Morte do mais velho Sem Terra rende homenagens e comove todo Movimento Sem Terra. Confira a Nota do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST):
O MST recebeu com tristeza na noite de terça-feira (26) a notícia do falecimento de Seu Luiz Beltrame, o poeta Sem Terra que tinha no caminho 107 anos de luta e poesia.
Nos solidarizamos com os familiares e todos os amigos, militantes, companheiros, que em todo país se comovem com sua passagem, mas sobretudo se alimentam de sua inspiração, de seus exemplos.
Neste momento de pesar, fazemos ecoar aos quatro ventos o quão grande foi em sua passagem por esta vida Luiz Beltrame!
Como um pássaro livre nos deixa seu belo canto em suaves palavras. Como um um jaguar valente nos ensinou a atitude firme da luta. Como um mensageiro trilhou estradas e caminhos que aproxima da pátria terra livre e solidária.
Luiz Beltrame vive em cada Sem Terra.
INJUSTIÇA
Eu fico surpreso e penso,
Que neste Brasil imenso
Sempre olho para lá
Vejo a bela natureza,
Vejo a grande riqueza
Da Serra do Carajás
O tucano bica a gente
Fica e pega a cuíca
Escuto alguém falar
E me mata de tristeza
Que não convém a riqueza
Da Serra do Carajás
Não é preciso pressa,
Nem muita conversa
A maneira é esta
E eu vou explicar
Pois o nosso tesouro é
A prata, o diamante e o ouro
Eu acho um desaforo
Ver o americano levar
Eu topo qualquer parada
Até não falo mais nada
Porque a Serra Pelada
É nossa Serra Vestida
Pois tem a riqueza,
Fruto da natureza
Com uma grande beleza
Da nossa Pátria querida
Estou velho e não agüento
Com sentimento escrever
Mesmo assim estou escrevendo,
Com os olhos estou vendo
Pois eu estou percebendo
Minha lágrima descer
A lágrima desce por tudo
O que eu vejo acontecer
Por Luiz Beltrame, 1980.