“Biomas, territórios e diversidade camponesa.” É com este tema que o III Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) chega ao semiárido brasileiro para reunir cerca de 900 trabalhadores e trabalhadoras rurais, além de agentes da pastoral, que durante uma semana trocarão experiências, conquistas e desafios dos homens e das mulheres do campo. O evento ocorre entre os dias 17 e 21 de maio, no Colégio São José, em Montes Claros (MG).
Para Dom José Moura, bispo da Diocese de Montes Claros, que acolhe o evento, o III Congresso Nacional da CPT é uma graça de Deus não só para a cidade, mas para todo o Brasil. “A ação pastoral é o próprio exercício do pastoreio de Jesus Cristo. Nesse caso, as ações da CPT dão visibilidade da promoção da dignidade da pessoa humana, principalmente do campo, que muitas vezes é deixada de lado, fica desprotegida e é ainda perseguida e incompreendida, por grandes e por pequenos”, ressaltou.
De acordo com o bispo, a atuação da Igreja em ações como esta mostra que ela é solidária, busca o direito e o dever de todo cidadão e cidadã, principalmente para aqueles que pleiteiam uma vida mais digna com o trabalho na terra. “Isso faz com que a mãe terra seja preservada no seu ambiente adequado, produzindo aquilo que é sustentável para a pessoa humana.”
Dom José Moura acredita que com o lema “No clamor dos povos da terra, memória e a resistência em defesa da vida!”, o Congresso fará uma reflexão ética em defesa dos biomas caracterizando cada região, além de realçar a necessidade de uma justiça mais ampliada no campo. “Temos, no Brasil, determinados grupos governamentais e não governamentais, que passam por cima da defesa do meio ambiente, de povos ribeirinhos, das terras indígenas, de quilombolas e de tantas pessoas empobrecidas. Este Congresso vai nos dizer sobre os clamores dos povos da terra”, destacou.
Montes Claros: a Área Mineira do Nordeste
Com aproximadamente 400 mil habitantes, Montes Claros fica às margens do rio Verde Grande, afluente do São Francisco, na região norte de Minas Gerais, conhecida como Área Mineira do Nordeste. Esta região engloba 86 municípios que ocupam 20,7% da área total do estado.
Formado pelos ecossistemas de Cerrado e Caatinga, os municípios desta região sofrem com a infraestrutura urbana deficiente e os mais baixos índices de qualidade de vida. Com uma economia baseada em atividades agropecuárias e extrativistas, a região também é marcada pelas carvoarias e pela monocultura do eucalipto que em franca expansão afeta a vida da população. O que sobra do semiárido, onde vivem diversas comunidades, está sendo posto ao chão e transformado em carvão ou pastagens para a criação de gado bovino.
Ouça a entrevista com o Dom José Moura na rádio da nossa página eletrônica ou clique aqui.