COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou nesta quarta-feira (05/03), a Campanha da Fraternidade de 2014, cujo tema é Fraternidade e o Tráfico Humano com o lema: “é para liberdade que Cristo nos libertou”. A abertura aconteceu às 14h na sede da CNBB, em Brasília e contou com a presença do bispo auxiliar e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, o ministro da justiça, José Eduardo Cardozo,  o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcello Lavenère e a secretária executiva do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke. 

 

(Cáritas Brasileira)

 

O tráfico humano não limita somente a liberdade do ser; limita também seus direitos, valores e sobretudo, sua dignidade. As pessoas são utilizadas em diversos setores como construção, entretenimento, atividades sexuais, serviços agrícolas, adoções, remoção de órgãos entre outros; é uma situação que movimenta cerca de 37 bilhões de dólares anuais ficando entre os crimes organizados mais rentáveis, de acordo com pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas (ONU). É de conhecimento que o quadro de tráfico humano está enraizada na cultura do nosso país, mas em pleno século XXI, isso não é mais motivo pra deixarmos essa situação de escravidão continuar a tomar conta da população.

 

Diante deste terrível quadro que assola o mundo, a Campanha nos convida à uma reflexão que visa a liberdade não só pessoal, mas também comunitária e social. “A campanha da fraternidade vem para chamar a atenção desta grande chaga que é a opressão e o abandono causados por uma sociedade pautada sobre bases injustas, com a vantagem dos ricos sobre os menos favorecidos”, afirma Marcello Lavenère. “Que a campanha possa ter esse poder de tornar cada um de nós, brasileiros, indignados com essa situação que não deve ser vista como algo normal”, reitera.

 

É preciso que a sociedade reconheça a gravidade e a dimensão deste problema e reúna forças para combater e enfrentar esta situação. Desde 2006 o Estado vem lançando políticas de combate ao tráfico tais como o I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (I PNETP). No momento está em vigor  a segunda parte deste plano, que tem duração do ano de 2013 a 2016. Fora isso, diversas organizações, entidades  e pastorais presentes na sociedade brasileira combatem diariamente o tráfico humano.  Ainda assim a dificuldade é grande tendo em vista que em alguns casos o ato não é denunciado. “O tráfico de pessoas é um crime em que às vezes a vítima tem vergonha de denunciar, bem como a família. E o pior dos crimes é aquele que não é detectado”, afirma José Eduardo Cardozo.


Ao se referir à esta prática, o Papa Francisco disse que: “ O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas. O tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade. Não há país livre do tráfico, seja como ponto de origem do crime, seja como destino dos traficados”.

 

É preciso combater esta prática desde a educação inicial do cidadão, passando por conhecimentos a cerca deste tema no ambiente escolar, qualificando profissionalmente as pessoas e terminando em uma maior oferta de empregos dignos. Outra questão que facilita o tráfico e que também deve ser combatida, é o fenômeno da migração. É importante diferenciar a migração voluntária ou econômica da migração forçada. No primeiro caso, a pessoa muda de cidade ou país por motivos tanto econômicos quanto afetivos ou socioculturais. No segundo caso, a pessoa sofre ameaças, perseguições e muitas vezes, por se encontrar em risco concreto dentro do seu país, se vê obrigada a mudar de lugar. Diferente do primeiro grupo, as pessoas traficadas são forçadas a se deslocar do seu Estado.

 

“O tráfico humano é o desprezo da dignidade dos filhos e filhas de Deus. A Campanha tem como objetivo identificar as práticas de tráfico de pessoas em suas várias formas e denunciar como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando os cristãos e a sociedade brasileira”, disse dom Leonardo Steiner. “Que a gente não só se emocione com isso mas que nós consigamos também  identificar esta realidade e junto com toda a sociedade fazer um trabalho para que todas as pessoas possam viver dignamente sem ser exploradas”, finaliza.

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