Foto: Juliana Pesqueira/Coletivo Proteja Amazônia
Vídeo: Proteja Amazônia
As atividades de inspeção pretendem levantar os impactos cumulativos e sinérgicos causados pelas hidrelétricas Sinop (462 MW/h), Colíder (342 MW/h), Teles Pires (1.800 MW/h) e São Manoel (746 MW/h). Quatro grandes usinas operando conjuntamente em um mesmo rio é um evento inédito na Amazônia. As hidrelétricas passaram a operar simultaneamente desde o ano passado. Elas formam um complexo de empreendimentos que barram o Teles Pires, um dos rios formadores da bacia do Tapajós, junto com o Rio Juruena.
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Durante a primeira etapa uma equipe de especialistas percorreu o trecho conhecido como baixo Teles Pires, na Terra Indígena Kayabi, onde vivem indígenas das etnias Kayabi, Munduruku e Apiaká. Com foco na escuta das comunidades e nos problemas que estão sendo vivenciados pelos impactos provocados pelo complexo de hidrelétricas foi realizada, no dia 3 de março, uma assembleia na aldeia Teles Pires com presença do procurador da república Erich Masson, que coordena as atividades da inspeção. Entre as falas ouvidas em todas as comunidades, o aspecto de segurança alimentar é o que mais se destaca, com a sensível diminuição do número de peixes e quelônios no Rio Teles Pires.
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A preocupação com o aspecto alimentar também esteve presente na fala do procurador Erich Masson: “Sem dúvida a questão alimentar é extremamente importante porque todo mundo precisa de alimento. Os indígenas dependem de caça e pesca e, se houver diminuição das populações desses animais, não conseguirão se alimentar”. Com a participação de peritos especialistas em diversas áreas como ictiofauna, quelônios, água, espera-se que os resultados dos estudos sirvam como subsídio para tomada de medidas de proteção socioambiental das populações atingidas.
Atingidos
As atividades de inspeção são uma reivindicação dos atingidos pelas usinas. Dossiês de denúncia, representações e atividades de monitoramento independente de impacto vêm sendo realizadas pelas comunidades desde o início da implementação das quatro usinas. Além disso, os atingidos também participaram da produção de um documentário, com o título “O complexo”, em 2016, no qual já apontavam os impactos sinérgicos do complexo de usinas.
A primeira etapa da Inspeção Institucional no Rio Teles Pires tem como objetivo contribuir para a identificação, qualificação e mensuração de impactos socioambientais, individuais e cumulativos, do complexo de quatro hidrelétricas no rio, abordando suas consequências para os meios de vida e direitos das populações indígenas, especialmente em termos de segurança alimentar.
Veja o vídeo da inspeção feito pelo Proteja Amazônia: