O segundo dia do III Congresso Nacional da CPT foi destinado para as análises de conjunturas, aprofundamento de ideias e propostas na fila do povo. No início da tarde desta terça-feira, os participantes puderam refletir sobre a Conjuntura Ecológica ministrada por Carlos Walter Porto Gonçalves, que é Doutor em Geografia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e colaborador de diversos movimentos sociais.
Durante toda a palestra foi desenvolvida uma avaliação sociopolítica, econômica e histórica, onde destacou a origem do capitalismo como antiecológica, porque acabou com a concepção dos deuses que separou o homem da natureza, principalmente, quanto à expulsão dos camponeses da terra e transformando-os em forças de trabalho. O capitalismo se fortaleceu com a dominação da natureza usando-a como uma unidade mercadológica, enaltecendo o paradigma que os recursos são ilimitados. Versão essa que, neste momento, encontra-se em crise.
Para exemplificar, o professor citou a exploração excessiva do carvão e do petróleo, materiais orgânicos armazenados embaixo do solo há milhares de anos e utilizados em excesso. A partir do século XVIII, com a máquina a vapor, intensificou-se a poluição dos nossos ares, repassando para a atmosfera o gás carbônico que é produzido por meio do uso dos recursos minerais.
Um dos dados mais curiosos e polêmicos foi a afirmação que nos últimos 40 anos, a humanidade enfrentou os anos mais devastadores e de ameaças à biodiversidade e, ao mesmo tempo, foi o período que mais se falou em defesa do meio ambiente. “O problema do aquecimento global não é uma falha do Capitalismo, é pior, é fruto do seu êxito! E se a gente quiser salvar a vida do planeta, temos que combater o capitalismo, que só quer saber de produzir e explorar”, destacou.
Importância dos movimentos rurais
Para Carlos Walter, o movimento ecológico não conseguiu incorporar a defesa do meio ambiente contra o avanço do capitalismo, no entanto, a Comissão Pastoral da Terra juntamente com a luta quilombola e indígena vem contribuindo para transformações expressivas. Desde os anos 70, com a expulsão das pessoas do campo e o crescimento das cidades, iniciou-se a revolução verde e o surgimento dos sem-terras em busca dos seus direitos.
No encerramento, mencionou Paulo Freire e deixou como mensagem final a célebre frase “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, os homens só se libertam em comunhão”.