monocultivo da soja, que têm como principais mecanismos o desmatamento e a grilagem de terras públicas, estas ocupadas pelas populações locais.
Em uma ação para verificar uma placa de licenciamento para desmatamento, que estava vencida em agosto de 2019, o padre Dennis Koltz foi violentamente atacado pelo suposto dono da fazenda, no local onde estava a placa. Foram socos desferidos em seu tórax, assim como várias ameaças contra sua vida, por uma pessoa de nome Mario Junior Rocha, que não satisfeito com a tamanha violência, ainda jogou seu carro contra o carro do Padre Dennis Koltz, o carro tinha como segundo ocupante o Padre Sisto Magro.
Para descaracterizar a violência, o agressor, Mário Junior, foi até a delegacia de polícia registrar Boletim de Ocorrência contra o Padre Dennis Koltz, na tentativa de inverter a origem da violência.
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Vários estados da Amazônia estão sendo tomados por produtores de soja, em geral, vindo do Sul do país, que em uma ação colonizadora invadem as terras e expulsam os seus moradores – pequenos camponeses e comunidades tradicionais –, cometendo as mais diferentes formas de violência.
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A CPT completa neste ano de 2020, 45 anos de serviço junto aos povos do campo. Em Macapá o trabalho desenvolvido por seus agentes e coordenadores tem contribuído na luta e resistência das comunidades rurais. Este acompanhamento e serviço denuncia há décadas as irregularidades e ataques aos mais desfavorecidos no Estado do Amapá. Estas pessoas sofrem com a violência cometida pelo latifúndio e com aqueles que, em busca do lucro fácil, não hesitam em desmatar e expulsar as inúmeras comunidades locais, inclusive com a omissão e conivência de agentes e órgãos do próprio Estado.
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A CPT tem como missão manter viva a memória do evangelho da vida e da esperança, sendo sempre fiel ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra, ouvindo e atendendo o clamor que vem do povo do campo e das florestas, como ensina Jesus.
Neste sentido, em solidariedade com a Diocese do Macapá, repudiamos toda a violência cometida contra o povo de Deus, bem como as ameaças contra toda a comunidade de Campina do São Benedito, e a violência cometida contra o padre Dennis Koltz. A CPT acredita que a justiça, ainda é a esperança de dias melhores. Exigimos que todos os instrumentos legais sejam usados para impedir o desmatamento ilegal, a usurpação de terras das comunidades tradicionais e a escalada de violência.
Amazônia Legal, 27 de fevereiro de 2020.
Articulação das CPT’s da Amazônia