Contra a globalização neoliberal e por "dignidade, direitos e liberdade", milhares de pessoas de todo o mundo marcharam na tarde dessa terça-feira (24), no centro de Túnis (Tunísia), para dar início a mais uma edição do Fórum Social Mundial (FSM).
(Por Simone Freire, Da Tunísia/ Brasil de Fato)
Faixas, cartazes, bandeiras, música, danças e palavras de ordem em crítica ao sistema capitalista embalaram a tradicional Marcha dos Povos, que reuniu movimentos e entidades sociais, lotando o entorno do complexo de edifícios do Parlamento tunisiano. A marcha também passou em frente ao Museu Bardo para protestar contra a violência. Na quarta-feira passada (18), o museu foi alvo de um atentado terrorista que matou 21 pessoas.
As atividades do FSM devem reunir cerca de cinco mil organizações de 130 países até sábado (28), no campus da Universidade de El Manar, para discutir temas como migração, meio ambiente, direitos humanos e economia solidária. “Que relação há entre a resistência palestina, um migrante sub-sahariano, e um camponês sem terra no Brasil? [...] Como cruzamos as fronteiras? As experiências, as iniciativas, as reivindicações e as lutas serão apresentadas durante este Fórum”, diz a carta de apresentação do FSM 2015.
Mais de 60 mil pessoas devem participar das atividades programadas. Centenas delas fazem parte da delegação brasileira, que terá atividades autogestionadas todos os dias. Entre elas, uma conversa sobre a luta palestina ocorre na manhã desta quarta-feira (25). À tarde um diálogo sobre a participação social terá a presença da ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ideli Salvatti; e do professor Boaventura Souza Santos, da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS).
Com a proposta de denunciar as consequências do agronegócio, defender a soberania alimentar e apresentar a luta dos camponeses, a Via Campesina – organização que reúne movimentos do campo de todo o mundo – também terá atividades e discussões durante a programação do Fórum. A Tunísia praticamente não tem movimento camponês organizado. Ainda nesta quarta-feira, estão programados três debates sobre o papel da entidade na defesa dos direitos dos camponeses e recuperação dos sistemas alimentares locais e sobre a realidade dos agricultores hoje no mundo.
Mídia Livre
Paralelamente ao FSM 2015, o Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) começou no domingo (22) e reuniu centenas de comunicadores e representantes de movimentos sociais na Universidade El Manar.
Preocupados com a construção de uma mídia mais democrática, a atividade é um “espaço de trocas de experiências e organização da luta em defesa de uma nova narrativa contra hegemônica”, explica Renata Mieli, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Segundo ela, um dos objetivos do encontro é a aprovação da Carta Mundial da Mídia Livre, com princípios e ações estratégicas, que já vinha sendo construída de forma colaborativa pelas entidades participantes. “Houve novas contribuições à carta e ela será sistematizada e lançada na Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação, no final do Fórum [sábado (28)]”, disse.