Estudantes fizeram a prova pela primeira vez e devem colar grau em agosto de 2012. Mais de cinco mil pessoas se inscreveram, por Goiás, na prova do exame nacional da Ordem, e, dessas, 22,62% foram aprovadas. No caso da turma especial de Direito para Assentados e agricultores familiares da UFG, dos 15 inscritos, 6 foram aprovados, ou seja, 40% dos inscritos. Lembrando que eles ainda nem terminaram o curso. Isso mostra que toda a resistência à criação dessa turma especial, tendo havido, inclusive, recursos de cassação ao curso, era algo simplesmente discriminitatório.
(do site da UFG)
Seis alunos da turma especial de Direito para assentados e agricultores familiares da Universidade Federal de Goiás (UFG) passaram no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), divulgado no dia 12 de janeiro. Elaine Rissi, Ivo Lourenço da Silva Oliveira (por meio de recurso), José Ferreira Mendes Júnior, Ludmilla Cândida Coelho, Marco Antônio da Silva Almeida e Sebastião Erculino Custódio estão no nono período do curso e fizeram a prova pela primeira vez. Em agosto deste ano, eles devem colar grau. De acordo com a norma da OAB, os graduandos podem prestar a prova a partir do sétimo período. O registro é expedido após a conclusão do curso.
Dos 57 alunos da turma Evandro Lins e Silva, como foi denominada pelos graduandos, 15 fizeram inscrição para fazer a prova e 10 passaram para a segunda fase. Eles fazem o curso no campus da Faculdade de Direito do município de Goiás, mas, são provenientes de 19 estados brasileiros. Os estudantes tem idades variando entre 20 e 40 anos e um de seus ideais é fazer a luta pela terra ficar mais próxima do trabalhador rural.
No caso dos graduandos aprovados no exame da Ordem, Elaine participa do acampamento Irmã Dorothy, em Coqueiros do Sul (RS); Ivo Oliveira é assentado no Projeto de Assentamento (PA) Cachoeira Bonita, em Caipônia (GO); José Mendes Júnior mora no PA Califórnia, em Açailândia (MA); Ludmilla é assentada no PA São Felipe, no município de Goiás (GO). Marco Antônio Almeida e Sebastião Custódio são agricultores familiares e vivem, respectivamente, em sítios localizados nos municípios de Paramirim (BA) e Água Doce do Norte (ES).
Marco Antônio Almeida disse que a aprovação no exame da Ordem é mais uma vitória dos alunos da turma especial de Direito da UFG. “A prova foi complicada, só passa quem está bem”, relatou. De acordo com a OAB, apenas 24% dos inscritos em todo o Brasil foram aprovados. Marco Antônio tem 29 anos, é agricultor familiar e sempre estudou em escolas rurais.
Entenda
A UFG abriu a turma especial para o curso de Direito, no campus da Cidade de Goiás, para assentados da reforma agrária, agricultores familiares e filhos dessas famílias em agosto de 2007.
O curso está sendo realizado por meio de convênio assinado entre a UFG e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Os alunos aprovados para a turma especial de Direito tem aulas dos mesmos conteúdos ministrados para as demais turmas de Ciências Jurídicas da UFG. A diferença é que o curso da turma especial é realizado por etapas (10 semestres), alternando períodos de aulas com períodos de permanência dos estudantes em suas comunidades de origem.
Cada uma das 10 etapas do curso da turma especial de Direito tem duração de 70 a 90 dias de aula, com dois períodos por dia (manhã e noite).