A região da Serra da Borborema, na Paraíba, é sinônimo de renda e autonomia de pequenos produtores rurais. A consolidação da agricultura familiar, praticada em pequenas propriedades, já era exercitada na região, historicamente fornecedora de alimentos para o estado.
Em 1993, três sindicatos de trabalhadores rurais, representantes das famílias agricultoras, organizaram o movimento político dos camponeses para consolidar o território da agricultura familiar na região. Assim, surgiu o Pólo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema, ou Pólo da Borborema, que hoje é responsável por organizar uma das principais trincheiras da agricultura familiar no Brasil.
Dezessete anos depois, o território da agricultura familiar na região alcança 15 municípios. O Pólo da Borborema representa 15 sindicatos de trabalhadores rurais e 150 organizações camponesas. Nos campos são produzidos macaxeira, variedades de feijão, milho, coentro, pimentão. O excedente é escoado para oito feiras agricológicas que, no último ano, renderam mais de R$ 680 mil. Um valor de R$ 264 mil a mais do que 2008.
Cabe aos agricultores selecionarem as sementes nativas da região, planejarem a estocagem da água para a plantação e preparem as bases para uma agricultura de alimentos sem uso algum de agrotóxico. Organizaram também a gestão de recursos coletivos por meio dos chamados fundos rotativos solidários, uma espécie de poupança administrada pelos próprios camponeses. Com isso, hoje não falta dinheiro para manter a infra-estrutura da propriedade, comprar animais de criação e investir em outros bens.
Com os latifundiários explorando a cana-de-açúcar no litoral e a pecuária no sertão, o agreste ofereceu suas terras para a plantação de alimentos. Ali, os pequenos agricultores desenvolveram suas plantações, atividades comerciais e resistiram bravamente contra a ameaça de perderem suas terras para as grandes empresas do campo.