O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) celebra no dia 14 de dezembro, às 19 horas, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados/MS, a formatura do primeiro grupo de Licenciatura em Ciências Sociais no Brasil, sendo também o primeiro no ensino superior em Mato Grosso do Sul, através do referido processo.
O PRONERA é desenvolvido a nível nacional pelo Governo Federal com o método de parcerias entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e universidades estaduais e federais, entidades e organizações sociais que atuam no campo como, por exemplo, o MST, CPT, MMC, Fetagri, escolas agrícolas e outras associações. Foi uma conquista dos movimentos de trabalhadores do campo com o objetivo inicial de lutar pela alfabetização e escolarização nos assentamentos da reforma agrária.
A cerimônia desta sexta-feira na UFGD significa para muitos trabalhadores e trabalhadoras do campo de MS a culminação do processo mais alto até agora na escolarização formal dos trabalhadores rurais assentados, pois, cumpriram com o desafio de terminar o ensino superior. Para chegar à formatura em Ciências Sociais, os 56 acadêmicos passaram por processos de escolarização, capacitação pedagógica, foram multiplicadores e alguns ainda se iniciaram com a alfabetização.
“Despertamos nossos pensamentos adormecidos”
O curso pensado e voltado para a realidade dos assentamentos da reforma agrária, e que hoje celebrará a formatura e o sonho de muitas camponesas e muitos camponeses, durou quatro anos e meio.
“Esperamos que o mesmo viesse a contribuir, despertar nossos pensamentos adormecidos, pois, como diz Marx só o conhecimento liberta”, diz com a felicidade estampada no rosto Rosangela Fátima Correia Ávila, mãe de três filhos, agricultora e assentada. Indicou também que para todos os formandos significa uma conquista, não apenas pessoal senão fundamentalmente das organizações populares do campo e de muitas pessoas das universidades que lutaram para que o curso fosse implementado durante dois anos.
“Hoje sou uma pessoa conhecedora de seus direitos e ao mesmo tempo posso contribuir de forma voluntária com aqueles menos informados. É preciso que venham outros cursos; a CPT também faz parte desta história”, acrescentou a novel cientista social.
“Somos vitoriosos num espaço que foi negado”
Muitas camponesas e camponeses ficaram sem alfabetização, escolarização e capacitação não porque quiseram, mas porque não tiveram oportunidade. “Infelizmente o conhecimento não é um direito de todos, pelo menos não na sua plenitude. Creio que após esse curso os assentamentos de onde vieram esses companheiros e companheiras jamais serão os mesmos”, assinalou Rosângela. Significou finalmente que “o conhecimento é a arma mais eficaz para a luta da classe trabalhadora e a prova está aqui; nós somos vitoriosos num espaço que historicamente foi negado”.
Fonte: CPT/MS