Para entidades, abordagens sucedidas durante Sínodo da Amazônia refletem intolerância religiosa e racismo e afetam principalmente aos povos indígenas.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi | Imagem: Guilherme Cavalli/Cimi
Em comunicado divulgado na manhã de terça-feira (22), organizações cristãs que compõe a iniciativa “Amazônia: Casa Comum” lamentam as violências ocorridas nos últimos dias em ambiente sinodal. Para entidades, abordagens sucedidas recentemente em Roma, durante Sínodo da Amazônia, refletem intolerância religiosa e racismo e afetam principalmente aos povos indígenas.
Os atos violentos intensificados no dia de ontem, para as organismos cristãos, são atitudes vexatórias que “demonstram uma falta de capacidade para construir novos caminhos para a renovação da nossa Igreja”. O grupo solida sua postura orante e pacifica, sem responder as atitudes violentas.
Como fidelidade ao Evangelho reconhecemos e respeitamos a diversidade de outras expressões de encontro com Cristo.
O texto assinado por mais de 30 instituições católicas que organizam a tenda Amazônia: Casa Comum, entre elas o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), reafirmam o espaço localizado na Igreja Transpontina, via della Conciliazione, como “um fiel reflexo desta Igreja unida, comprometida e diversa” e sustenta a esperança no processo sinodal iniciado há dois anos. “Milhares de pessoas deram suas vozes, suas propostas, suas opiniões sobre como construir uma Igreja com rosto amazônico”, escreve o documento.
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A tenda Amazônia: Casa Comum “é uma iniciativa onde se misturam muitas vozes, pensamentos, sonhos e testemunhos missionários, pastorais, socioambientais e espirituais para trazer a Amazônia ao coração do Vaticano”, pontua a nota. “Como membros da Casa Comum, caminhemos para ser uma Igreja unida em nossas diversidades”, reafirmam instituições ao confirmar a universalidade do chamado do Evangelho.
COMUNICADO “AMAZÔNIA: CASA COMUM
22 DE OUTUBRO 2019
“Isto é, para ser mutuamente confortados pela fé
que é comum a vós e a mim”.
(Romanos 1, 12)
O Sínodo, que se celebra este dias em Roma, começou há cerca de dois anos no território amazônico. O processo de escuta, iniciado em Puerto Maldonado, em solo peruano, estendeu-se não apenas no Continente Americano. Muitos católicos e católicas do mundo se colocaram no caminho para acompanhar este processo sinodal.
Milhares de pessoas deram suas vozes, suas propostas, suas opiniões sobre como construir uma Igreja com rosto amazônico, uma Igreja que oferece sua essência para a Igreja universal.
Neste mesmo caminho, nos encontramos agora em Roma acompanhando a Assembleia onde estão cerca de 300 pessoas, padres sinodais, representantes dos povos indígenas e expertos, participando do Sínodo da Amazônia. A iniciativa “Amazônia: Casa Comum” (apresentada na conferência de imprensa no dia 20 de setembro – sala Marconi – Edifício Vatican News) é um fiel reflexo desta Igreja unida, comprometida e diversa, em que se reúnem mais de 30 instituições católicas de vários países da América do Sul, do Norte e da Europa para acompanhar espiritualmente o Sínodo, compartilhar realidades e visibilizar a experiência da Ecologia Integral, inserida na vida dos povos e nos habitantes da Amazônia. Esta é uma iniciativa onde se misturam muitas vozes, pensamentos, sonhos e testemunhos missionários, pastorais, socioambientais e espirituais para trazer a Amazônia ao coração do Vaticano.
Lamentamos profundamente, e por isso denunciamos, que nos últimos dias fomos vítimas de atos de violência, que refletem a intolerância religiosa, o racismo, atitudes vexatórias que, sobretudo, afetam aos povos indígenas e demonstram uma falta de capacidade para construir novos caminhos para a renovação da nossa Igreja.
Alertamos que estes atos podem se repetir ou subir seu tom, gerando outras situações. Nossa presença e iniciativas foram em todo momento realizadas de forma pacífica, sempre em atitude orante e pedindo a ação do Espírito neste processo sinodal. Não vamos responder a estas atitudes de violência e na fidelidade ao Evangelho reconhecemos e respeitamos a diversidade de outras expressões de encontro com Cristo.
Confiamos que o chamado do Evangelho de Cristo é para que todos, sem exceção, e como membros da Casa Comum, caminhemos para ser uma Igreja unida em nossas diversidades.
Chamamos a todas as pessoas de boa vontade para que permaneçam unidas e a mantermos o compromisso e esperança pela defesa da vida e da Amazônia.
“Ele não se cansa de repetir: “todos”.
Todos, porque ninguém está excluído de seu coração, de sua salvação;
todos, para que nosso coração vá muito além das aduanas humanas,
muito além dos particularismos
fundados em egoísmos que não agradam a Deus.”
Papa Francisco – Homilia 20 de outubro 2019.