Os movimentos sociais do campo, sindicados e entidades de Alagoas lançaram nesta segunda-feira (10) a Campanha “Não Passarão! Campanha em Defesa da Reforma Agrária e contra os despejos de famílias Sem Terra”. Além de cobrar a execução da Reforma Agrária como ordena a Constituição, a campanha tem por objetivo denunciar a mão violenta do latifúndio tanto pela perspectiva da pistolagem e crimes de mando, como na perspectiva da violência institucional, sob o amparo do estado.
Da Página do MST
O lançamento da campanha ocorre no acampamento São José, Povoado Ouricuri, Atalaia (AL), com um café da manhã às 9h. A fazenda onde acontece o lançamento, palco de disputa entre Sem Terra e latifundiário, foi assassinado o Sem Terra Jaelson Melquíades em 29 de novembro de 2005. Até hoje o crime continua impune e as famílias que vivem na área sofrem nova ameaça de despejo.
Série de despejos
Desde 2010, uma série de famílias de diversos acampamentos no estado estão sob ameaça de reintegrações de posse emitidas pelo poder judiciário. “O mesmo Estado que legou a miséria à milhares de famílias, não resolvendo histórica e estruturalmente seus problemas, agora mostra sua disposição em enviar tropas para reintegrar a posse de fazendas em nome do latifúndio”, avalia Débora Nunes, do MST.
Quatro destas áreas são emblemáticas, a exemplo do caso do acampamento São José, na fazenda São Sebastião (parte integrante da massa falida da antiga Usina Ouricuri), que mesmo abrigando conflito por terra há mais de oito anos, foi cedida por uso capião para os atuais posseiros. Além desta, outras áreas emblemáticas também são lembradas na campanha: fazenda Bota Velha, São Simeão (sede) e Cavaleiro, todas no município de Murici.
Segundo dados do próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a concentração de terra tem aumentado nos últimos anos no país, sendo Alagoas o estado com a maior concentração de terras da federação. “Isso é o retrato de uma colonização secular levada a ferro por famílias que se mantém na posse das mesmas terras e se sucedem no poder político, sugando a máquina pública para seus interesses de lucro e legando à população alagoana o usufruto das migalhas do latifúndio da cana-de-açúcar”, acusa Débora.
Participam da campanha a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), o MST, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal), Sindicato dos Urbanitários, a Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos) e um conjunto de organizações da sociedade civil no campo e na cidade.