COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O depoimento do bispo Dom Tomás Balduino, 91 anos, uma das lideranças religiosas que apoiou as lutas de camponeses e indígenas em Goiás, fundador do Conselho Indigenista Missionário (1972) e da Comissão Pastoral da Terra (1975), foi colhido nessa quarta-feira (12/03), em Goiânia, pelo grupo de trabalho “O papel das Igrejas durante a ditadura”, da Comissão Nacional da Verdade.

 

(Comissão Nacional da Verdade)

 

Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922, filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de Felicidade de Sousa Ortiz, paulista. Seu nome de batismo é Paulo Balduino de Sousa Décio. Foi o último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres. Ao se tornar religioso dominicano recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume.

 

Segundo ele, “o Golpe foi dado não unicamente derrubando o Estado democrático, mas, como diz, José de Souza Martins, foi dado contra os trabalhadores rurais porque eles achavam que o comunismo vinha por meio dos trabalhadores rurais. Trombas e Formoso*, Ligas, são sinais dessa repressão contra os camponeses.”

 

“O Golpe foi feito por estrategistas, não eram bobos. Atacaram pontos nevrálgicos. Primeiro atacaram as organizações de lavradores, mas, também, as lideranças dentro das igrejas. Os bispos eram perturbados, achacados. Dom Luiz Fernandes dos Santos, dom Paulo Evaristo, dom Fragoso, Pedro Casaldáliga, nem se fala, sobre ele se concentraram os gaviões da ditadura, para acabar com tudo.”

 

Na Diocese de Goiás, dom Tomás impulsionou o novo espírito do Concílio Ecumênico Vaticano II e de Medellín (1968). Atuou no espírito da opção pelos pobres e lavradores se reuniam no Centro de Treinamento, onde dom Tomás morava, para definir suas formas de organização e suas estratégias de luta.

 

A atuação dele provocou a ira do governo militar e dos latifundiários que perseguiram e assassinaram algumas lideranças dos trabalhadores. Em julho de 1976, dom Tomás foi ao sepultamento do padre Rodolfo Lunkenbein e do índio Simão Bororo, assassinados por jagunços na aldeia de Merure, Mato Grosso. Em sua agenda havia outra atividade prevista. Soube depois, por um jornalista, que durante essa atividade estava sendo preparado um atentado para eliminá-lo.

 

Dom Tomás Balduino foi ouvido pelo pesquisador da CNV Jorge Atílio Iulianelli. Em julho de 2012, dom Tomás participou da primeira audiência pública da CNV, em Goiânia.

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline