Há 170 anos acontecia a Revolta do Queimado, também conhecida como Insurreição do Queimado, no Espírito Santo, considerada por muitos historiadores como uma das principais ações contrárias ao sistema escravocrata do país naquela época. Conheça agora o que foi esse marco histórico.
(Por Marina Souza – Blog Negro Belchior – Carta Capital / Imagem integrante da matéria original)
“Um fato histórico de tamanha importância devia ser tomado como bandeira de orgulho, conteúdo turístico amplamente divulgado, mas a gente é preto”, são as palavras de Priscila Gama, presidenta do Instituto Das Pretas.
Ela acredita que o motivo do pouco estudo e conhecimento sobre a Revolta é diretamente atrelado ao panorama estrutural do racismo na sociedade brasileira, que invisibiliza os povos negros.
A Revolta
Foi em troca da tão desejada alforria que cerca de 300 escravos construíram uma igreja em Freguesia de São José do Queimado. O frei Gregório José Maria de Bene havia prometido que lhes concederia liberdade se construíssem a obra. O que eles não previam é que aconteceria um descumprimento do trato e a autonomia não viria mesmo após todo o esforço doado.
Enfurecidos com a enganação, negros e negras articularam uma rebelião nas fazendas aos arredores. Os trabalhadores escravizados foram brutalmente reprimidos pela Polícia da Província, que assassinou muitos deles, a prisão de Elisiário, o grande líder do movimento, demarcou o fim da Revolta, que durou cinco dias e deixou feridos nos dois lados do confronto.
Priscila acredita que entender o acontecimento trata-se de uma recuperação de memória, sendo importante para a fundamentação de uma história apagada pelo processo colonial escravocrata.
As ruínas da igreja Freguesia de São José do Queimado / Foto: Reprodução