O Intereclesial é uma mistura de rostos, de gente que chega de longe e de perto, pessoas que são acolhidas na alegria de um encontro esperado e preparado por muito tempo. O 14° Intereclesial das Comunidades Eclesiais do Brasil deu o pontapé com a Celebração de Abertura, carregada de simbolismo, onde o povo de Londrina, no Paraná, terra de migrantes, tem acolhido aos três mil delegados e delegadas que chegam de todos os cantos do país.
(Por Luis Miguel Modino – CEBs do Brasil | Imagens: CEBs)
O verde das florestas e das águas abundantes do Norte, a resistência dos mandacarus e a beleza das praias do Nordeste, a força do Cerrado e dos Ipês do Centro-Oeste, a beleza das festas, a bravura do povo e tantos desafios urbanos presentes no Sudeste, gente das planícies e montanhas, das araucárias, pinheiras e manacás, do mate e do vinho do Sul, mostraram a riqueza de um país cheio de vida, de povos de múltiplas raças e procedências, que neste Intereclesial quer ser sinal de profecia e esperança, na Igreja e na sociedade.
Um povo que chega como tantos outros, que desde 1975 subiram no trem das CEBs e que já foi percorrendo as diferentes latitudes do Brasil até chegar ao norte do Paraná, que até dia 27 de janeiro será a casa das Comunidades Eclesiais de Base, como foi recordado na entrada das duplas que, portando tochas e sacos de café, símbolo da terra que acolhe o 14° Intereclesial. De fato, a celebração de abertura tem sido um momento carregado de símbolos que mostram a riqueza da caminhada de tantas CEBs que, espalhadas pelo Brasil todo, vão construindo caminhos de esperança.
Para o povo das CEBs, o Papa Francisco é uma referência de vida. Alguém que fala mais com os gestos do que com as palavras e cuja mensagem ao 14° Intereclesial das CEBs despertou o alvoroço dos presentes. A carta, lida pelo Presidente da Comissão do Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Severino Clasen, e escutada com extrema atenção pelas sete mil pessoas ali presentes, quer ser uma “palavra de estímulo e benção”. O Papa Francisco diz que “Deus nunca é indiferente ao sofrimento do seu povo”, e a partir daí anima a ter uma “vida pessoal onde brilhe a luz do Evangelho”, baseada “no amor e na solidariedade”, para que “ouvindo o clamor dos pobres e famintos de Deus, de Justiça e de pão, as Comunidades Eclesiais de Base possam ser, na sociedade e nação brasileira, um instrumento de evangelização e de promoção da pessoa humana”, que combatem a “cultura do descarte”.
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Não esqueçamos que “Javé se apresenta como aquele que é perenemente fiel”, como lembrava o arcebispo local, Dom Geremias Steinmetz, falando do texto do livro do Êxodo que é lema do 14° Intereclesial, mostrando sua alegria e vontade de dar um abraço em cada um e cada uma dos presentes. “É o Deus dos oprimidos, é profundamente sensível aos sofrimentos do povo”, destacando que é “um Deus que se compromete com a história”, aspecto esse sempre presente na vida das CEBs.
Dom Geremias insistia mais uma vez, como tem feito nos últimos dias, sobre a importância de uma metodologia adequada que permita “abordar o homem e a mulher da cidade, tão distante e perdido, especialmente das periferias”, chegar no “jovem que vive na carne os problemas mais difíceis da cidade, […] como se dirigir às crianças, às mulheres, […] às numerosas vítimas da diversidade […] castigadas pelo simples fato de serem diferentes”.
A alegria nos rostos, o ímpeto nos cantos e palmas, nos prometem dias de festa, a festa das comunidades, que ,vindas de todos os cantos do Brasil, chegaram a Londrina para buscar caminhos que façam possível a evangelização do mundo urbano.