As filas do povo são um dos espaços mais interativos e expressivos do III Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, onde os trabalhadores e trabalhadoras rurais, agentes pastorais e convidados têm a oportunidade de retirarem suas dúvidas sobre as palestras, expor suas ideias e denunciar os casos de conflitos agrários.
A participante Maria Teresa Bintencourt, 49, da comunidade quilombola de Cruzeiro no município de Palmeirândia, no estado do Maranhão, ressaltou que várias áreas estão sendo tomadas por fazendeiros e ainda denunciou a inoperância do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “A gente ia ao Incra para fazer a vistoria, eles diziam que não tinha antropólogo. E agora que nós temos o registro de certificação das terras, eles não têm recursos”, relembrou revoltada.
No local vivem 250 famílias, mas já são mais de 200 anos de história e tradição cultural na região. A Fundação Cultural Palmares, órgão interligado ao Ministério da Cultura, reconheceu a comunidade no ano passado, mas o documento estava pronto desde 2007 e o Incra emperrava a entrega. Neste momento, o clima é de tensão, as ameaças são constantes e ainda tem um latifundiário chamado Manoel Gentil, que se diz o proprietário, e possui documentos de compra e vendas no cartório. O curioso é que foram emitidos em dezembro de 2008 e o outro em janeiro de 2009.
O conflito agrário ficou ainda maior, quando o juiz Sidney da Comarca de São Bento determinou por meio de uma liminar em março de 2009, a destruição da roça produzida pelos quilombolas como: melancia, mandioca, milho, arroz e cana de açúcar. Porém, já foi constatada a destruição da Mata Atlântica e a matança de animais silvestres realizada por aqueles que querem tomar as terras.