COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Texto: Franci Monteles e Yndara Vasques – Articulação Agro é Fogo | Imagem: Articulação Agro é Fogo  


A estiagem se aproxima, e com ela a ameaça dos incêndios florestais. A Articulação Agro é Fogo lança este mês a série de vídeos e podcast “Povos e Comunidades Tradicionais em Alerta” com o objetivo de advertir sobre os riscos de aumento dos incêndios criminosos, desmatamentos e conflitos agrários no Pantanal, Amazônia e Cerrado. As mensagens vêm dos povos e comunidades tradicionais das florestas, dos campos e das águas que sofrem as consequências graves da devastação ambiental gerada pelo fogo criminoso intensificado nos últimos dois anos. 

Na série “Povos e Comunidades Tradicionais em Alerta”, as lideranças comunitárias e brigadistas que habitam os três biomas relatam a real dimensão do que vivenciam em seus territórios. Os conflitos são relacionados ao ciclo que envolve grilagem, desmatamento e incêndios criminosos, que pressiona os moradores a deixarem suas terras e causa graves violações de direitos humanos e territoriais, além de danos à biodiversidade. Os vídeos da série, um total de três, poderão ser acessados nas redes sociais da Articulação Agro é Fogo (You Tube, site, Instagram e Facebook).

O primeiro vídeo da série apresenta o Alerta do Pantanal, a maior área úmida continental do planeta. “O Pantanal é uma grande bacia que conecta o Cerrado e a Amazônia”, explica Cláudia de Pinho, coordenadora da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneira.  Ao lembrar dos incêndios ocorridos em 2019 e 2020, ela afirma: “Para as comunidades pantaneiras, o avanço do fogo não foi surpresa. Já havíamos alertado que haveria um período de seca intensa. A natureza nos dava o sinal. O fogo veio de uma forma avassaladora”. Cláudia conclui que “é preciso manter as comunidades tradicionais no Pantanal, elas são as guardiãs desse grande bioma”.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os anos de 2019 e 2020 apresentaram recordes na quantidade de focos de queimadas no Cerrado (50,3 e 43,6 mil), no Pantanal (5,9 e 16,9 mil) e na Amazônia (65,7 e 73,9 mil), totalizando, 141,6 mil focos em 2019 e 153,5 mil focos até 27 de setembro de 2020.

Não por coincidência esses recordes acontecem no governo do presidente Jair Bolsonaro, que flexibiliza as políticas ambientais e enfraquece os órgãos de fiscalização e controle, a serviço da expansão criminosa do agronegócio. Assim, o governo segue em seu compromisso de “passar a boiada”, institucionalizando a grilagem

Defender a permanência de povos e comunidades tradicionais em seus territórios é também defender que o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia continuem vivos. Em 2020, Leônida Aires, pantaneira da Barra de São Lourenço, do Mato Grosso do Sul, vivenciou a chuva de cinzas na sua comunidade, devido aos incêndios.  Hoje, ela tenta evitar que isso se repita. “Queimou tudo: o verde, os animais, a vida. Não vimos nenhuma providência para esse ano das autoridades competentes. Precisamos de ajuda, pois, o fogo deve voltar”, alerta.

Focos de incêndio em 2019/2020

Pantanal: aumento de 530% de focos de incêndio. Dos 286 focos de incêndios, 152 foram registrados em propriedade privada.

Amazônia: 43,6% dos focos de queimadas estão associados a desmatamento recente no bioma.

Cerrado, na fronteira agrícola do Matopiba: nos últimos 20 anos, 12,23 milhões de hectares foram desmatados entre 2000 e 2019.

Fonte: Instituto Centro de Vida (ICV) / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais / PRODES Cerrado do INPE.

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