A partir deste ano, atividades produtivas ou extrativistas que promovem a inserção de excluídos na economia, a recuperação da biodiversidade, a diversidade das culturas locais, o consumo ético e solidário e a reciclagem poderão concorrer ao Prêmio Odair Firmino de Solidariedade.
A partir deste ano, atividades produtivas ou extrativistas que promovem a inserção de excluídos na economia, a recuperação da biodiversidade, a diversidade das culturas locais, o consumo ético e solidário e a reciclagem poderão concorrer ao Prêmio Odair Firmino de Solidariedade. Lançado nessa quinta-feira (26) pelo Secretariado Nacional da Cáritas Brasileira, o prêmio vai recompensar experiências produtivas coletivas locais que promovam inclusão social, solidariedade e paz.
Dedicado à memória do vice-presidente da Cáritas Brasileira, Odair Firmino, o prêmio, cuja primeira edição está prevista para ocorrer em novembro deste ano, vai favorecer atividades produtivas que fomentem ações libertadoras (confira aqui o Regulamento). O Auditório Dom Helder Câmara, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, recebeu cerca de 100 pessoas, entre funcionários da Cáritas, da CNBB e a família de Odair participaram do evento.
O presidente da Cáritas Brasileira e bispo de Jales, Dom Demétrio Valentini, disse que a figura de Odair personifica bem a palavra solidariedade. Segundo o bispo, solidariedade é a bandeira da Cáritas. Tanto é que, a cada ano, a entidade promove a Semana da Solidariedade para recordar o 12 de novembro de 1956, data de fundação da entidade, por Dom Helder Câmara.
“A solidariedade está sempre ligada a campanhas que a Cáritas promove. Bastaria brevemente recordar as realizadas este ano para socorrer vítimas da enchente no norte do Maranhão, no Rio de Janeiro, em Alagoas e Pernambuco, no terremoto no Haiti e no Chile, enfim, em todos esses momentos a Cáritas esteve incumbida de canalizar bem o esforço espontâneo das pessoas, em que brota a solidariedade, e traduzir esse impulso em ações concretas, as quais têm em Odair um exemplo intenso e encantador de simplicidade, de solidariedade com as pessoas com quem ele trabalhava”, afirma Dom Demértrio.
O bispo disse que a proposta do prêmio expressa a dedicação de Odair à missão confiada a ele pela CNBB de conduzir a Cáritas Brasileira para que estivesse atenta a momentos em que a solidariedade precisasse ser convocada, estimulada e coordenada. “Essa é a intenção de criar o Prêmio Odair Firmino de Solidariedade”, disse.
A vice-presidente, Anadete Reis, disse que “fazer e criar este não faz somente uma homenagem à grande pessoa que Odair foi e para sempre estará na nossa memória, mas neste momento e com este gesto, a Cáritas pretende perpetuar aquilo que ele fez na maior parte de sua história de vida: estimular e fomentar ações coletivas, na busca pela solidariedade, pelo apoio e pelo incentivo às ações que podiam modificar e fazer a diferença no dia-a-dia dos excluídos e excluídas do País. Para nós, que tivemos a oportunidade de conhecê-lo, lançar este prêmio hoje é realmente uma grande vitória”.
Durante a cerimônia, foi apresentado um vídeo sobre Odair e três apresentações musicais realizadas pelo violonista e professor da Escola de Música de Brasília (EMB), Jaime Ernest Dias; pelo violonista clássico e popular, José Magalhães de Sousa; e pela violinista da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro e professora da EMB, Liliana Gaioso. O trio de cordas apresentou um repertório genuinamente brasileiro. Eles abriram o evento com as Bachianas brasileira, de Heitor Villa-Lobos. Em seguida, apresentaram Gente humilde, de Chico Buarque. Finalizaram com Monte Castelo, de Renato Russo.
A esposa de Odair, Dadiva Firmino, disse que, no início, quando ele começou a atuar na Cáritas, ela se sentiu enciumada. “Foi interessante porque logo que nos casamos viemos para Brasília, ele começou na Cáritas e a dedicação dele aos trabalhos era tão grande que sentia uma certa concorrência em relação ao tempo que a Cáritas tomava. Aos poucos, porém, ele foi me ensinando e me fazendo ver que a Cáritas era o espaço privilegiado que ele tinha para servir ao outro. Aprendi, com isso, a amar os trabalhos da Cáritas”, declarou.
Ela afirmou que recebeu a notícia do prêmio com muita alegria. “Apesar da grande saudade, tenho profunda de gratidão a toda a equipe da Cáritas Brasileira, nacional, regional, CNBB – por intermédio de Dom Demétrio – pelo reconhecimento de Odair”, disse. E acrescentou: “Testemunho, com a grande seriedade, os valores que Odair vivenciou a cada dia em sua atuação na Cáritas, e um grande amor que ele sempre teve pela Igreja. A Cáritas foi na vida de Odair uma oportunidade de dar continuidade a seu trabalho efetivo”, garantiu.
Na avaliação da diretora executiva da Cáritas, Cristina dos Anjos, o Prêmio Odair Firmino vem dar concretude à solidariedade na Cáritas Brasileira. A partir da homenagem a Odair Firmino, a Cáritas reafirma, a partir de experiências concretas, locais, a ação solidária, até mesmo sob enquanto perspectiva de direito, de emancipação, de autonomia dos grupos locais.
Segundo ela, Odair Firmino foi grande estimulador da Cáritas no Brasil. “Ele foi diretor da Cáritas em um período, vice-presidente, em outro, e por mais de 20 anos esteve envolvido com a entidade. Era uma pessoa que a sua própria vivência trazia solidariedade como base. Estimulava em todas as instâncias a vivência da solidariedade. Na prática, nas ações concretas da Cáritas, ele estava sempre pondo a solidariedade como um eixo central e, nesse sentido, a solidariedade na Cáritas vem se tornando o eixo das ações e da própria vivência. Entendemos cada vez mais que qualquer ação só terá valor e força se for trabalhada na perspectiva da solidariedade", afirma.