Nos dias 12 a 17 de julho, Porto Velho, na Rondônia, acolherá os participantes do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Congresso que marca os 40 anos da CPT e acontece na Amazônia, seu berço de inspiração. O local será o Campus da Universidade de Rondônia (UNIR), que acolheu com entusiasmo a realização do Congresso e disponibilizou toda a estrutura necessária para o evento. E nos brindará com uma extensa área de floresta amazônica.
(Por Thiago Valentim*)
O Congresso é um momento estratégico para a CPT. Deverão participar cerca mil pessoas de todo o país, entre agentes da Pastoral, trabalhadoras e trabalhadores, assessoras e assessores, convidadas e convidados. Também participarão agentes históricos que ajudaram a construir a CPT nestes 40 anos e representantes de pastorais, movimentos e organizações parceiras. A maioria dos participantes serão trabalhadoras e trabalhadores. O Congresso vai escutar o que eles dizem à CPT para o seu trabalho pastoral. Este é o objetivo.
Inspirado no poema de Thiago de Mello, o tema escolhido para este Congresso é: Faz escuro, mas eu canto! Memória, Rebeldia e Esperança dos Pobres da Terra. Mesmo diante da noite escura por que passam nossas comunidades, diante do descaso político em reconhecer os territórios a que povos e comunidades têm direito, da impunidade que marca a (in)justiça brasileira, a CPT não desiste de ser companheira dos que sofrem.
Serão cinco dias intensos de debate em torno da conjuntura atual do país e das Igrejas, de celebração, de convivência, de troca de experiências e de pensar a ação da CPT para definir suas prioridades para os próximos anos.
Como o Congresso está preparado
O Congresso está sendo gestado há meses nos Regionais e em nível nacional, com encontros, celebrações, estudos, orientados pelas duas edições do Almanaque Poronga. O Poronga trouxe histórias de lutas camponesas, memórias da caminhada da CPT, informações sobre o Congresso, recheado com receitas, piadas, trava-línguas, curiosidades, você sabia?
A equipe da CPT Rondônia se empenhou em mobilizar seus agentes e diversos parceiros locais para preparar toda a infraestrutura necessária para bem acolher os participantes.
Os dias 11 e 12 serão dedicados à acolhida das caravanas que chegarão de todos os estados do país. Será também dias de preparação e ornamentação do ambiente, organização das cozinhas, das salas de plenária.
No dia 13, a celebração de abertura preparada pela Grande Região Noroeste que dará as boas vindas a quem vem de fora! Com símbolos que marcam a região amazônica – a poronga, a canoa, a farinha, o açaí – terá início o Congresso.
A análise de conjuntura, na primeira manhã, olhará para a realidade política e econômica do país, e neste cenário, a situação das comunidades camponesas e dos povos tradicionais. Depois da apresentação, a fila do povo, momento em que os participantes terão a possibilidade de expressar seus pensamentos e visões. Certamente ficaremos impressionados com a capacidade de trabalhadoras e trabalhadores fazerem suas análises diante da conjuntura, de perceberem os desafios e os caminhos que irão apontar para o fortalecimento da luta, da organização popular.
Tendas
As atividades das tardes serão desenvolvidas nas tendas, que são espaços de discussão e de troca de experiências. Serão organizadas 07 tendas, identificadas com nomes de rios de Rondônia: Madeira, Pacaás Novos, Guaporé, Mamoré, Machado, São Miguel, e Rio Branco. Em cada uma serão apresentadas as experiências que os regionais da CPT selecionaram. Cada dia com uma temática: Memória, Rebeldia e Esperança. Serão cerca de três experiências em cada tenda (21 experiências por dia), com posterior debate entre os participantes. O resultado da reflexão em cada tenda será socializado na grande plenária, na manhã seguinte. Cada tenda terá a contribuição de um relator e de assessores, que ajudarão na reflexão e na coleta de elementos importantes para a síntese na grande plenária.
No quarto dia, serão debatidas nas tendas as prioridades da ação da CPT para os próximos anos, que serão definidas e aprovadas na manhã do último dia.
Momentos celebrativos
O que vai marcar o Congresso serão os momentos de celebração construídos sobre a mística libertadora, a profecia, a Palavra de Deus encarnada na vida e na cultura dos povos. Cada manhã será aberta com uma celebração preparada por uma das grandes regiões, que trarão elementos das culturas locais, da religiosidade e das lutas populares. Celebrações em que estará presente o caráter ecumênico da CPT.
No espaço do Congresso será montada a Tenda dos Mártires da Caminhada, onde se fará memória de homens e mulheres que doaram suas vidas pelas vidas de milhares de irmãs e irmãos. Além da Tenda dos Mártires, acontecerá a Caminhada e Celebração dos Mártires, próximo à Hidrelétrica do Madeira. Nesta caminhada, se fará memória de tantas pessoas que trabalharam, sofreram e morreram na construção da Estada de Ferro Madeira-Mamoré e dos conflitos e da violência que a Usina ali instalada está gerando para as comunidades ribeirinhas e as populações urbanas da região.
Cozinhas e festa
A partilha do alimento será outro momento forte do Congresso. Serão instaladas cozinhas para cada uma das grandes regiões que trarão alimentos de seus estados. Os cardápios privilegiarão pratos regionais e receitas caseiras das comunidades. A diversidade de alimentos e pratos revelará a riqueza dos sabores deste imenso Brasil.
A animação é marca de todos os congressos da CPT. Os participantes cantarão canções de luta, de caminhada, com letras que expressam os sentimentos e sonhos de quem batalha por um tempo novo. Diz Carlos Mesters: “Luta sem festa, derrota na certa. Festa sem luta, vitória falsa”. Afinal, é isso que nos inspira o poema de Thiago de Mello, tema do Congresso: “Faz escuro, mas eu canto!”.
Durante as noites acontecerão diversas apresentações culturais. Os Regionais com seus artistas terão a possibilidade de expressar sua arte e suas canções.
O Congresso deverá, ao final, se manifestar, posicionando-se, diante da atual conjuntura e reafirmando o compromisso da CPT com a justiça social e a transformação da sociedade.
*Membro da Coordenação Executiva Nacional da CPT
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