Entre os dias 16 de abril e 31 de maio ocorre a VI Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária (Jura), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com o tema principal Lutar, Construir, Reforma Agrária Popular. O encontro une o mundo acadêmico com as lutas sociais e conta com a participação de intelectuais, estudantes e ativistas, inclusive integrantes de organizações do campo.
(por Lara Tapety - Assessoria de Comunicação da CPT/AL)
A luta pela terra e pelo território, o balanço da reforma agrária em Alagoas, a defesa da educação pública e popular, a criminalização e as violências sobre os povos do campo, a reforma da previdência, a agroecologia e sistemas agroflorestais são alguns dos temas debatidos na jornada, que também conta com visitas pontuais a escolas, assentamentos e acampamentos para discussão da temática. Além de professores, também há palestrantes do MST, da CPT, indígena, quilombola e até mesmo "sem terrinhas".
No dia 23 de maio pela manhã, Heloísa do Amaral, agrônoma e coordenadora da CPT, esteve na mesa sobre “A importância do Pronera para a Ufal”, junto aos professores Rafael Navas e Jakes Halan, e à tarde, palestrou o tema “A reforma agrária como direito à vida”, ao lado do professor Cícero Péricles.
Já Carlos Lima, historiador e coordenador da CPT, no dia 29 de maio à noite, esteve na mesa a respeito da criminalização e as violências contra os povos do campo, com exibição do vídeo-documentário sobre os 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás e lançamento do Caderno de Conflitos no Campo 2018.
Para a CPT, a participação na Jura simboliza o reconhecimento do trabalho da entidade. “Essas participações demonstram como o nome Comissão Pastoral da Terra tem sido associado à construção de todos os espaços ligados à reforma agrária no Estado de Alagoas, a exemplo do curso de agroecologia e do estudo dos conflitos do campo”, disse Heloísa.
Conflitos no Campo
Publicado anualmente desde 1985, o Caderno de Conflitos no Campo é uma importante referência para diversas instituições e pesquisadores interessados em compreender a questão agrária brasileira. Os registros do Centro de Documentação (CEDOC) Dom Tomás Balduino fizeram da CPT a principal instituição que registra os conflitos agrários no Brasil. Além da sequência de dados sistematizados todos os anos, trazem também diversos textos de análise escritos por diversos cientistas, pelos agentes da CPT e por religiosos que acompanham os conflitos em todas as regiões do país.
De acordo com o relatório anual Conflitos no Campo Brasil 2018, o número de conflitos no campo registrados cresceu 4% em 2018, chegando a 1.489. Quase metade dos conflitos (49%) ocorreu na Amazônia. Além disso, o registro de pessoas torturadas se multiplicou: de 6 casos para 27 anos passado.
Ainda com base nos dados apurados pelo CEDOC Dom Tomás Balduino – CPT, o número de assassinatos caiu significativamente – de 71, em 2017, para 28, em 2018. Das 28 mortes, 15 foram de lideranças – rurais, quilombolas ou indígenas. Porém, a entidade analisa que anos eleitorais tendem a ter uma diminuição nesse tipo de violência. 2019 já aponta o retorno do aumento dos assassinatos por conflitos no campo.
A CPT lembra que o número provavelmente é maior – estes são apenas os casos registrados.