Uma mistura de cores, ritmos, crenças, sotaques e culturas se encontraram na celebração de abertura do III Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, na noite desta segunda-feira (17.05), no campo do Colégio São José Marista em Montes Claros (MG). Cerca de 900 participantes, entre trabalhadores, trabalhadoras, religiosos, pesquisadores, agentes pastorais e convidados vindos de todo o país, prestigiaram a noite de acolhida.
A mística inicial celebrou as lutas, a preservação dos territórios e relembrou os Congressos da CPT, que buscaram, ao longo de sua história, defender a cultura camponesa. Com o tema “Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa”, e sob o lema “No clamor dos povos da terra, a memória e resistência em defesa da vida”, é chegado o momento de refletir sobre os novos desafios apontados por camponeses e camponesas para as ações e presença da CPT nos próximos anos.
Os trabalhadores rurais de Minas Gerais foram os primeiros a saudar os visitantes, destacando a importância do Congresso. A agricultora Laureci Ferreira Silva do assentamento 2 de junho (Olhos D’água) destacou a presença expressiva das mulheres e dos jovens que vão dar mais força aos trabalhos. Já Cristovino do assentamento Americano (Grão Mogol), fez questão de alertar sobre a preservação do meio ambiente. “A nossa vitória vai ser igual à nossa luta. Temos que lutar cada vez mais e preservar o restinho dos biomas que ainda existe, usar com consciência para que os nosso filhos também tenham direito. A natureza não precisa de nós, é a gente que precisa dela!”, exaltou.
A noite foi marcada por muita mística, orações e as bênçãos dos bispos. Dom José Alberto Moura, bispo da Diocese de Montes Claros, destacou a alegria de receber pessoas de várias regiões, no momento em que a Arquidiocese está celebrando 100 anos de atuação. “Para nós é uma benção de Deus receber todos vocês desse mundo afora, do campo e da cidade, neste Congresso que nos faz valorizar mais os biomas. Deus fez a nossa terra para produzir vidas, e isso não pode ser apenas de alguns, precisamos defender a vida e lutarmos por políticas públicas para que todos tenham direito à terra”, afirmou.
O Presidente Nacional da CPT, Dom Ladislau Biernaski oficializou a abertura das atividades. “Nosso Congresso quer ser de fato um espaço de comunhão, para refletir sobre propostas que defendam nossos biomas, sobretudo, daqueles que utilizam a terra para explorar e concentrar.” Dom Ladislau destacou que “precisamos preservar e lutar por nossos territórios, os nossos irmãos indígenas e quilombolas também estão sendo ameaçados e não têm o direito à terra. Enquanto isso, muitos querem destruir a diversidade, investindo na produção de alimentos transgênicos e nas transnacionais”, ressaltou.
Na solenidade, também estiveram presentes o Pastor Carlos da Igreja Luterana, e Aparecida, da Coordenação de Pastoral de Montes Claros. Para animar ainda mais os cânticos, participaram músicos da região que tocaram violão, sanfona e os tambores com percussionistas do Negum e do Salão de Dança Luciano de Jesus. A cerimônia foi encerrada com partilha de alimentos típicos de Minas Gerais, como o pão de queijo e o bolo de fubá, e em seguida, a ciranda da irmandade do povo de Deus.