Bispos, durante Assembleia Anual do regional da CNBB, visitaram o povo indígena Gamela, no município de Viana, no Maranhão. Dom José Belisário da Silva, em Nota, relata conflitos sofridos pela comunidade e cobra ações dos órgãos públicos. Confira o documento:
Eu ouvi o clamor do meu povo (cf. Ex 3, 9)
Como Presidente do Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste tempo especial de vivência da misericórdia divina, dirijo-me à sociedade brasileira e aos governos federal e estadual.
Em 27 de janeiro de 2016, por ocasião de nossa Assembleia Anual, todos nós, bispos católicos do Maranhão, tivemos oportunidade de visitar o povo indígena Gamela, no município de Viana – MA. Na ocasião, pudemos nos inteirar da situação desse povo que, há décadas, luta contra a invasão de seu território e, por isso, tem sofrido constantes ameaças, inclusive de mortes. Nos últimos dias, há notícias da existência de uma lista com nomes de lideranças do povo a serem assassinadas.
Diante da gravidade da situação solicito:
1. À Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a constituição do Grupo de Trabalho para Identificação e demarcação da terra indígena Gamela.
2. Aos órgãos de defesa e proteção dos Direitos Humanos que intervenham para garantir a integridade física do povo indígena Gamela.
3. Aos órgãos de Segurança Pública que investiguem as ameaças e a possibilidade de existência de pistoleiros na região.
O papa Francisco, em sua visita ao México, dirigindo-se aos povos indígenas, afirmou: "O desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas têm a ver com todos nós e nos interpelam. (...) Nisso, vocês têm muito a nos ensinar. (...) Os vossos povos, como já reconheceram os bispos da América Latina, sabem relacionar-se harmoniosamente com anatureza". E, citando o Livro Sagrado do Povo Maia, disse: "Um desejo de viver em liberdade tem sabor de terra prometida”.
Dom José Belisário da Silva
Presidente do Regional Nordeste 5 da CNBB