Via Campesina organiza caravana e atividades no Fórum Social em Dakar, no Senegal. Entre as atividades estão os responsáveis pelas crises alimentares e climáticas, e a camapnha internacional de combate à violência contra a mulher camponesa.
(Rádio Mundo real / Foto: Attac.es)
A mais ampla rede de organizações camponesas em nível internacional, a Via Campesina, organizou uma série de atividades para o Fórum Social Mundial, a realizar-se nos próximos dias no Senegal, reivindicando a soberania alimentar e relançando na África sua campanha contra a violência contra a mulher camponesa.
Uma delegação de camponeses militantes da Via Campesina Internacional está realizando uma caravana que partiu de Togo e chegará a Dakar na véspera do início do Fórum Social Mundial, no próximo dia 5 de fevereiro.
“Em um momento em que os preços dos alimentos aumentam e há a ameaça de uma nova crise alimentar, a Via Campesina defenderá a soberania alimentar como solução às crises dos alimentos e do clima”, afirmou a organização com presença nos cinco continentes através de um comunicado de imprensa.
No grupo estão cerca de 70 delegados de organizações camponesas da África, Ásia, Europa e das Américas, que se unirão a este fórum, um local onde movimentos sociais e organizações civis debaterão alternativas para um mundo melhor, aprofundando ideias, formulando propostas e compartilhando experiências.
A Via terá também um stand no FSM, onde estarão disponíveis publicações internacionais e que será também o ponto de encontro dos membros do movimento camponês e espaço de exposição de sementes autóctonas resgatadas, preservadas e multiplicadas por camponeses, como alternativa à industrialização agrícola impulsionada por empresas transnacionais.
Outra parte das atividades da Via Campesina em Dakar tem a ver com o seu trabalho na área de gênero. Será apresentada publicamente a campanha contra a violência contra as mulheres campesinas no continente africano. Campanha esta que, em aliança com organizações como a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), mobilizou dezenas de milhares em novembro do último ano, em cujo dia 25 se celebra o Dia Mundial contra essa expressão da sociedade patriarcal e capitalista.
Um ponto alto na agenda do movimento camponês para o Fórum, será a instalação de uma Feira Internacional da Agricultura e Recursos Animais (FIASSE), onde serão expostos produtos alimentícios e sementes crioulas, e também onde debaterão feições cruciais da agenda global como a concentração de terras e seu relacionamento com a crise alimentar e climática. FIASSE é, segundo a própria Via Campesina, um espaço dinâmico para a integração dos povos da África através dos mercados locais e de intercâmbios.
As ações da Via Campesina e de seus aliados, como “Amigos da Terra Internacional”, no FSM 2011 buscarão, ainda, denunciar os prejuízos contidos na AGRA (sigla inglesa da Aliança para uma Revolução Verde na África). A mesma que, conta entre seus promotores, com fundações como a Rockefeller e a do magnata da informática Bill Gates. A AGRA promove uma agricultura baseada em sementes industriais e agrotóxicos, com a desculpa de combater a fome no território africano. Na realidade, segundo a Via Campesina, a AGRA “privatiza a fonte de riqueza da África, e faz com que os países africanos possam perder a possibilidade de decidir seu próprio futuro”.